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sábado, 31 de janeiro de 2015

Quando você é tentado a irritar-se com a fraqueza dos outros


“Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos.” (1 Tessalonicenses 5.14)
Deus salva todo tipo de gente, coloca essas pessoas juntas em sua igreja e diz “agora amem um ao outro”. A família de Deus inclui aqueles que já andaram com Deus por anos e aqueles que ainda estão esfregando os olhos, maravilhados por terem sido salvos por Deus duas semanas atrás. Deus une os fracos e os fortes, e nos diz para vivermos juntos de uma forma que irá glorificá-lo.
Às vezes precisamos admoestar os outros
Aparentemente havia alguns em Tessalônica que não estavam trabalhando. Talvez eles tivessem se demitido acreditando que o retorno de Jesus era iminente. Talvez eles fossem só preguiçosos. Paulo manda admoestá-los, avisá-los, exortá-los a trabalhar e prover para suas famílias, e serem diligentes.
No entanto, Paulo também manda ser paciente com eles. É fácil ficar chateado com alguém que é preguiçoso. Quando você levanta cedo, aguenta o tráfego na hora do rush, moureja no seu trabalho, aguenta um chefe exigente, e chega em casa pra descobrir que seu irmão dorme até o meio dia e quer pegar dinheiro emprestado com você. É fácil ficar irritado. Fale com ele. Admoeste-o. Mas seja paciente com ele.
Perceba que, dos três tipos de pessoas que Paulo menciona, dois terços são “desanimados” e “fracos”. Aparentemente, mais crentes tessalonicenses eram tentados ao desânimo do que à ociosidade. Esse tem sido o caso em minha experiência pastoral ao longo dos anos.
Paulo diz para “consolar os desanimados” – os desencorajados, débeis e tímidos. Eles querem desistir, estão com medo, é difícil para eles ter fé. Você gasta algumas horas encorajando-os, eles saem confiantes e crendo no Senhor, mas no dia seguinte eles voltam tão desanimados e incrédulos como sempre foram. Seja paciente com eles.
É fácil ficar frustrado com os desanimados, especialmente se você não tem as mesmas dificuldades que eles. Deus deu a alguns de nós um dom de fé, ou nós crescemos na fé ao longo dos anos, então somos capazes de confiar em Deus quando ele nos leva pela enchente ou pelo fogo. Outros não têm este tipo de fé. Eles são constitucional e continuamente “desanimados”. Eles não parecem acreditar nas promessas de Deus. Eles querem e tentam acreditar, até creem por um tempo. E então afundam de novo. Não despreze-os. Lide com suas quedas. Seja paciente com eles.
Outros crentes são “fracos”. Eles não têm muita força espiritual. Eles falham repetidamente e parecem não conseguir vencer o pecado. Seja paciente com eles.
É fácil para aqueles que são fortes julgar os outros a partir de sua própria força.

Meu pai era uma ótima pessoa, mas não conseguia entender por quê as pessoas tinham tanta dificuldade em parar de fumar. “Eu fumei por vinte anos, então um dia eu simplesmente decidi desistir e pronto. Nunca fumei outro cigarro depois disso. Você só decide parar e para”. Não foi tão fácil pra mim. Eu havia usado tabaco por uns poucos anos e parei quando me tornei um jovem crente. Foi tão difícil pra mim. Eu falhei repetidamente e demorei um bom tempo até finalmente parar.
Pode ser pecado sexual ou bulimia ou raiva, mas muitos de nós somos fracos em alguma área. Aqueles que nunca lutaram contra um pecado específico podem ser tentados a desprezar aqueles que lutam. É fácil ficar impaciente com alguém se você nunca passou por isso. Em vez de dizer pra alguém pra se animar, superar, simplesmente parar ou simplesmente fazer, Paulo diz “ampare os fracos”. Ajude-os em oração. Ajude-os com encorajamento ou gentilmente se oferecendo para que prestem contas. E seja paciente com eles quando eles falharem. Jesus vai ajudá-los e eles vão crescer. Talvez cresçam devagar, mas vão crescer.
Deus tem sido incrivelmente paciente e longânimo comigo. Como eu posso ser impaciente e não ser longânimo com outros? Jesus aguentou as minhas falhas, descrença, preguiça e diversas fraquezas por anos, ainda assim ele nunca desistiu de mim. Como eu posso não fazer o mesmo por outros?
POR MARK ALTROGGE 

Traduzido por Daniel TC | Reforma21.org | Original aqui
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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Um homem a quem Deus usa



