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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

A Verdadeira Alegria e o Sentido da Vida

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Thomas Lieth
Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer” (Ec 12.1).
Paulo nos conclama em Filipenses 4.4: “Alegrai-vos sempre no Senhor; mais uma vez vos digo: alegrai-vos!”. Essa alegria verdadeira, não passageira, constante e permanente, está fundamentada na fé na ressurreição de Jesus Cristo. É claro que existe uma diferença gritante entre as alegrias do homem ímpio e a alegria de alguém que crê em Jesus Cristo. O livro de Eclesiastes, que fala repetidamente no gozo da vida, nos exorta a pensar que Deus vai chamar cada um de nós à responsabilidade. “Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá contas” (Ec 11.9).
Como o Senhor vai exigir prestação de contas de tudo o que fazemos, deveríamos sentir um grande e profundo temor a Deus. Podemos e devemos nos alegrar em nossa juventude. Podemos ser felizes e devemos nos alegrar até quando ficarmos velhos. Podemos e devemos curtir a vida. Mas Deus nos cobrará satisfação de tudo! Essa prestação de contas a Deus não deveria diminuir nossa alegria. Deveria torná-la mais profunda e ainda mais significativa. Deveria nos estimular a buscar a alegria verdadeira, real e perene. Encontramos essa alegria legítima unicamente no Senhor.
Olhando a natureza, percebemos que Deus tem por princípio nos proporcionar alegria. A natureza é cheia de beleza e encanto. Deus nos equipou, por exemplo, para sentirmos o sabor dos alimentos. Por que será? Se a comida servisse apenas para não morrermos de fome, esse sentido seria completamente supérfluo. Deus nos deu o sentido do sabor para nos deliciarmos com o que comemos, para termos prazer com os alimentos que Ele nos dá. Ele nos concedeu o sentido do olfato para percebermos o perfume das flores. Deu-nos o tato para sentir o carinho de um toque afetuoso. A Criação toda é cheia de fontes de alegria. Parece feita para proporcionar alegria aos homens. Infelizmente, o pecado entrou no mundo e deixou para trás apenas uma cópia barata do que Deus havia planejado originalmente para suas criaturas. Como será glorioso quando Deus nos reconduzir de volta às nossas origens, de volta aos Seus planos originais!
A Bíblia, e com ela o próprio Deus, quer nos conduzir à alegria, uma alegria sem egoísmo, uma alegria que não se regozija quando o outro passa mal, que não nutre inveja nem ciúmes. Essa alegria verdadeira não se mantém à custa dos outros, não despreza a Deus mas, antes de tudo, se alegra no Senhor. Essa alegria dos filhos de Deus alegra o coração do Senhor e os corações dos que estão ao redor deles. Essa alegria que vem de um coração sincero, limpo e puro é uma alegria que o homem natural é completamente incapaz de ter. Por isso, Paulo disse aos cristãos daquela época: “Alegrem-se no Senhor!”. E essa ordem continua válida!
Essa alegria que vem de um coração sincero, limpo e puro é uma alegria que o homem natural é completamente incapaz de ter.
Tudo o que os homens fazem, deixam de fazer, sentem ou deixam de sentir está permeado pelo pecado. Mesmo nossas boas obras estão maculadas pelo mal se não forem inteiramente feitas em Jesus Cristo, exclusivamente por amor a Ele. Não basta dizer que cremos na Pessoa de Jesus. Muitos fazem isso, mas pensam em um Jesus meio mitológico, um bom exemplo de homem santo ou um milagreiro poderoso. Mas a fé verdadeira, aquela fé que produz a alegria que não vai embora mesmo quando vêm as lutas, quando nossa vida é sacudida e chacoalhada, é a fé baseada na ressurreição de Jesus Cristo. Para ter a alegria legítima que a Bíblia ensina é preciso crer em Jesus, e crer que Ele está vivo!
Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram” (1 Co 15.14,17-18). Em outras palavras, se Jesus Cristo não ressuscitou de verdade, então a nossa fé cristã é o maior logro. Sem a ressurreição de Jesus Cristo não teria havido nunca o perdão dos nossos pecados. Se você acredita em um Jesus histórico, apenas crê que Ele fez milagres e chegou a morrer no Calvário, se você somente crê que Jesus foi uma pessoa especial, um homem bom, talvez até com atributos divinos, e mesmo que você siga Seu exemplo de vida, molde sua vida aos valores que Ele ensinou, pratique o bem, ajude o seu próximo e baseie sua moral e sua ética superiores nos ensinamentos de Jesus, se você não crer na ressurreição literal dEle e não acreditar que Ele realmente ressurgiu de entre os mortos, tudo que você fizer não terá valor algum. Aos olhos de Deus, suas boas obras não serão apenas supérfluas; serão erradas e más! Deus não se interessa nem um pouco se você fez coisas maravilhosas, se você teve muitas realizações na vida, salvou animais, fez pão para os pobres, ajudou as velhinhas a atravessar a rua ou trocou muitas fraldas de bebês. Sem crer em Jesus Cristo e em Sua ressurreição dentre os mortos, todo o seu ativismo não serve para nada. Tudo o que você fez é tão inútil como levar uma pá de areia ao deserto do Saara. No final, você será um descrente crédulo sem encontrar a verdadeira felicidade.
Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1 Co 15.19). Muita gente tem fé, mas é uma fé limitada a este mundo e às coisas desta vida. Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, quer que entendamos que nossa fé precisa, antes de tudo, estar centrada e embasada na ressurreição. Essa será uma fé ancorada na eternidade. Essa fé é a fonte da alegria genuína e pura, verdadeira e real, que não passa nunca e que dá sentido à vida. Se a fé em Jesus se limitasse a esta vida, teríamos de nos perguntar que proveito ela nos traz. Os cristãos, em geral, passam pelos mesmos problemas que os ateus ou pessoas de outras crenças. Crentes em Jesus também adoecem e morrem. Se eu me deitar por uma hora no sol intenso, terei uma insolação igual a qualquer descrente. Se cair numa poça de lama me sujarei como qualquer hindu. Cristãos que não acreditam numa ressurreição real, que aconteceu de fato, são pobres miseráveis e sua fé é morta. Não têm motivo para se alegrar.
Em Eclesiastes 11.10-12.8 Salomão nos dá o conselho de nos mantermos longe de tudo o que é mau e que traz tristeza ao nosso coração, pois tudo seria vaidade. Ele nos incentiva a pensar em Deus nos dias da nossa mocidade, antes que venham os dias maus que não nos agradam. Esses dias maus são descritos por meio de diversas imagens e ilustrações que exemplificam o processo de envelhecimento até chegar à morte. Portanto, não basta saber que existe um Deus. Eu preciso de um Salvador! Preciso aceitá-lO como meu Salvador e Senhor. Saber, apenas saber, não basta. Se eu souber que um banco de praça foi recém-pintado e me sentar nele, ficarei sujo de tinta. Saber é importante, mas o mais importante é agir de acordo com o que sabemos. Devo conhecer a Deus e agradar a Ele, vivendo do jeito que Ele aprova. Todo o livro de Eclesiastes mostra sem rodeios que uma vida, da juventude à velhice, que tem somente a perspectiva terrena é uma vida sem sentido. Não importa a sabedoria, a riqueza, a felicidade, a beleza ou o prazer - tudo é passageiro, tudo é vão. Quando alguém parte desta terra não leva nada disso consigo. Tudo fica para trás. Salomão, obviamente inspirado por Deus, nos alerta a vivermos uma vida com Deus enquanto ainda somos jovens, começando o mais cedo possível. Pois quanto mais esperamos, mais difícil será! Quanto mais velha a pessoa vai ficando sem ser nascida de novo, mais endurecido torna-se seu coração.
O resumo de tudo é o temor a Deus. Tudo que importa e que traz a verdadeira felicidade é temer ao Senhor Deus! “De tudo que se tem ouvido, a suma é: teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem” (Ec 12.13). “Bom é que retenhas isto e também daquilo não retires a mão; pois quem teme a Deus de tudo isto sai ileso” (Ec 7.18).
Satan
O que significa temer a Deus? Para cristãos, não para aqueles apenas nominais, mas para os verdadeiros renascidos que seguem a Jesus sem questionar, só existe um tipo de temor. Vejamos:
Sabemos que não precisamos temer aos homens.
Romanos 8.31-39 é um texto maravilhoso sobre o temor a Deus, que devemos ter, e o temor aos homens, que não precisamos nem devemos ter: “Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais do que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do provir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”. O amor de Deus está em Cristo, e Cristo está vivo!
Não precisamos temer a Satanás, pois nosso Salvador Jesus o venceu! Na cruz do Calvário tomou dele todo o seu poder sobre nós.
Para nós, cristãos, só existe um único temor, que é o temor a Deus. Temor no sentido de honrar a Ele, sabendo de Sua santidade, pureza e justiça. Temor a Deus é um temor sábio, o primeiro passo para o caminho certo, que conduz para o alvo, e o alvo é Cristo! Com o verdadeiro temor em nossos corações poderemos chegar diante do Senhor (veja Pv 1.7). Esse é o temor que leva à alegria e que dá sentido à vida! (Thomas Lieth — Chamada.com.br)

