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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

A Bíblia do Mackenzie – “cuspindo no prato em que comeram”

por Wilson Porte Jr.





Cuspindo no prato em que comem! Esta é a melhor definição do que alguns jornalistas estão fazendo com a Universidade Mackenzie.
Esta expressão vem de um comentário de um jovem no site do Jornal O Estado de São Paulo (Estadão) que, na semana passada, postou um comentário no mínimo infeliz à prática de anos que o Mackenzie tem de doar Bíblias a alunos novos e formandos.
Já faz tempo que um grupo de pseudo-jornalistas vêm divulgando informações falaciosas e tendenciosas contra o Mackenzie e, sobretudo, contra o cristianismo. O pior é que esses caras são de grandes jornais, os “grandes bodes”, de nossa nação.
A última, e ridícula, diga-se de passagem, foi a tentativa de Carlos Lordelo (Estadão) de criticar a iniciativa da Universidade Presbiteriana Mackenzie de presentear os novos alunos com uma Bíblia, além de outras coisas. Seu artigo pode ser lido aqui.
Resumindo, a crítica de Lordelo é a seguinte: o Mackenzie é uma Universidade cristã que sustenta o direito de entregar Bíblias e divulgar a Igreja Presbiteriana do Brasil aos alunos da instituição. De modo sutil, Lordelo transcreve a informação que vem na Bíblia que diz que a Universidade é “cristã, fiel à cosmovisão reformada e, ao mesmo tempo, comprometida com um ensino de qualidade, em ambiente de liberdade acadêmica e ausência de discriminação”. Após isso, o cara entra no assunto da relação do Mackenzie com a PLC 122/2006 “cujo objetivo é criminalizar a homofobia”, segundo Lordelo, embora saibamos todos os que estamos acordados e sóbrios que o objetivo deste projeto de lei não é apenas criminalizar a homofobia, mas cercear tanto a liberdade de expressão quanto a liberdade de consciência!
O que este jornalista está fazendo é seguir parte da agenda gay na atualidade. Atacar tudo o que vá de encontro com suas prioridade, calar a boca de todo mundo e fazer com que o Brasil aceite a homossexualidade como algo bom e digno de honra. Como o Mackenzie se pronunciou quanto a esta lei, pronto, o Mackenzie, agora, deve ser alvo de nossos ataques. O texto de Lordelo é tendencioso e desonesto. O texto que ele diz que a universidade tirou do ar pode ser lido aqui. Esta é a posição oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil, e, por consequência, de uma de suas instituições, o Mackenzie. É, também, para qualquer cristão que seja digno deste nome, sua posição também. Não sou presbiteriano, mas como cristão, o que meus amigos e irmãos presbiterianos escreveram está em pleno acordo com aquilo que a Bíblia diz.
Se Lordelo e o Estadão tem a liberdade de escrever a besteira que escreveu é porque um dia alguém lutou para que houvesse liberdade de consciência e expressão em nossa nação. Qualquer historiador responsável e que não seja preguiçoso constatará na Reforma Protestante as bases para a liberdade de expressão, de consciência, de culto, etc. Antes da reforma o que havia? Trevas! Obscurantismo! Ignorância! A Bíblia, e seu poder de transformação, é que permitiu o começo da liberdade depois de séculos nas trevas (POST TENEBRAS LUX).
Não fosse Wilberforce, protestante inglês do século dezenove (cuja vida foi retratada recentemente no filme Jornada pela Liberdade), talvez ainda teríamos escravos “sustentando as economias das nações”. Após sua vitória na grande Inglaterra do séc. 19, o exemplo de Wilberforce e do fim da escravidão na Inglaterra foi seguido por vários países ao redor mundo, chegando, inclusive, ao Brasil em 13 de maio de 1888, Não fosse outro reformador, João Calvino, talvez ainda estaríamos no obscurantismo científico além de muito longe daquilo que hoje é chamado de democracia. Está claro que muitos são os fatores que contribuíram para o avanço das ciências modernas. Dentre eles, está o fator religioso que, inquestionavelmente, esteve envolvido. E é dentro desse fator que Calvino se destaca, tanto encorajando o estudo científico da natureza, quanto removendo obstáculos ‘religiosos’ que impediam o avanço das ciências naturais.
A imagem que hoje se tem de João Calvino, infelizmente não corresponde aos fatos. A imagem de um homem que não dava margem a nada que não fosse intolerância e biblicismo tem sido passada de maneira pouco cuidadosa. O professor R. Hooykaas, em sua obra A religião e o desenvolvimento da ciência moderna, diz que o preconceito cegou os historiógrafos.  O fato é que Calvino encorajou amplamente o estudo científico da natureza em seus dias. Não só ele, mas também em seus discípulos se vê o mesmo nos anos que seguem à morte do reformador genebrino. Em suas Institutas, Calvino diz:
Inumeráveis são, tanto no céu quanto na terra, as evidências que lhe atestam a mirífica sabedoria. Não apenas aquelas coisas mais recônditas, a cuja penetrante observação se destinam a astronomia, a medicina e toda a ciência natural, senão também aquelas que saltam à vista a qualquer um, ainda o mais inculto e ignorante, de sorte que nem mesmo podem abrir os olhos e já se vêem forçados a ser-lhes testemunhaalvino, portanto, aprova e confia em certa medida tanto na astronomia quanto na medicina. McGrath (Universidade de Oxford) afirma que, de fato, Calvino confessa nessas palavras das Institutas certo tipo de ciúmes daquelas ciências naturais. Isso, por elas serem capazes de provar de modo mais profundo (no mundo natural), e deste modo expor maiores evidências do método e da regularidade da criação, além da sabedoria de seu Criador. Sustenta-se, portanto, que Calvino deu um impulso religioso fundamental para a o desenvolvimento das ciências. Em seus dias, tais legitimações sobre a investigação da medicina e da astronomia, indubitavelmente desanuviaram o caminho para o avanço científico.
Portanto, se hoje uma Universidade divulga Bíblias a novos alunos e formandos, isso não se dá por fins proselitistas ou discriminatórios. Mas sim, por que é na Bíblia que nós, reformados, encontramos a luz e a liberdade. Coisa que está faltando a muitos “jornalistas” preguiçosos e pretensiosos hoje em dia.
Publicado originalmente no blog do Pr.Wilson Porte. Agradecemos por nos ceder o texto e sugerimos que você o visite :)
http://reforma21.org/artigos/a-biblia-do-mackenzie-cuspindo-no-prato-em-que-comeram.html