Introdução:
1. Nossa nação está vivendo uma profunda crise institucional. As CPI’s estão abrindo as entranhas infectas das instuituições políticas. O parlamento está nu. O governo cabisbaixo. A nação está coberta de vexame e opróbrio.
2. A crise política e moral chegou a níveis insuportáveis. A crise espiritual não é menor. O enriquecimento ilícito em nome da fé tornou-se notícia quente da imprensa brasileira. Homens maus escondem-se atrás dos púlpitos e fazem da igreja uma empresa, do púlpito um balcão, do evangelho um produto e dos crentes incautos consumidores.
3. A nação de Israel também estava em crise semelhante. Dos seis reis que haviam precedido a Acabe dois haviam sido assassinados e outro havia se suicidado.
4. Israel teve 19 reis, em 8 dinastias. Nenhum deles andou com Deus. Acabe é o pior de todos. Se isso não bastasse, ele casou-se com a pior mulher do mundo: assassina, feiticeira e mandona. Jezabel foi a mulher que disseminou em Israel o culto a baal.
5. É nesse contexto que Deus levanta um homem. Em tempo de crise Deus não levantou uma denominação, um partido, mas um homem.
I. ELIAS DEIBAIXO DOS HOLOFOTES – NA CORTE REAL – (17:1)
1. Deus levantou Elias, um homem desconhecido, de um lugar desconhecido, para levar uma mensagem ao rei
- A mensagem de Elias é urgente, contundente, poderosa. Não vai chover durante três anos e meio, segundo sua palavra. Isso seria quebrar a espinha dorsal da credibilidade de baal.
- Deus não precisa de estrelas, ele precisa de homens disponíveis e obedientes.
- A origem de Elias é um golpe no orgulho dos poderosos. Ele vem de Tisbé, um lugar obscuro, desconhecido. Ele vem de lugar nenhum. É um ilustre desconhecido, sem títulos, sem diplomas na parede. Ele não é um figurão.

2. Elias associa o ministério da pregação com o ministério da oração
- Ele orou com instância para não chover e entregou a mensagem a Acabe. Quem ora prega com poder. Quem ora prega com eficácia. Só podemos ter êxito em público, se temos intimidade com Deus em secreto.
- Sem oração teremos apenas luz na mente, mas não fogo no coração. Pregação é lógica em fogo e precisa vir de homem que está em fogo. Wesley dizia: “ponha fogo no seu sermão, ou ponha o seu sermão no fogo”.
3. Elias tem autoridade de aparecer na presença dos homens, porque ele anda na presença de Deus
- Elias era um homem semelhante a nós: teve medo, sentiu solidão, fugiu, pediu para morrer, ficou deprimido. Mas Elias também aprendeu a viver na presença de Deus. A maior necessidade da igreja hoje é de pastores, de homens que vivam na presença de Deus.
- A maior necessidade hoje é de homens que conheçam a intimidade de Deus. Muitos falam sobre Deus, mas não conhecem a Deus. Têm fome de livro, mas não de Deus. Exemplo: Robert McKeyne – o visitante que foi visitar sua igreja após sua morte e o zelador lhe disse: ore, chore!
II. ELIAS ESCONDIDO DA MULTIDÃO – NO RIBEIRO DE QUERITE – (17:2-5)