A Habitual Batalha Contra a Amargura (1)

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por Eric Davis

É inevitável. As pessoas vão nos machucar. Até mesmo aquelas próximas a você. Na verdade, talvez especialmente aquelas próximas a você.
Com cada ferida, há o potencial para despertar o monstro da amargura. Ele tem um sono leve. E ele é mais inteligente do que pensamos. Até uma pequena briga no relacionamento é suficiente para despertá-lo para a ação. Não devemos subestimá-lo.
Amargura: ferida causada tanto por ofensa real ou apenas aparente, que passa sem ser checada, e é permitida a continuar devido à falha de aplicação dos princípios bíblicos e meditação sobre a ofensa, resultando em ódio e ressentimento.
Amargura é a cura rápida da carne. Lidar biblicamente com o conflito e com as feridas se torna muito trabalhoso. Então, como um traficante espiritual, amargura oferece uma rápida sensação de “estar alto”. Mas, apesar de ela oferecer isso por um momento, ela te destroi com o tempo.
Com certeza, feridas reais ocorrem muito mais do que frequentemente por meio de atrocidades como abuso e atos criminosos. Nesses casos, a luta contra a amargura pode ser torturante. Até mesmo e especialmente nesses casos, Deus estende sua confortante e transformadora graça para a maior ferida da vida. (Gn 50:20)
Mas frequentemente, amargura se desliza e é semeada em milhares de momentos menores e em lutas na nossa vida habitual. Por essa razão, devemos estar em guarda. Cristão, temos que resistir a isso. E nos arrepender. A amargura é uma assassina.
Aqui estão algumas poucas maneiras que me ajudaram em minhas próprias batalhas contra a amargura:
  1. Não subestime o poder da amargura
Me assusta quão facilmente a amargura invade o meu coração. E igualmente assustador é a quantidade de pessoas que em suas lutas da vida diária dizem: “Ah, eu não estou amargurado, eu só estou tendo um pouco de dificuldade”. Nenhum de nós está acima disso.
E eu acho que nós pastores estamos especialmente sujeitos a isso, porque nós estamos, por chamado e mandamento, muito envolvidos em relacionamentos. Ah, e assim como  todo mundo, somos pecadores.
Se você é parecido comigo em algumas situações, nós vamos dizer, “Eu não estou amargurado, só estou tendo um pouco de dificuldade”. Talvez. No entanto, “um pouco de dificuldade” no surgimento de um conflito relacional é geralmente amargura residual. E, mesmo se tivermos aceitado um pedido de desculpas ou tivessemos prometido perdão, é possível que a amargura ainda esteja em nosso meio.
Sinais óbvios da amargura incluem odiar alguém em nossos corações, difamações, vingança, e injustamente cortar alguém de seus relacionamentos. Considere  diagnosticar a possibilidade de menos amargura. Você continua insistindo com a pessoa/incidente de um jeito desfavorável? Você usou a pessoa ou incidente contra ela? Você levantou o assunto sobre a pessoa/incidente para outros que não precisavam saber dos detalhes? Você, de forma quieta, teve prazer em como as pessoas tomaram o seu lado da questão contra o outro? Você está permitindo desnecessariamente que esse incidente continue entre o seu relacionamento com a pessoa? Você está considerando abandonar essa pessoa? Se sim, a amargura deve ter começado a infiltrar seu coração.