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domingo, 25 de dezembro de 2016

Perdido dentro da igreja

Referência: Lucas 15.25-32
INTRODUÇÃO
1. Jesus contou três parábolas sobre a alegria do encontro
a) A ovelha perdida que foi encontrada – O pastor chama a todos para se alegrarem.
b) A moeda perdida que foi encontrada – A mulher chama seus vizinhos para se alegrarem.
c) O filho perdido que voltou para casa – O pai oferece uma festa e se alegra. Nessas três parábolas a única pessoa que não está alegria e feliz é o irmão mais velho do pródigo.
2. No meio dessa festa do encontro, do resgate, da salvação há uma voz que destoa
O filho mais velho está triste, porque o Pai recebeu o filho pródigo com alegria.
O filho mais velho está irado, porque o Pai é misericordioso.
O filho mais velho está do lado de fora, enquanto o filho pródigo está dentro da Casa do Pai.
3. O perigo de se estar na Casa do Pai, dentro da Igreja e ainda estar perdido
Esse filho representou os escribas e fariseus que se consideravam santos e desprezavam os outros.
Esse filho representa aqueles que estão dentro da igreja, obedecendo a leis, cumprindo deveres, sem se enveredar pelos antros do pecado, pelos corredores escuros do mundo e ainda assim, estão perdidos.
Ilustração: O jovem rico – criado na sinagoga, cumpria os mandamentos, mas estava perdido.
I. VIVE DENTRO DA IGREJA, MAS DESOBEDECE OS DOIS PRINCIPAIS MANDAMENTOS
Jesus ensinou que os dois principais mandamentos da lei são amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a si mesmo. Esse filho quebrou esses dois mandamentos: ele nem amou Deus, representado pelo Pai e nem o seu irmão.
Ele não perdoou o Pai por haver recebido o filho pródigo, nem perdoou o irmão pelos seus erros.
Há pessoas que estão na igreja, mas não têm amor por Deus nem pelos perdidos. Estão na igreja, mas não amam os irmãos.
II. VIVE DENTRO DA IGREJA, MAS ESTÁ CONFIADO NA SUA PRÓPRIA JUSTIÇA
Ele era veloz para ver o pecado do seu irmão, mas não enxergava os seus próprios pecados. Ele era cáustico para condenar o irmão, enquanto via-se a si mesmo como o padrão da obediência.
Os fariseus definiam pecado em termos de ações exteriores e não atitudes íntimas. Eles eram orgulhosos de si mesmos. Como o profeta Jonas, esse filho mais velho obedecia ao Pai, mas não de coração. Ele trabalhava com intensidade, mas não por amor.
III. VIVE DENTRO DA IGREJA, MAS NÃO É LIVRE
Ele não vive como livre, mas como escravo. Sua religião é rígida. Ele obedece por medo ou para receber elogios. Faz as coisas certas com a motivação errada. Sua obediência não provém do coração.
Ele anda como um escravo (v. 29). O verbo é douleo = servir como escravo. Ele nunca entendeu o que é ser filho. Nunca usufruiu nem se deleitou no amor do Pai.
Ser crente para ele é um peso, um fardo, uma obrigação pesada. Ele vive sufocado, gemendo como um escravo.
Está na igreja, mas não tem prazer. Obedece, mas não com alegria. Está na Casa do Pai, mas vive como escravo.
IV. VIVE DENTRO DA IGREJA, MAS ESTÁ COM O CORAÇÃO CHEIO DE AMARGURA
1. Complexo de santidade X Rejeita os marginalizados – v. 29,30
Ele estava escorado orgulhosamente em sua religiosidade, arrotando uma santarronice discriminatória. Só ele presta; o pai e o irmão estão debaixo de suas acusações mais veementes.
Sua mágoa começa a vazar. Para ele quem erra não tem chance de se recuperar. No seu vocabulário não tem a palavra perdão. Na sua religião não existe a oportunidade de restauração.