1. Deus trabalha em nós, antes de trabalhar através de nós
- Deus tira o profeta do palco, debaixo dos holofotes, debaixo das luzes da ribalta e o envia para o deserto, para a solidão. No deserto Deus nos prova. Ele nos manda para a solidão do deserto para nos desmamar do mundo.
- Deus fez isso com Paulo. Deus o tirou de Jerusalém e o enviou a Tarso, onde ficou dez anos no anonimato.
2. No deserto, precisamos depender mais do provedor do que da provisão
- Além de viver na solidão do deserto, Elias devia confiar totalmente em Deus para o seu sustento. É mais confiar em nós em tempo de fartura. É fácil confiar em Deus quando estamos no palco.
- Exemplo: minha experiência nos Estados Unidos.
3. O deserto faz parte do curriculo de Deus para a nossa vida
- Foi Deus quem mandou Elias para Querite. O deserto não é um acidente, mas um apontamento. Deus trabalha em nós, antes de trabalhar através de nós.
- Deus está no controle. Ele sabe o que está fazendo.
4. Quando a sua fonte secar, os recursos de Deus continuarão disponíveis para você
- Elias estava onde Deus mandou ele estar, no tempo que Deus ordenou, mas a fonte secou. Mas, quando a fonte seca, Deus sabe onde você está, como está, para onde dever ir e o que deve fazer.
- A fonte secou porque Elias estava orando e Deus agindo.
- Às vezes a fonte seca na vida, no casamento, nas finanças, na saúde, nos relacionamentos. Mas, quando os recursos da terra acabam, os recursos de Deus continuam absolutamente disponíveis.
III. ELIAS NA FORNALHA – EM SAREPTA – (17:8-10)
1. Na fornalha, quando as coisas parecem difíceis, elas tendem a piorar
- Deus tirou Elias do deserto e o jogou na fornalha. Sarepta significa fornalha, cadinho. Antes de Deus usar você, Deus vai depurar você. O fogo só vai queimar a escória.
- A fornalha faz parte da agenda de Deus na sua vida. Ele mesmo vai matricular você na escola do quebrantamento.
- Ir a Sarepta era um perigo. Fica a mais de 150 Km. Nesse tempo Elias era o homem mais procurado, vivo ou morto em Israel.
- Deus parece ter senso de humor. Ele manda Elias a Sarepta para ser sustentado para uma mulher viúva. Se Deus tivese mandado Elias sustentar uma mulher viúva, ele poderia pensar que, pelo menos teria um ministério.
- Elias sai de Querite para não morrer de sede e quase morre de fome, pois a mulher que deveria lhe sustentar está para morrer de fome.
- A viúva experimenta um milagre na cozinha.
2. Na fornalha somos desafiados a esperar um milagre de Deus
- A viúva não apenas era pobre, mas agora está enlutada do seu único filho. O menino morre e a mulher coloca a culpa em Elias. Você já foi acusado de algo que não fez?
- Elias não se defende. Ele apenas disse: “mulher transfere para mim a sua dor, ponha em meus braços o seu filho morto”.
- Se queremos ver os meninos mortos ressuscitando, precisamos falar com Deus mais do que nos defendermos das acusações.
- Elias ora, Deus ressuscita o menino, mas ele não capitaliza com isso. Não faz um discurso de auto-elogio.
- Os mortos espirituais precisam ser ressuscitados: precisamos orar, e agir na certeza de que só Deus pode trazê-los à vida.
3. Depois da fornalha, um grande reconhecimento
- Agora eu sei que és um homem de Deus e que a Palavra de Deus na sua boca é verdade.
- Uma coisa é proferir a Palavra de Deus, outra coisa é ser boca de Deus.
- A vida do pregador fala mais do que seus sermões.
- A vida do ministro é a vida do seu ministério.
- O pastor é um homem em fogo. Pregação é lógica em fogo. Ponha fogo no seu sermão ou ponha o seu sermão no fogo.
- A parte mais importante do sermão é o homem que está atrás do púlpito.
- Os pecados do ministro sãos os mestres do pecado. Os pecados do ministro são mais graves, mais hipócritas e mais danosos.
- O maior obstáculo da obra são os obreiros.
- Os maiores sermões já foram publicados: Jonathan Edwards. O seminarista que pregou o seu sermão.
- David Hume e George Whitefield. A Palavra de Deus tem sido verdade em sua boca?

IV. ELIAS NO CARMELO, UM CONFRONTO ESPIRITUAL – (18:1-2, 19)
1. Elias associa a soberania de Deus com a responsabilidade humana
- Deus fala que vai chover, mas Elias ora humildemente, perseverantemente, triunfantemente. O mesmo fez Daniel no cativeiro, conforme o capítulo 9.
- Deus elege, mas nós precisamos evangelizar.
2. Elias anda segundo a agenda de Deus
- Deus manda Elias aparecer, ele aparece. Deus manda Elais se esconder, ele se esconde. Deus manda Elias ir para a fornalha, ele vai. Deus manda Elias aparecer e ele aparece. Ele está pronto, batendo continência para a ordem de Deus.
- Precisamos de gente que simplesmente obedeça: Deus manda e o universo inteiro obedece: o sol, o vento, o mar, a mula, o verme, os demônios, os anjos. Deus manda você e você é a única pessoa a ressistir a ordem de Deus?
3. Elias confronta o rei, o povo e os profetas de baal
- Elias confronta o rei, o povo e os profetas de baal. Ele não se intimida, não negocia sua consciência. Não vende seu ministério. Ele não quer ser popular, mas fiel. Elias diz ao povo que obediência dividida é tão errada quanto idolatria declarada.
- Elias retirou o baal do caminho de Israel. No caminho das torrentes de Deus havia um obstáculo. Esse monstruoso ídolo se colocara entre a terra e o céu, entre as chuvas e a terra seca, entre as bênçãos e o povo. Não adianta dar nome diferente a baal, nem trocá-lo de lugar. O baal precisa ser removido. Precisamos tirar o entulho, antes do fogo de Deus descer!
4. Elias antes de pedir intervenção do céu, restaura o altar que está em ruínas
a) O altar da adoração – Porque há ajuntamento, mas não há quebrantamento (Is 1:15); porque há música celebrativa, mas não adoração (Am 5:23); porque há oferta, mas não honra ao Senhor (Ml 1:10).
b) O altar da comunhão – Ele ajuntou 12 pedras, símbolo das doze tribos dispersas, desunidas. Há mágoas na igreja. Há partidos, grupos, no conselho, no coral, nas sociedades internas, nos presbitérios.
c) O altar da família – Há lares quebrados, há pastores em crise no casamento (Olson – os pastores são os que mais se divorciam).
5. Elias, um homem que ousou crer na manifestação do poder de Deus
- O ministério de Elias foi timbrado pela manifestação do poder de Deus. Ele não apenas fala do poder, mas também o experimentava. Ele viu os corvos voando a Querite para lhe levar alimento. Ele viu a farinha da viúva se multiplicando. Ele viu o menino morto ressuscitando. Ele viu o fogo descendo e a chuva caíndo. Ele pediu fogo e quando o fogo caiu, o povo caiu de joelhos! Hoje perdemos a expectativa do sobrenatural. Nossa teologia é a teologia da Marta, do Deus que fez e que fará, mas não do Deus que faz.
- Ilustração: A igreja que pegou fogo.
- Precisamos pregar aos ouvidos e aos olhos.
V. ELIAS NA CAVERNA DA DEPRESSÃO – (19:9)
1. Cuidado com a ressaca de uma grande vitória
- Você nunca é tão vulnerável como quando depois de uma grande vitória. As vitórias de ontem não são garantias de sucesso hoje. Todo dia você precisa ser cheio do Espírito.
- O Elias guerreiro, gigante, agora teme, foge e se deprime.
2. Cuidado com as garras da depressão
a) As causas da depressão
1) Olhar para circunstância em vez de olhar para Deus (19:2-3) – A vida dele dependia de Deus e não de Jezabel. Sua vida depende de Deus e não do conselho, da igreja, do salário.
2) Afastar-se das pessoas mais próximas na hora que você mais precisa delas – (19:3b) – A solidão não é um bom remédio para quem está deprimido. Gente precisa de Deus, mas gente também precisa de gente.
3) A auto-piedade mascara a sua visão da vida (19:4,9) – Elias pensou que estava sozinho.
4) O esgotamento físico-emocional (19:4,5) – Elias estava cansado fisicamente e exausto emocionalmente.
b) A cura para a depressão
1) Sonoterapia e boa alimentação
2) Desabafo 
3) Perspectiva para o futuro