E fique atento àqueles ringues mentais que gostamos de criar. Apesar do prazer rápido e fácil que eles podem fornecer, a prática de corajosamente vencer discussões com as pessoas em nossas próprias mentes alimenta o nosso fariseu interior e o monstro da auto-justiça. Por que estamos fazendo isso? Essa é uma maneira pela qual nós podemos, verbalmente, colocar o pescoço do nosso inimigo sob os nossos pés. Estamos com amargura.
Nós fazemos bem em orar como Davi, “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” (Salmo 139.23-24)
  1. Mantenha aquela hora silenciosa da manhã
Eu digo “da manhã” porque quando estamos em batalha contra a amargura, a luta pelo pensamento bíblico pode começar mesmo antes do nosso pé tocar o chão.
E, já que a amargura é largamente uma batalha para o coração, bombardeá-lo com bondade, graça e glória de Deus no começar de cada dia ser mostrará uma técnica efetiva na batalha. “Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles não há tropeço” (Salmo 119.165)
E nessa hora silenciosa, nós podemos substituir a amargura contra uma pessoa por amor em oração bíblica por ela.
  1. Lute por uma visão precisa e elevada de Deus
Nossa amargura pessoal está muito mais relacionada a Deus do que às pessoas. Certamente, pecados cometidos contra nós são reais e incômodos. No entanto, Deus nos equipou com todas as coisas necessárias para vida e piedade, inclusive aquelas necessárias contra o pecado da amargura. A maior destas coisas é, com certeza, Ele mesmo.
Confiando na soberania de Deus quando tentado pela amargura, temos esperança nEle. Relembrando da bondade de Deus, nós descansamos nEle. Abraçando a disciplina de Deus, nós crescemos nEle. Lembrando da santidade de Deus, nos conformamos a Ele. Visando a glória de Deus, nos alinhamos com Ele. Especialmente na batalha contra a amargura, quando nós lutamos para ter uma visão mais correta e exaltada de Deus, teremos menos espaço para ficar ofendidos com o que “fulaninho” fez ou disse.
  1. Negue-se a se separar do corpo de Cristo
É sempre muito mais fácil apertar o botão de ejetar nas discussões sobre relacionamento. Você não tem que lidar com isso. Sem mais preocupações sobre “O que eu vou falar quando eu encontrar com eles?”. O fator de “bizarrice” se foi. “Vou achar uma igreja diferente ou grupo familiar ou cidade”. Isso tudo é simplesmente tão fácil. E esse é o problema.
Porém, se separar desses irmãos e irmãs em Cristo é provavelmente o que Satanás e sua carne estão tentando fazer. Dividir e conquistar.
Mas é por isso que existem não menos do que 40 “uns aos outros”. Deus deseja que nós fiquemos juntos, encaremos o sentimento de estranheza e verdadeiramente conversemos com as pessoas diretamente, provavelmente quebrando os nossos egos mais algumas vezes e lidando com isso. E Ele deseja isso porque Ele nos ama. A amargura irá nos matar. Ela tira glória de Deus e abre a porta para milhares de outros pecados e miséria. “O solitário busca o seu próprio interesse e insurge-se contra a verdadeira sabedoria.” (Pv. 18.1)
Ir pelo caminho de continuar na igreja local como Deus ordena é a coisa mais difícil. É por isso que é a melhor coisa. Se nós formos obedientes e continuarmos conectados de forma sincera, isso será tanto o hospital para curar nosso ensimesmamento quanto para provarmos a base para o amor real.