2. Sente-se injustiçado pelo pai
Acusa o pai de ser injusto com ele, só porque perdoou o irmão. Na religião dele não havia espaço para a misericórdia, perdão e restauração.
Ele se achava mais merecedor que o outro. Sua religião estava fundamentada no mérito pessoal e não na graça. É a religião da lei, do legalismo e não graça nem da fé que opera pelo amor.
3. Ele não perdoa nem restaura o relacionamento com o irmão – v. 30
Ele não se refere ao pródigo como irmão, mas diz: “Esse teu filho”.
A Bíblia diz que “quem não ama a seu irmão até agora está nas trevas”.
Ele desconhece o amor. Ele vive mergulhado no ressentimento. Ele vê seu irmão como um rival.
4. O ódio que ele sente pelo irmão não é menos grave que o pecado de dissolução que o pródigo cometeu fora da igreja – Gl 5.19-21
A bíblia fala sobre três pecados na área da imoralidade e usa nove na área de mágoa, ressentimentos, ira.
A falta de amor é um pecado tão grave como o pecado da vida imoral e dissoluta.
5. O ressentimento o isolou do Pai e do irmão
Quando uma pessoa guarda ressentimento no coração pelo irmão que falhou, perde também a comunhão com o Pai.
Ele se recusa a entrar, fica fora da celebração. Mergulha-se num caudal de amargura.
Ele diz para o Pai: “Esse teu filho”. Mas o Pai o corrige e diz-lhe: “Esse teu irmão” (v. 30,31).
V. VIVE DENTRO DA IGREJA, NA PRESENÇA DO PAI, MAS ANDA COMO SOLITÁRIO – V. 31
Ele anda sem alegria, sem amor, sem prazer. Vive na Casa do Pai, mas sente-se escravo. Está na Casa do Pai, mas não tem comunhão com ele.
Quantos estão na igreja, mas nunca sentem o amor de Deus, a alegria da salvação, o prazer de pertencer a Jesus, a doçura do Espírito Santo. Vivem como órfãos: sozinhos, curtindo uma grande solidão e insatisfação dentro da Casa do Pai.
VI. VIVE DENTRO DA IGREJA, MAS NÃO SE SENTE DONO DO QUE É DO PAI – V. 31
1) Ele era rico, mas estava vivendo na miséria. Muitos hoje estão vivendo um cristianismo pobre. Vivem sem alegria, sem banquete, sem festa na alma, trabalhando, servindo, mas sem alegria;
2) Deus tem uma vida abundante – Jo 10.10;
3) Deus tem rios de água viva – Jo 7.38;
4) Deus tem as riquezas insondáveis do evangelho – Ef 3.14
5) Deus tem a suprema grandeza do seu poder – Ef 1.19
6) Deus tem a paz que excede todo o entendimento – Fp 4.7
7) Deus tem alegria indizível e cheia de glória – 1 Pe 1.8
8) Deus tem vida de delícias para a sua alma.
Esse filho não tem nenhum proveito na herança do Pai. Ele nunca fez uma festa. Nunca celebrou com seus amigos. Nem sequer um cabrito, ele comeu. Ele nunca saboreou as riquezas do Pai.
Ele não tem comunhão com o Pai: É como Absalão, está em Jerusalém, mas não pode fazer a face do Rei.
Ele está na igreja por obrigação. Ele não toma posse do que é seu.
Ilustração: o homem que fez um cruzeiro de Navio e levou o seu lanche. Vendo as pessoas comendo os pratos mais deliciosos, guardou dinheiro para comer uma boa refeição no último dia. Só então ficou sabendo que todos aqueles banquetes já estavam incluídos.
CONCLUSÃO
O mesmo Pai que saiu ao encontro do filho pródigo para abraça-lo, sai para conciliar este filho (v. 31).
O remédio para esse filho era o mesmo para o outro: confessar o seu pecado.
Mas ele ficou do lado de fora. Agora perdido dentro da Casa do Pai.
Não fique do lado de fora. Venha e desfrute da festa que Deus preparou!!!
http://hernandesdiaslopes.com.br/portal/perdido-dentro-da-igreja-3/