VI. ELIAS NO GLORIOSO ARREBATAMEENTO – NO JORDÃO – (2 Rs 2:6-12)
1. O melhor de Deus para sua ainda ainda está por vir
- Elias queria morrer, mas nem a morte ele experimentou.
- Na corte de Acabe, Elias foi mensageiro de Deus. Em Querite foi quebrantado por Deus. Em Sarepta foi lapidado por Deus. No Carmelo foi usado por Deus. Na caverna foi restaurado por Deus, mas no Jordão foi arrebatado por Deus.
- Elias foi levado para o céu como um símbolo da igreja: No último dia, quando a trombeta soar, os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro, depois nós, os vivos, os que ficarmos seremos transformados e arrebatados para encontar o Senhor nos ares e assim estaremos para sempre com o Senhor.
2. O desafio de Deus para a sua vida é feito agora
a) “Onde está o Senhor Deus de Elias?” (2 Rs 2:14). Ele é apenas o Deus que agiu ontem? Ele age ainda hoje? Ele opera maravilhas ainda hoje? Ele reaviva a sua igreja ainda hoje? Ele abre portas ainda hoje? Ele transforma vidas ainda hoje?
- Eliseu lançou a capa de Elias e as águas do Jordão se abriram. O Deus de Elias está aqui. Ele é o nosso Deus. Ele está no trono. Ele reina. Ele é o Deus da igreja, da sua família, da sua vida.
b) “Onde estão os Elias de Deus?” – Os Elias de Deus estão aqui? Eles estão em nosso meio? Você é um Elias de Deus? Está pronto a ser levantado por Deus, quebrantado por Deus, lapidado por Deus, usado por Deus? Está pronto a sair da caverna e ser poderosamente usado por Deus?
Rev. Hernandes Dias Lopes

sábado, 24 de janeiro de 2015

A controvercia Arminiana e o Sínodo de Dort


Juliano Heyse


Os famosos cinco pontos do Calvinismo foram propostos originalmente por João Calvino, o grande reformador francês, certo? Errado. Se você pudesse voltar no tempo e perguntasse a Calvino quais são os 5 pontos, ele não teria a menor chance de acertar. Afinal os 5 pontos foram estabelecidos mais de 50 anos após sua morte. E isso não ocorreu em Genebra, nem na França, e sim na Holanda. E é para lá que temos que voltar nossa atenção, mais precisamente para a cidade de Dordrecht.
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Contexto histórico