Traduzido por Fernanda Vilela | Reforma21.org | Original aqui
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domingo, 19 de novembro de 2017

Nós somos uma alma ou possuímos uma?



Lucas Banzoli

I–Conceitos com relação à alma

Dualismo – A visão do ser humano no contexto imortalista é que este possui uma natureza dualista, isto é, tem um corpo e possui uma alma [nephesh, no hebraico, psiquê, no grego], que seria imortal e estaria presa dentro do corpo e que é liberta por ocasião da morte deste, indo imediatamente para o Céu ou para o inferno, durante toda a eternidade. Na ressurreição, apenas o corpo morto ressuscita, pois a alma imortal já está lá, liberta do corpo, há muito tempo, religando-se a este por ocasião da ressurreição dos mortos que se dá no momento da segunda vinda de Cristo (cf. 1Co.15:22,23).

Essa é a visão dualista da natureza humana, de imortalidade da alma. Noutras palavras, você é uma pessoa que tem outra “pessoa” dentro de você. A visão tricotomista do ser humano ensina o mesmo contraste dualista de corpo e alma e prega que nós somos um espírito, possuímos uma alma e moramos em um corpo. Portanto, ambas as visões – dualista e tricotomista – serão refutadas da mesma forma, visto que possuem os mesmos conceitos básicos sobre a constituição da natureza humana.

Holismo – O conceito holista da natureza humana prega, ao contrário da imortalidade, que o ser humano não tem uma alma: ele é uma alma. Ele vive como uma alma, ele morre como uma alma. Uma alma vivente significa apenas um “ser vivo”. Nós não temos uma alma imortal presa dentro do nosso corpo que é liberta por ocasião da morte. A morte é o último inimigo a ser vencido (pelo fator “ressurreição”), e não o libertador da “alma imortal” (cf. 1Co.15:26). Pessoas morrem, pessoas ressuscitam.

Corpo, alma e espírito são características da mesma pessoa e não pessoas separadas. O espírito é o princípio ativador da vida, é aquilo que dá animação ao corpo, é o sopro de Deus por meio do qual respiramos e somos seres (almas) viventes. É esse o simplismo bíblico sobre a criação da natureza humana, que elimina os complexos malabarismos propostos por Platão em sua tese sobre a natureza dualista e a sobrevivência da alma após a morte em um estado consciente.


II–Qual é o conceito correto?

“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem tornou-se uma alma vivente” (cf. Gênesis 2:7)

Eis aí a passagem bíblica acerca da criação do ser humano, que nos dá um perfeito entendimento dos conceitos bíblicos de corpo, alma e espírito. É aqui que entra em cena algo muito desconhecido pela maioria das pessoas: biblicamente, o homem não tem uma alma, ele é uma alma. Ele “TORNOU-SE” uma alma e não “obteve” uma!  A alma é o que o homem passou a ser, e não o que ele obteve de Deus. O corpo é a alma em sua forma exterior. A ideia hebraica de personalidade é a de um corpo animado pelo fôlego de vida (espírito) que alimenta o corpo, e não de uma alma presa dentro deste corpo. Assim, podemos entender que:

“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra [corpo], e soprou em suas narinas o fôlego de vida [espírito], e o homem tornou-se uma alma vivente [alma]” (cf. Gênesis 2:7 – grifo meu)

A passagem bíblica que relata a criação do ser humano também nos deixa um sentido claro de corpo, alma e espírito. Nenhum é um elemento que Deus implantou no homem, imaterial e imortal, que saia dele após a morte, com consciência e personalidade. O espírito é tão somente o fôlego de vida que Deus soprou em nós e que o possuímos pela duração de nossas vidas terrenas. Nós permanecemos com este fôlego que nos concede respiração para continuarmos vivos durante a nossa existência terrestre, mas, quando este sopro se vai, as “almas viventes” tornam-se “almas mortas”.

O que retorna a Deus é o princípio de vida que ele soprou em nós a fim de conceder animação ao corpo formado do pó, e não uma alma imortal. Este princípio animador da vida é possuído tanto por homens como por animais (cf. Gn.6:17; Gn.7:21,22; Ec.3:19,20; Gn.7:15; Sl.104:29). Este princípio é garantido tanto aos seres humanos quanto aos animais pela duração de sua existência terrena. A alma, no conceito bíblico, é que o ser humano “tornou-se” e não “obteve”. Deus não colocou uma alma no homem. Por isso mesmo, morrendo o homem, morre a alma (cf. Nm.31:19; 35:15,30; Js.20:3, 9; Gn.37:21; Dt.19:6, 11; Jr.40:14, 15; Jz.16:30; Nm.23:10; Ez.18:4; Ez.18:21).

Já a visão dualista em sua totalidade defende que o sopro de vida que Deus soprou em nossas narinas é a própria alma imortal implantada no ser humano. Sendo assim, o sopro de Deus em nossas narinas é o espírito (alma) imortal implantado nele, totalmente independente do corpo, preso dentro dele e liberto após a morte, com consciência e personalidade. Sendo assim, a narrativa de Gênesis 2:7 deveria ser entendida da seguinte maneira:

“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra [corpo], e soprou em suas narinas o fôlego de vida [espírito/alma imortal], e o homem tornou-se uma alma vivente” (cf. Gênesis 2:7 – grifo meu)

Essa é, contudo, uma interpretação tendenciosa que deturpa completamente a clareza do texto bíblico. Não é necessário ser nenhum grande teólogo para perceber que tal interpretação é inválida pelo fato que adultera os sentidos primários de corpo, alma e espírito, que são deixados de maneira bem clara na narrativa da criação da natureza humana em Gênesis 2:7. Além de ignorar o fato de que a primeira vez que alma [nephesh] é mencionada na Bíblia é relacionado ao próprio ser humano como um todo, tornando-se uma alma e não obtendo uma, também altera nephesh para o meio do versículo quando na realidade ela é claramente relacionada ao final deste. Tudo não passa de uma completa manipulação bíblica textual.