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Como encontrar uma boa igreja?


T. A. McMahon

Pergunta: Parece que, em nossa região, não conseguimos encontrar uma igreja que tenha uma liderança piedosa e uma pregação bíblica. Sentimo-nos sozinhos e agora só lemos a Bíblia e oramos em casa. O que devemos fazer? E como encontraremos uma “boa” igreja?
Resposta: Este é um comentário triste sobre o estado das igrejas e recebemos muitos desses questionamentos. O que caracteriza uma igreja “saudável”? Crucial para a resposta é Mateus 18.20: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”. O próprio Cristo deve ser o enfoque central – não um pastor, sermões fascinantes, ou mesmo uma forte ênfase missionária, programas interessantes para jovens, boa comunhão entre os membros, ou até doutrinas saudáveis, embora todos estes fatores sejam muito importantes. Um amor fervoroso por Cristo, juntamente com louvor e adoração à Pessoa de Jesus, pelo grupo todo, vindo do fundo do coração, deve ser a principal marca de uma igreja saudável.
A igreja primitiva era assim. Ela se reunia regularmente no primeiro dia da semana em lembrança da morte do Senhor. Aquela efusão semanal de adoração, louvor e ação de graças tinha um propósito – dar a Deus Seu reconhecimento devido. Não é principalmente uma questão das minhas necessidades, minha edificação, meu prazer ou minha satisfação espiritual, mas do valor dEle aos meus olhos e aos olhos da igreja.
Em minha opinião, nosso enfoque secundário deveria ser nossa oportunidade para servir com um grupo de crentes. Dou de mim mesmo a um povo necessitado, imperfeito, por quem posso orar, com cujas necessidades posso me preocupar de maneira prática, a quem posso estimular e ministrar a Palavra, e em meio a quem posso demonstrar e realizar o desejo de Cristo de que os Seus “sejam um”. Esta comunhão é uma ordem: “Não deixemos de congregar-nos” (Hebreus 10.25). É nosso prazer nos reunirmos com o povo de Deus em orações de intercessão e estudo da Palavra, ou somente a manhã dos domingos já é suficiente? Uma igreja saudável não irá se reunir somente com Ele, mas também uns com os outros.
Por fim, preciso avaliar minhas próprias necessidades espirituais. Os pastores devem providenciar alimento espiritual que irá nutrir o rebanho, para que possa “ser perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Timóteo 3.17). Esta é uma grande ordem e requer, logicamente, um rebanho disposto a aprender, que ame a Palavra e que aceite sujeitar-se a ela. Os pastores também devem guardar o rebanho de Deus, mantendo-o livre de doutrinas falsas e perigosas, contrárias à verdade. Eles devem se apegar à pura Palavra de Deus como a única autoridade de fé e padrões morais.
Então, talvez você diga: “Maravilhoso! Conduza-me a uma igreja como essa”. Lembre-se, entretanto, da ordem por prioridades: adorar (você adora sinceramente, de todo o coração, de maneira que satisfaça o objeto do seu louvor?); servir (você serve, da forma como Jesus mesmo nos deu exemplo, com humildade e alegria?); necessidades pessoais (você está crescendo, amadurecendo, assumindo o caráter de Cristo?).
A decisão final quanto à filiação a uma igreja deve ser sua, em oração. Seu louvor pessoal ao Senhor é algo tão cheio de alegria e satisfação, tanto para você quanto para Ele, de forma que supere outras considerações? Suas oportunidades de servir aos irmãos e irmãs são suficientemente significativas? Ou as preocupações com a doutrina e a falta de pregação e ensinamento bíblicos cancelam as duas questões anteriores? Você deve buscar o Senhor para ouvir a resposta dEle. A segurança reconfortante do Senhor, entretanto, permanece: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mateus 18.20). (T. A. McMahon – TBC)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