Antes, porém, convém nos situarmos no tempo. Em 1517, Lutero publica as 95 teses (o início da Reforma Protestante). Quatro anos depois ele é "convidado" a se retratar na Dieta de Worms e lá ele faz o rompimento definitivo com a igreja católica, atrelando sua consciência à Palavra de Deus. Mais tarde, em 1536, na cidade de Genebra, Calvino publica a primeira edição das Institutas da Religião Cristã -  a melhor e mais completa sistematização da doutrina protestante até então. Aperfeiçoamentos ocorreram e a edição definitiva só foi fechada 23 anos depois, em 1559. Em 1564, Calvino morreu. Lutero já havia morrido, antes, em 1546. Os dois mais importantes reformadores já não viviam mais sobre a terra quando a nossa história começou.
Quanto a Armínio, muitas pessoas pensam que ele e Calvino travaram calorosos debates em que se digladiavam ferozmente em defesa das suas respectivas posições. Não seria totalmente impossível, mas considerando-se que Armínio tinha quatro anos de idade quando Calvino morreu, não parece razoável imaginar tal quadro. A verdade é que eles jamais se conheceram.

Igreja Reformada Holandesa

Mas vamos à nossa história. Voltamos a nossa atenção para a Holanda, que na época era conhecida como Países Baixos (o território que hoje é ocupado por Bélgica, Holanda e Luxemburgo). É lá que toda a trama acontece. Na época da Reforma o Rei da Espanha, Filipe II, governava os países baixos. O crescimento do protestantismo foi severamente coibido com fortíssimas perseguições e mortes. Estima-se que dezenas de milhares de protestantes foram mortos pelos dirigentes católicos que governavam o país.
A revolta contra os espanhóis foi crescendo até que Guilherme de Orange conseguiu, depois de muitas tentativas, conquistar a tão sonhada independência, mais tarde consolidada por seu filho Maurício de Nassau. Surgia uma nova nação protestante já que o país era, naquela época, de maioria calvinista. Os novos líderes resolveram adotar a religião reformada como religião oficial, utilizando-a como elemento de integração e estabilidade do novo país. Todos os oficiais da igreja reformada holandesa tinham que jurar seguir a Confissão Belga e o Catecismo de Heidelberg.
É importante ter em mente a forte ligação entre o estado e a igreja, comum nos tempos da reforma. Só que na Holanda as igrejas tinham uma autonomia relativamente grande, podendo nomear seus oficiais e exercer disciplina sobre os membros. Isso perturbava alguns membros do Estado. Em 1591, uma comissão, presidida por Johannes van Oldenbarnevelt e James Arminius,*(Jacó (português brasileiro) ou Jacob (português europeu) Armínio (em latim:Jacobus Arminius, nota do blog A tua palavra é a verdade) propôs uma estrutura mais ao gosto do poder secular: a escolha ,de oficiais da igreja passaria a ser feita por um grupo de representantes (quatro do Estado e quatro da igreja). Isso permitiu uma ingerência muito maior do Estado nos assuntos da igreja. Esta situação - a história mostra - costuma causar problemas. Levando-se em conta que outras religiões eram meramente toleradas (mas não tinham nem o direito de ter seus próprios templos), muitas pessoas vieram para a igreja, cuja vinda não teria ocorrido caso a igreja não fosse oficial do Estado holandês. Repetia-se algo como nos tempos do imperador romano Constantino - a igreja passava a atrair pessoas não regeneradas, muitas vezes com segundas intenções.

A Controvérsia Arminiana

Nessas condições, favoráveis por um lado, mas perigosas por outro, é que surgiu a Controvérsia Arminiana. Duas questões foram levantadas na época - uma doutrinária e outra de política eclesiástica. Primeiro: O ensino de James Arminius era compatível com a Confissão Belga e com o Catecismo de Heidelberg? Afinal, todos os oficiais da igreja haviam se comprometido a permanecerem fiéis a ambos os credos. Segundo: Caso o ensino não estivesse de acordo, a igreja reformada teria poder para destituir aqueles que pregavam doutrinas que conflitavam com aqueles credos?
A questão da autoridade tornou-se problemática porque o governo insistia em manter nos ofícios eclesiásticos pessoas que a igreja considerava que deviam ser destituídas. Dessa forma, entre 1586 e 1618 aumentou muito o número de ministros que permaneciam nas igrejas contra a vontade da congregação e das assembléias eclesiásticas. As igrejas, intranqüilas, exigiam a convocação de um sínodo nacional para esclarecer a situação. Mas o governo central temia o crescente poder das igrejas reformadas e insistia em não permitir a convocação do sínodo.
Foi em meio a tudo isso que James Arminius surgiu - um personagem controverso. Era considerado até pelos seus opositores como sendo um pastor fiel, bom cristão, sóbrio, moderado, homem sincero e de raras habilidades intelectuais. Mas é difícil não concordar com a principal acusação que ele sempre carregou: era um homem que sofria de uma certa "duplicidade". Isso ficará claro quando analisarmos a sua história nos próximos parágrafos.