A passagem da criação do homem coloca nephesh no fim do verso, e não no meio como querem os imortalistas. A alma é o que o homem “tornou-se”; o “espírito” é o que foi soprado nele para dar animação ao corpo formado do pó. Pelo fato de Deus não ter revelado a Moisés uma realidade dualista do ser humano, este narra simplesmente o princípio animador da vida dando animação a uma “alma vivente”. Esse total simplismo bíblico nega inteiramente que a natureza humana seja dualista, composta por uma alma imortal e por um corpo mortal. A revelação de Deus a Moisés incluiu apenas um corpo proveniente do pó tornando-se animado, sem qualquer tipo de alma sendo ingerida dentro da substância corporal para lhe conceder imortalidade.

Com a implantação do sopro de Deus em nossas narinas, o homem tornou-se uma “alma vivente”, e não uma “alma imortal”! Ora, se a interpretação correta fosse a dualista, então a sequência imediata de tal passagem seria que o homem tornou-se (ou melhor, “obteve”) uma “alma imortal”, “imaterial”, pois o termo “alma vivente” após a implantação do espírito-ruach implica que pode se tornar “alma morta” após a retirada do espírito-ruach. Isso é somente lógica.

Quando a Bíblia diz que em resultado do sopro divino “o homem tornou-se uma alma vivente”, ela está dizendo apenas que o corpo formado literalmente do pó da terra ganhou animação e se fez um ser vivo, que respira – nada além disso. O sangue (vitalidade da alma – cf. Lv.17:11; Gn.9:4,5) começou a circular, o cérebro começou a raciocinar e o coração a bater, com todos os sinais ativados. O homem tornou-se uma “alma vivente”, ou seja, ou ser vivo, que deixa de existir na morte e volta à existência na ressurreição gloriosa.

Não houve um componente imaterial e imortal colocado no ser humano. Declarado em termos simples, “uma alma vivente” significa “um ser vivo”, e não “uma alma imortal”! Evidentemente a alma é considerada “vivente” enquanto vive, passando a ser “alma morta” por ocasião da retirada do fôlego de vida [espírito] no falecimento. Uma alma vivente significa simplesmente um ser vivo, que morre. Alma é vista como a natureza humana como um todo, e não como uma parte do ser humano separada do corpo e presa dentro deste.

A forte tentativa de ignorar o simplismo bíblico no relato da criação humana não provém de alguma razão teológica (de fato, os imortalistas fazem de tudo para colocar uma “alma imortal” no relato da criação onde não aparece nada disso), mas sim porque negam em aceitar o fato óbvio de que a narração da criação traz uma natureza holista e não dualista do ser humano. Isso, evidentemente, os faria negar a sua crença de que Deus tenha implantado no homem um elemento eterno lhe concedendo imortalidade, o que daria um fim na doutrina do “estado intermediário” e do tormento eterno.

Que nephesh não é o próprio espírito [ruach, no hebraico] implantado no ser humano com imortalidade e personalidade, isso fica muito bem claro na Bíblia Sagrada, embora sejam coerentes em alguns de seus sentidos secundários. A ignorância em aceitar o sentido claro de corpo, alma e espírito de acordo com a Bíblia segundo Gênesis 2:7 causa, além de adulterações no sentido do texto, uma confusão ainda maior para solucionar os problemas depois, por causa da interpretação tendenciosa e errônea por parte dos dualistas.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Essa é para você