A História por Trás do Natal


Norbert Lieth
Aconteceu no Natal. O dono de uma loja colocou na sua vitrine uma Bíblia aberta com um versículo sublinhado em vermelho. Todos que passavam por ali podiam ler a passagem, um resumo da história do Natal: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).
Duas mulheres pararam na frente da vitrine, viram a Bíblia e leram o versículo. Uma disse à outra: “Que coisa triste! As pessoas envolvem a Bíblia em tudo! Até na festa do Natal!”.
Se fizermos uma pesquisa isenta, grande parte dos brasileiros não saberá dizer qual o verdadeiro sentido do Natal. Muitos associam esta festa mais a presentes, à família e ao Papai Noel, do que com a Bíblia. Isso é lastimável, pois é justamente a Bíblia que conta a verdadeira história do Natal, inclusive os detalhes dos bastidores com suas cenas tensas, felizes e surpreendentes. A Bíblia nos conta a mais bela história de todos os tempos!

Em tempos idos

Conforme nos relata a Bíblia, na antiga Babilônia vivia um profeta judeu chamado Daniel. O rei babilônico daquela época fez de Daniel o chefe de seus magos e encantadores. Mas Daniel não era mago nem encantador, ele era um homem que dizia a verdade, pois o Espírito de Deus estava nele. Esse Espírito o capacitava a fazer profecias e a fornecer explicações de sonhos e visões de uma forma jamais vista. Daniel anunciou a futura chegada de um Rei-Salvador vindo de Israel e deixou marcas perenes na Babilônia.