James Arminius

Armínio nasceu em 1560, no sul da Holanda. Estudou em Genebra com Beza, o sucessor de Calvino. Tornou-se ministro em Amsterdam em 1588. Não foram seus escritos, mas sim sua pregação que começou a chamar a atenção por não parecer muito ortodoxa. Ele decidiu fazer uma pregação expositiva no livro de Romanos. Sua interpretação de boa parte dos primeiros textos do livro surpreendeu seus ouvintes. Mas foi no capítulo 7 que ele trouxe sobre si uma avalanche de protestos. O texto de Romanos 7:14-15 diz: "Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto.". Armínio propôs que esse texto se referia a uma pessoa não regenerada, contrariando o que os principais exegetas reformados sempre defenderam, ou seja, que Paulo falava sobre si mesmo, na condição de cristão. Ao pregar em Romanos de 8 a 11, ele enfatizou o tempo todo o livre arbítrio do homem e ao chegar a Romanos 13, afirmou que o Estado tinha a suprema autoridade em assuntos eclesiásticos e religiosos.
Por conta de tudo isso, um de seus colegas, Petrus Plancius, registrou denúncia contra ele para que ele fosse investigado pelo consistório. Havia rumores sobre o novo ensino em todo o país. Armínio, no entanto, confirmava pleno compromisso com a Confissão Belga e com o Catecismo de Heidelberg. No entanto, ficava cada vez mais evidente que ele tinha problemas com o artigo 16 da confissão, o qual afirmava a doutrina da eleição.
Em 1602 surgiu uma vaga na famosa Universidade de Leiden, para suceder um de seus principais professores de teologia, morto pela praga que assolava a Holanda naquele ano. Alguém indicou o nome de James Arminius para sucedê-lo. Havia uma preocupação quanto à ortodoxia de Armínio, e portanto a sua aceitação foi condicionada a uma entrevista com o Dr. Franciscus Gomarus sobre os pontos chaves da doutrina. Gomarus era um famoso Calvinista, profundo conhecedor da Palavra. Diante de diversos comissários, Armínio rejeitou publicamente diversas doutrinas pelagianas quanto a graça natural, livre arbítrio, pecado original e predestinação. Também prometeu jamais ensinar qualquer coisa em desacordo com a doutrina oficial das igrejas. Assim sendo, ele foi aceito como Professor de Teologia da Universidade de Leiden.
Em suas aulas públicas, Armínio permaneceu firme nas suas promessas. Mas em aulas particulares, a alunos selecionados, ele expressava francamente suas dúvidas e questionamentos. Esses alunos foram fortemente influenciados por ele e começaram a propagar alguns desses ensinamentos. Por onde iam, questionavam a doutrina reformada, atacando-a de diversas formas.
Armínio permanecia afirmando estar em pleno acordo com a doutrina reformada enquanto disseminava seus novos pontos de vista nos bastidores. Seus adversários o condenam fortemente por demonstrar absoluta falta de caráter fazendo um tipo de "jogo-duplo". Ao mesmo tempo, seus defensores o elogiam dizendo que tudo o que ele fez foi pensando sempre na unidade da universidade e das igrejas. O leitor pode decidir por si mesmo.

Arminius versus Gomarus

A intranqüilidade aumentava e em 1607 o sínodo da Holanda do Sul recebeu queixas contra os ensinamentos de Armínio. O sínodo convocou James Arminius e o colocou mais uma vez frente a frente com Franciscus Gomarus e os dois expuseram e compararam seus pontos de vista. Mais uma vez Armínio alegou total fidelidade à Confissão Belga e como os delegados não conseguiram perceber grandes diferenças entre o que foi exposto por Arminius e por Gomarus, recomendaram que houvesse tolerância mútua. Outra conferência foi convocada em 1609, também não redundando em avanços. Naquele mesmo ano Armínio morreu de tuberculose.

Os Cinco Artigos do Arminianismo

Com a morte de Armínio, sua causa passou a ser liderada por Johannes Uitenbogaard e Simon Episcopius. Em 1610, sob a liderança de Uitenbogaard, os arminianos se reuniram e elaboraram uma representação (remonstrance - por isso são conhecidos até hoje como os remonstrantes). Nela os arminianos atacavam algumas doutrinas calvinistas e estabeleceram 5 artigos com suas próprias posições:
1. A eleição está condicionada à previsão da fé.
2. Expiação universal (Cristo morreu por todos os homens e por cada homem, de forma que ele conquistou reconciliação e perdão para todos por sua morte na cruz, mas só os que exercem a fé podem gozar desse benefício).
3. Necessária a regeneração para que alguém seja salvo (aparentemente, uma visão perfeitamente ortodoxa, mas mais tarde ficou claro que a visão deles era tal que negava fortemente a depravação da natureza humana).
4. A possibilidade de resistir à graça.
5. A incerteza quanto à perseverança dos crentes (mais tarde eles deixaram claro que não criam de forma alguma na garantia da perseverança).
Os artigos foram assinados por 46 ministros.
Os calvinistas responderam com uma reafirmação da doutrina calvinista. Formou-se o grupo conhecido na história como os contra-remonstrantes. Isso ocorreu em 1611.