Deem-lhes vocês algo para comer” (Lucas 9.13).
Ali estão eles sentados, os cinco mil. Ninguém pensa em sair dali, pois o Rabi, que eles chamam de Jesus de Nazaré, tem uma pregação poderosa. Com muita atenção eles ouvem suas palavras. Elas ressoam em seus corações com muito poder, pois ele lhes diz exatamente aquilo que eles estavam procurando: a mensagem do amor de Deus. Nunca antes eles tinham ouvido isso.
Numa outra ocasião, o Senhor Jesus reuniu os discípulos e disse:
Tenho compaixão desta multidão; já faz três dias que eles estão comigo e nada têm para comer. Se eu os mandar para casa com fome, vão desfalecer no caminho, porque alguns deles vieram de longe.” Marcos 8.2-3
Vieram de longe. E as provisões para a viagem já estavam há muito tempo consumidas. Sabemos a maneira maravilhosa pela qual o Senhor Jesus resolveu esse problema, naquela ocasião. Ele serviu pão até que todos estivessem satisfeitos. Que milagre grandioso! Que Senhor maravilhoso!
Agora eu gostaria de dirigir toda a sua atenção para esse maravilhoso e onipotente Senhor Jesus. Você se deu conta de que está tratando com o seu Salvador, cujo coração também está muito preocupado com a situação que você enfrenta no momento? Ele conhece todos os seus caminhos e sabe a respeito de cada hora da sua vida cotidiana tão árdua. Não se assuste diante das catastróficas notícias assustadoras e das crises! Não é o que deveria acontecer? O Senhor Jesus não anunciou isso já há muito tempo?
Em momento algum Deus consentiu que seus filhos se desesperassem amedrontados. Pelo contrário. É ele quem mantém o cetro do poder em mãos! Por isso, não tema, não se preocupe! Você perceberá que o Senhor, em sua plenitude, servirá “pão até que você fique satisfeito”. Os rios do Senhor têm água em abundância e suas fontes nunca secam. Assim, a sua alma é fortalecida com novas forças e com novo ânimo para vencer. A sua fé receberá um novo impulso fortalecedor.
Como o nosso Senhor Jesus é amoroso e sensível! Olhando para o povo fatigado, ele disse: “... alguns deles vieram de longe”. Quantos quilômetros eles caminharam com uma só ideia em mente: precisamos ver esse maravilhoso Rabi Jesus! Para Jesus não há alegria maior do que ver pessoas procurando por ele com sinceridade. Por isso a Bíblia diz: “Pois os olhos do Senhor estão atentos sobre toda a terra para fortalecer aqueles que lhe dedicam totalmente o coração” (2Crônicas 16.9).
O seu Salvador, que deu a vida por você, jamais o abandonará. Por isso, novamente dedique seu coração a ele. Afaste-se de tudo o que não agrada ao Senhor Jesus. Então a sua visão de fé ficará clara novamente e ele irá preenchê-lo com uma nova alegre expectativa. Então você poderá novamente chegar diante do trono da graça e lembrá-lo dessa maravilhosa promessa: “... o Pai celestial sabe que vocês precisam delas” (Mateus 6.32).
O que fazer com as preocupações? O que fazer com as perguntas não respondidas? O que fazer com o medo pela saúde, futuro, igreja, família e existência? O que fazer com toda a tristeza que tantas vezes nos assedia? Você bem sabe: “Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês” (1Pedro 5.7). Isso se refere também às “pontas de estoque” antigas e das amargas lembranças. Por isso, coloque tudo, mas tudo mesmo, sobre o seu Senhor e deixe por lá, de uma vez por todas! Querido(a) filho(a) de Deus, você pode contar com a afetuosa misericórdia do Senhor!
O seu Salvador, que deu a vida por você, jamais o abandonará.
Quantas vezes lembrei-me do fiel homem de Deus, Georg Müller, pai dos órfãos de Bristol. Sua confiança no seu Pai celestial era inegavelmente grande. Quando ele orava, colocava seu dedo em determinadas passagens da Bíblia. Não demorava, e havia um furo na folha da Bíblia.
Eu acho que nós falhamos em não lembrar suficientemente ao nosso Pai celestial sobre suas maravilhosas promessas. No entanto, ele fica honrado quando lhe dizemos, com esperança e fé sincera: “Pai, tu o disseste!”.
Não, Deus não consegue mentir. Ele não consegue decepcionar aqueles que confiam tudo a ele. Tudo! Por isso, saia do porão da opressão. Seja ousado em andar na luz. O Senhor Jesus o iluminará. Ele aplainará os seus caminhos, de maneira que você possa caminhar com segurança.
Manfred Paul