Um homem sem pecado, alguém que jamais desobedeceria à Lei, tornou-se necessário para tomar sobre si o castigo de todos e salvar a humanidade. Então Jesus veio a este mundo, não por meio da semente de um homem, mas por meio da semente divina colocada no ventre de Maria, a virgem.
Seiscentos anos mais tarde, uma luz sobrenatural, que a Bíblia descreve como sendo uma estrela, brilhou sobre a pequena cidade de Belém, em Israel. Magos e astrônomos, que viviam longe, lá na distante e antiga Babilônia, observaram esse fenômeno celeste. E, certamente se lembraram dos escritos de Daniel, associando a estrela com o nascimento do Rei prometido. Partiram imediatamente, começando uma viagem de mais de mil quilômetros, que acabaria por levá-los ao encontro do divino Rei.
Os magos babilônios, conhecidos como os magos do Oriente, viajaram até Jerusalém, capital de Israel. Perguntavam a todo mundo: “Onde está o recém nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo” (Mt 2.2).
Naquele tempo, o mundo era dominado pelo Império Romano. Em Israel os romanos haviam colocado como rei um certo Herodes, que nem era israelita. Herodes ficou assustado quando ouviu falar dos magos estrangeiros e mandou chamar os principais sacerdotes e escribas judeus. Queria que eles o informassem sobre o local de nascimento desse Rei.
Eles confirmaram que em eras passadas seus profetas haviam predito a vinda de um Rei-Salvador. O profeta Miquéias, 700 anos antes, chegara a profetizar seu local de nascimento: “em Belém da Judéia” (Mt 2.5), informaram eles.
Mais incomum do que esses eventos foi a circunstância do nascimento do Rei prometido: a mãe de Jesus era uma virgem, Seu Pai era Deus, o Espírito Santo; Ele próprio, o Rei dos judeus e Salvador do mundo, nasceu em uma estrebaria. Isso parece fantástico demais?
O profeta judeu Isaías havia predito de forma bem concreta, séculos antes do nascimento do Rei-Salvador: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho” (Mt 1.23). O sentido mais profundo por trás disso é sério e mostra como era importante o nascimento virginal.
Deus criou os primeiros homens, Adão e Eva, livres de pecado. Mas eles desobedeceram a Deus e tornaram-se pecadores. Desde então, todo homem nasce em pecado, portanto, é perdido por natureza. Mas Deus não quer que as pessoas se percam. Ele “deseja que todos os homens sejam salvos” (1 Tm 2.4).
Um homem sem pecado, alguém que jamais desobedeceria à Lei, tornou-se necessário para tomar sobre si o castigo de todos e salvar a humanidade. Então Jesus veio a este mundo, não por meio da semente de um homem, mas por meio da semente divina colocada no ventre de Maria, a virgem. O apóstolo Paulo explica: “se, pela ofensa de um só[Adão], morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos” (Rm 5.15).
Nova Chamada
Deus não mandou simplesmente Seu Filho ao mundo para ser o Salvador. Ele O enviou no momento certo, numa data que Ele mesmo estabeleceu, como disse Paulo: “Vindo, porém, a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4).
Apesar de todos os planos malvados dos governantes de plantão, impérios inteiros contribuíram para a chegada desse momento oportuno e ajudaram a fazer o Natal acontecer.
No antigo Império Egípcio, por exemplo, um pequeno clã de escravos judeus foi crescendo até formar o povo de Israel, um povo que daria ao mundo o Rei-Salvador. Mais tarde, quando esse povo era escravo na Babilônia, Deus reacendeu o esquecido anseio judeu pelo profetizado Rei-Salvador. Quando a Pérsia conquistou a Babilônia, Deus usou os persas para conduzir os judeus de volta à sua pátria, porque lá deveria vir ao mundo o Salvador-Rei. A seguir, o domínio dos gregos trouxe consigo uma nova língua mundial. A Bíblia dos judeus, o Antigo Testamento, foi traduzido para o idioma grego, e mais tarde vieram somar-se as Escrituras do Novo Testamento, igualmente escritas em grego. E então entrou em cena outro império, ainda mais poderoso: o Império Romano, que chegou trazendo paz, construindo um novo sistema de estradas e derrubando as fronteiras entre os países.
Assim, o tempo estava maduro para o primeiro Natal. As circunstâncias estavam postas para a chegada do Prometido. O Salvador poderia chegar! Havia condições para a rápida propagação das Boas-Novas de que o Filho de Deus se tornara Homem para salvar os homens dos seus pecados e de seu merecido castigo.

Quando Jesus nasceu, Deus veio até nós com o dom da graça e do perdão de todos os pecados, dando-nos de presente a vida eterna no céu. Isto é o Natal.
Na história mundial não existe uma única pessoa cujo currículo já estivesse escrito antecipadamente por meio de profetas judeus. Na história mundial só existe uma única Pessoa enviada por Deus ao mundo por meio de nascimento virginal. E na história mundial também só existe uma única Pessoa cujo nascimento foi preparado por impérios e reinos mundiais. Isso seria mero acaso?
O entrelaçamento dos fatos é preciso e exato demais para não ser real. Tudo o que envolvia o nascimento de Jesus foi verídico, e tinha um único propósito: providenciar nossa salvação eterna. Deus se empenhou por nós! Com o Natal Ele quer nos dizer que não existe ninguém que esteja longe demais para poder vir até Ele.
Certa vez perguntaram a Jesus como se poderia reconhecer a veracidade das Suas declarações. Ele respondeu fazendo um convite: quem desse ouvidos ao que Ele falava iria experimentar pessoalmente a verdade de Suas palavras e reconheceria que elas não vêm de um homem, mas do próprio Deus. Como os magos do Oriente, todo homem e toda mulher pode examinar os fatos por si mesmo, e então chegar até o Salvador para adorá-lO. Quando Jesus nasceu, Deus veio até nós com o dom da graça e do perdão de todos os pecados, dando-nos de presente a vida eterna no céu. Isto é o Natal.
Deus percorreu um longo caminho para nos salvar. Os magos do Oriente fizeram uma longa jornada para encontrar a Jesus. Tenha coragem de começar sua própria caminhada em direção ao Salvador! Desejamos um Feliz Natal! (Norbert Lieth — Chamada.com.br)