A convocação do Sínodo

O poder público não ficou indiferente à controvérsia que ganhava contornos cada vez mais perigosos. Havia pessoas que estavam utilizando a controvérsia religiosa para incitar rebeliões e outras formas de ação política. Assim, em 11 de novembro de 1617, Maurício de Nassau decidiu que um sínodo nacional deveria ser convocado em 1 de novembro de 1618. Estava criado o quadro para o surgimento do famoso Sínodo de Dort.
Encorajado pelo Rei Tiago I da Inglaterra, o governo central holandês enviou convites a diversos representantes de países reformados para que enviassem delegados para participarem do sínodo. O governo holandês requisitava a cada país que fossem enviados alguns de seus teólogos mais renomados, de proeminente erudição, santidade e sabedoria, que com seu conselho e juízo pudessem trabalhar diligentemente para apaziguar as diferenças que tinham surgido nas igrejas da Holanda, trazendo paz àquelas igrejas.
Outro motivo para convidar os teólogos estrangeiros, foi a tentativa de garantir a isenção que os remonstrantes alegavam que a igreja da Holanda não possuia. Uma terceira razão estava ligada ao fato dos remonstrantes alegarem continuamento ao povo que as demais igrejas protestantes compartilhavam da mesma visão que eles. A presença dos delegados estrangeiros poderia dirimir esta e outras dúvidas.

O Sínodo de Dort

Em 13 de novembro de 1618 o Sínodo Nacional de Dort foi estabelecido. Todas as despesas seriam pagas pelo governo holandês. O sínodo era composto de 84 membros e 18 comissários seculares. Dos 84 membros, 58 eram holandeses, oriundos dos sínodos das províncias, e os demais (26) eram estrangeiros. Todos tinham direito a voto.
Após um culto de oração todos foram para o local das reuniões. O moderador era Johannes Bogerman. A primeira atividade foi o pronunciamento do juramento:
"Prometo, diante de Deus em quem creio e a quem adoro, que está presente neste lugar, e que é o Perscrutador de nossos corações, que durante o curso dos trabalhos deste Sínodo, que examinará não só os cinco pontos e as diferenças resultantes deles mas também qualquer outra doutrina, não utilizarei nenhum escrito humano, mas apenas e tão somente a Palavra de Deus, que é a infalível regra de fé. E durante todas estas discussões, buscarei apenas a glória de Deus, a paz da Igreja, e especialmente a preservação da pureza da doutrina. Assim, que me ajude Jesus Cristo, meu Salvador! Rogo para que ele me assista por meio do seu Espírito Santo!"
Os membros foram divididos em 18 comitês. A cada questão proposta ao sínodo, cada um dos comitês formulava sua própria resposta que era depois apresentada ao Sínodo como um todo. O material escrito era entregue aos moderadores que compilavam um texto único. Esse texto era aprovado pelos próprios moderadores ou ia a voto.
O tema principal do Sínodo era o arminianismo. Foram convocados para comparecer diversos teólogos arminianos. Estes se reuniram antes em Rotterdam e nomearam oficiais para representá-los. A estratégia deles era atacar os contra-remonstrantes como sendo fanáticos religiosos. A idéia era centrar forças contra o supralapsarianismo de Gomarus.
Simon Episcopius foi escolhido para ser o orador dos remonstrantes. Logo na segunda reunião, ele já se indispôs com todos e usou de uma artimanha típica dos arminianos. Fez críticas ao Sínodo, ao governo e ao príncipe Maurício. Quando instado a fornecer uma cópia do discurso, alegou que esta estava ilegível. Mais tarde concordou em fornecer uma cópia, mas esta não continha as críticas aos governantes.
A batalha era severa. Os remonstrantes alegavam que o sínodo não tinha competência para julgá-los. Bogerman, o moderador, retrucava dizendo que o sínodo havia sido legalmente constituído pelo poder público. Os remonstrantes deveriam ter aceitado esse argumento, já que sempre defenderam que o estado é a autoridade máxima nas questões religiosas e eclesiásticas. Ao serem convidados a colocar no papel suas divergências em relação à Confissão Belga, os remonstrantes negaram-se a obedecer. Quando Bogerman perguntou se eles reconheciam os artigos da representação de 1610, permaneceram calados.
Como os remonstrantes dificultavam demais os trabalhos, em 14 de janeiro de 1619 Bogerman perguntou a eles definitivamente se eles iriam comportar-se e submeter-se ao Sínodo. Eles responderam que não se submeteriam ao Sínodo. Irritado, Bogerman precipitou-se e mandou-os embora sem consultar os demais membros. As mesas e cadeiras dos arminianos foram retiradas e passou-se a analisar suas opiniões através de seus escritos. O principal documento analisado foi a representação de 1610 com seus 5 artigos.