http://www.chamada.com.br/meditacoes/amado_guiado_realizado/essa_e_para_voce.html
Manfred Paul é autor de muitos livros, folhetos e brochuras que foram distribuídos em mais de 30 países, encorajando milhões de pessoas. Casado há mais de 50 anos, tem 3 filhos e 10 netos. Foi Diretor e encarregado das missões da organização internacional Janz Team (agora TeachBeyond), em Lörrach, Alemanha. Por 24 anos foi evangelista e líder espiritual da missão Werner Heukelbach, onde pregou na Alemanha e no exterior. Também participou de transmissões de rádio em diversos países, como Alemanha, Rússia e Equador. Aos 76 anos, ele não pensa na bem merecida aposentadoria. Toda a sua vida está a serviço do Senhor Jesus Cristo.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A Fé desigrejada.



Vivemos tempos em que as mudanças são tantas que até neologismos precisam ser inventados para dar conta de apreender parte do que está acontecendo. Elas abarcam todas as áreas da vida e conhecimento e, para não ser exceção (ainda que alguns queiram que assim seja), também afetam as igrejas e a maneira como se tem pensado a fé e vivido a vida cristã.
É verdade que o anúncio e os ensinos feitos por Jesus foram uma revolução para o modelo engessado e hierárquico da religiosidade sacerdotal e templária. Quando Ele disse que iria destruir o templo, Ele o fez de forma concreta, mas alternativa, na afirmação feita à Samaritana. Diante da pergunta por ela feita se o lugar certo para adorar a Deus era no monte em Samaria ou no Templo em Jerusalém, Jesus deu a resposta: “vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. Com isto Ele destronava o local geográfico da adoração e o colocava na atitude do adorador.
Esta Sua colocação, ao que tudo indica, não foi compreendida pelos apóstolos, uma vez que Pedro, Tiago e outros, se reuniam no templo e faziam do cristianismo uma extensão ou reforma ao judaísmo. O cristianismo primitivo (talvez o correto seja dizer de cristianismo primitivos, porque houve muitas formas de se entender e viver a fé), de uma postura orgânica e não-institucional, sentiu a necessidade de, aos poucos, ir elaborando suas crenças e sistematiza-las. Os grandes embates nos primeiros séculos foram no sentido da afirmação da fé genuína e a condenação das heresias.
Com isto, a igreja se institucionalizou, fortaleceu e afirmou a “verdade” e condenou as “heresias”. Verdade era o que a instituição afirmava. Heresia o que os alternativos diziam. Era a verdade do poder eclesial.
Com a reforma houve uma verdade alternativa, também institucionalizada nas igrejas reformadas e no poder de sistematização dos reformadores.
Este modelo se construiu e se sustentou nas igrejas reformadas na base do tripé: confissão de fé (condensado das afirmações da instituição), pregação monológica de um educado em teologia e disciplina dos que se aventuravam por caminhos não confessionais. Na Católica a base era a autoridade papal e episcopal, a celebração dos sacramentos e a aplicação da excomunhão.
Desde a Reforma as igrejas protestantes e históricas obedecem a este modelo. Com o advento das igrejas pentecostais, a pregação cedeu a preeminência para os testemunhos. Mesmo assim, o modelo monológico foi praticado à exaustão. A igreja é formada, então de “ouvintes” e não de participantes. Uma igreja de uma boca e muitas orelhas!
Este modelo vem ruindo com a nova geração, mais afeita às redes sociais e à possibilidade de dar a opinião. Os pastores engravatados estão perdendo autoridade e influência para jovens que postam suas convicções nas redes sociais, sem nenhum compromisso com a história do pensamento cristão e com a lógica. A nova igreja se reúne nos Facebooks, Tweetes  e Youtubes, cada qual falando o que quiser, e com uma enxurrada de críticas, muitas ácidas. É o evangelho “segundo o que penso”. “Eu sou a verdade”.
Onde isto vai dar? É o que teólogos, estudiosos, cristãos com mais de 40 anos estão se perguntando. Seria um modelo de fé “desigrejada”, sem a comunhão com os outros?
Se alguém souber a resposta, por favor, me avise e compartilhe.

Marcos Inhauser
http://inhauser.blogspot.com.br/2017/09/a-fe-desigrejada.html?m=1