domingo, 11 de dezembro de 2016

Natal: a glória de Deus retorna

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por Mike Riccardi

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória – João 1.14
Semana passada, vimos o significado do uso de João do termo “habitou” em João 1.14. Eu argumentei que, ao usar uma palavra peculiar para “erguer uma tenda”, João estava chamando nossa atenção para o Tabernáculo de Israel, onde Deus condescendeu para se revelar a Israel para adoração e comunhão. O clímax da história do Tabernáculo aparece em Êxodo 40.34-38, onde a glória do SENHOR encheu o Tabernáculo, significando que Ele iria habitar – que Ele estabeleceria residência – com Seu povo.
Essa cena lança luz sobre o relacionamento entre as duas frases de João 1.14: “e [Ele] habitou entre nós” se encaixa perfeitamente com “e vimos Sua glória”. Há uma conexão inseparável entre (a) o lugar de habitação de Deus e (b) Sua glória enchendo este lugar. A habitação de Deus é inseparável da glória de Deus.
A jornada da glória do Senhor no Tabernáculo
A glória do Senhor estava com Israel no Tabernáculo – uma nuvem de dia e fogo de noite (Êxodo 40.38). E os liderava em todas as suas jornadas pelo deserto e na terra de Canaã. Para onde quer que fossem, eles desmontavam o Tabernáculo e, quando se fixavam novamente, ergueriam o Tabernáculo novamente (Êxodo 40.37). E isso ocorreu por 450 anos, mesmo após entrarem na terra de Canaã.
Se avançarmos cerca de 450 anos a partir de Êxodo 40 e a jornada da glória de Deus com Israel no deserto, chegamos em 1 Reis 8.
A Glória de Deus enche o templo
Nesse período, a construção do templo de Salomão havia terminado. E o templo era magnífico. Tinha o dobro do tamanho do tabernáculo, que já era impressionante por si só. Sem incluir o pátio, o templo tinha 30 metros de comprimento, 9 de largura e 13 de altura. Por dentro, tudo era coberto de ouro. Quando a construção foi encerrada, os sacerdotes e os Levitas trouxeram a Arca da Aliança para o Santo dos Santos (1 Reis 8.4-6) e a repousaram sob as asas de dois querubins de ouro de 4,5 metros de altura.
Então, 1 Reis 8.9-11 diz:
Nada havia na arca senão as duas tábuas de pedra, que Moisés ali pusera junto a Horebe, quando o SENHOR fez aliança com os filhos de Israel, ao saírem da terra do Egito. Tendo os sacerdotes saído do santuário, uma nuvem encheu a Casa do SENHOR, de tal sorte que os sacerdotes não puderam permanecer ali, para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do SENHOR enchera a Casa do SENHOR.
Isso soa familiar?
É exatamente o que aconteceu em Êxodo 40, ao final da construção do tabernáculo. O SENHOR está declarando que agora não irá mais habitar no tabernáculo, mas que Ele estaria com Seu povo no templo. A glória do SENHOR desce e estabelece residência em Seu templo. Ele habita no meio de seu povo.
Até que…
A glória de Deus abandona o Templo
Até a tragédia do exílio babilônico.
Mais de 350 anos depois da glória de Deus encher o templo de Salomão, a perversidade do reino de Judá crescia além da conta. 2 Crônicas 36 nos dá o contexto. Judá está sob seu último rei, Zedequias. Falta apenas 6 anos para a última deportação para a Babilônia.
Zedequias […] endureceu a sua cerviz e tanto se obstinou no seu coração, que não voltou ao SENHOR, Deus de Israel. Também todos os chefes dos sacerdotes e o povo aumentavam mais e mais as transgressões, segundo todas as abominações dos gentios; e contaminaram a casa que o SENHOR tinha santificado em Jerusalém. O SENHOR, Deus de seus pais, começando de madrugada, falou-lhes por intermédio dos seus mensageiros, porque se compadecera do seu povo e da sua própria morada. Eles, porém, zombavam dos mensageiros, desprezavam as palavras de Deus e mofavam dos seus profetas, até que subiu a ira do SENHOR contra o seu povo, e não houve remédio algum. (2 Crônicas 36.11-16)
Deus deu a eles todas as oportunidades para se arrependerem. Mas o povo preferia seus ídolos.
O profeta Ezequiel profetizou durante esse tempo. E é a visão dele que nos dá uma ideia mais interessante do que estava acontecendo durante o tempo do exílio. Em Ezequiel 8, vemos as grandes e perversas abominações dos filhos de Israel:
  • A imagem do ciúmes, no pátio de dentro (Ezequiel 8.3,5)
  • Pinturas de toda forma de répteis e animais abomináveis (8.10,12)
  • A oferta de incenso estranho (8.11)
  • Mulheres chorando por Tamuz, deus dos Fenícios (8.14)
  • Homens com as cotas pra o templo, adorando o sol (8.16)
Essas abominações, essa idolatria em massa, está acontecendo no lugar da habitação do SENHOR. No lugar onde sua glória habita. No lugar onde ele condescende e se encontra com Israel e provê expiação pelos pecados deles.
Assim, o SENHOR os visita em Sua ira e destrói tantos israelitas que Ezequiel pensa que Ele vai aniquilar a nação inteira (Ezequiel 9.8). E, enquanto isso acontece, a glória do SENHOR começa se retrair. Se levantou da Arca da Aliança, dos querubins de ouro (10.4), para o átrio do templo. Então saiu da entrada do templo até os querubins (10.18) e os querubins que guardavam o portão leste (10.19), a última saída do templo. Então, em Ezequiel 11.22, o profeta nos diz:
Então, os querubins elevaram as suas asas, e as rodas os acompanhavam; e a glória do Deus de Israel estava no alto, sobre eles. A glória do SENHOR subiu do meio da cidade e se pôs sobre o monte que está ao oriente da cidade.
Por fim, a glória do SENHOR deixa o templo, se coloca sobre o Monte das Oliveiras, e então sobe aos céus com os querubins. Pela primeira vez na história de Israel – pela primeira vez em 850 anos – Israel estava longe da presença de Deus. O SENHOR já não habitava com seu povo. Essa é a última vez que a glória do SENHOR é vista na terra.
Até que…
A glória de Deus retorna
Até, nos diz o apóstolo João, agora. Até que o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a Sua glória.
Na próxima vez que a glória do SENHOR é vista, é perante os pastores, para proclamar o nascimento de Jesus (Lucas 2.9). A mensagem dos anjos é que a glória do SENHOR retornou a Israel, na cidade de Davi. É o Salvador! É Cristo, o Senhor! (Lucas 2.11).
E essas palavras são enormes para descrever o contexto aqui. “Cristo” quer dizer “Messias”. Esse Salvador que nasceu é O Ungido DO SENHOR! O cumprimento da promessa tão aguardada! E “o Senhor” não é apenas um título. É a tradução para o grego de um nome divino: Javé (que os judeus substituíam por Adonai, “o SENHOR”). Com a glória de Deus que ninguém havia visto por 600 anos brilhando ao seu redor, o anjo está anunciando: “Javé está aqui!”. No nascimento de Jesus, Deus está declarando o cumprimento da grande promessa da Nova Aliança que tantos esperaram por milhares de anos: “O meu tabernáculo estará com eles; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo”. (Ezequiel 37.27).
Assim, quando João nos diz que o Verbo Eterno se fez carne e tabernaculou entre nós, e que vimos Sua glória, ele está proclamando a sua audiência que, da mesma forma com que a glória enchendo o tabernáculo e o templo eram manifestações da presença de Deus, o mesmo está acontecendo quando Ele revela Sua glória ao mundo em Jesus.
O Verbo se fez carne. A imagem do Deus invisível. Sua glória radiante e a representação exata de Sua natureza.
Esse é o bebê Jesus, caros amigos. Esse é o seu Salvador. Ó vinde, adoremos.
Traduzido por Filipe Schulz | Reforma21.org | Original aqui
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