Os Cânones de Dort

O documento final, os Cânones de Dort, foi formulado em 93 artigos, separados em 5 pontos de doutrina. O documento foi assinado por todos os delegados em 23 de Abril de 1619. Foram ao todo 154 reuniões ao longo de sete meses. Prevaleceu a interpretação ortodoxa.
Muitos consideram injustas as medidas tomadas após o sínodo. Afinal, mais de 200 ministros remonstrantes foram depostos de seus cargos. Alguns se retrataram e retornaram às suas funções, mas boa parte foi definitivamente banida. Mas é bom lembrar que o que hoje seria considerado, talvez, indevida perseguição religiosa, era uma prática absolutamente comum a todas as religiões e países da época.
É importante entender também que os ministros remonstrantes eram muitas vezes mantidos em seus cargos apesar de estarem violando o juramento que fizeram de manterem-se fiéis à confissão belga e ao catecismo de Heidelberg. Isso era conseguido por meio do apoio de políticos poderosos. Enquanto isso, os mesmos políticos perseguiam os contra-remonstrantes chegando ao ponto, em algumas situações, de impedir-lhes o acesso ao local de culto. A religião e a controvérsia eram freqüentemente usadas para fins políticos.
Pode-se dizer que ocorreu com os arminianos o que já aconteceu centenas de vezes na história da igreja. Nas palavras de Johns R. de Witt:
"um homem raramente é honesto o suficiente para sair de sua igreja, se suas convicções são incompatíveis com as daquela igreja. Normalmente ele tenta, por meio de uma estranha linha de argumentação casuística, converter a igreja ao seu próprio entendimento da verdade".
Os arminianos, ao romperem suas promessas e no entanto permanecerem atuando na igreja, encaixaram-se perfeitamente nessa descrição.
É bom lembrar que outras religiões eram toleradas na Holanda naquele período, apesar de não poderem construir templos próprios. Entre estes haviam peregrinos, luteranos, anabatistas e até mesmo católicos romanos. Mas nenhum deles ameaçava a igreja "de dentro" como faziam os arminianos.

Conclusão

O Sínodo de Dort foi importante por ter mostrado a tentativa dos arminianos de diminuírem a soberania de Deus na salvação, engrandecendo o papel do homem na sua própria salvação.
Mais tarde, os cinco pontos de divergência em relação aos artigos arminianos passaram a ser conhecidos como os "cinco pontos do calvinismo" e um acróstico foi criado para facilitar a lembrança de cada ponto. A esse acróstico deu-se o nome de TULIP:
T  otal depravação
U  ma eleição incondicional
L  imitada expiação
I  rresistível graça
P  erseverança dos santos
É importante frisar que os cinco pontos e os cânones de Dort não são uma exposição da doutrina reformada. Esta é muito mais abrangente. Longe de serem uma exposição do calvinismo, os cinco pontos servem muito mais para enfatizar diferenças entre o calvinismo e o arminianismo, principalmente na relação da soberania de Deus com a salvação. O ensino de Calvino é muito mais amplo e abrangente e, no que se refere aos cinco pontos, alguns deles ele nem sequer tratou em profundidade, como é o caso, por exemplo, da expiação limitada.
Acreditamos firmemente que é importante conhecer as origens daquilo em que cremos e perceber que, tal qual ocorreu com outras doutrinas como a Trindade e a dupla natureza de Cristo, a verdade de Deus esteve sempre sob ataque e homens corajosos sempre se levantaram para batalhar "diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (Jd 3). Graças a Deus.

*http://pt.wikipedia.org/wiki/Jac%C3%B3_Arm%C3%ADnio

Bibliografia

Seaton, W. J., Os Cinco Pontos do Calvinismo (São Paulo - Editora PES)
Wikipedia, Synod of Dort, http://en.wikipedia.org/wiki/Synod_of_Dort
Vandergugten, S., The Arminian Controversy and the Synod of Dort,
http://www.spindleworks.com/library/vandergugten/arminian_c.htm
Wikipedia, Five Points of Calvinism,
http://en.wikipedia.org/wiki/Five_points_of_Calvinism


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A espada do Espírito


POR CHARLES SPURGEON 
Nosso Senhor poderia ter derrotado satanás com poder angelical; bastaria orar a seu Pai, e ele rapidamente enviaria dúzias de legiões angelicais, cujo poder o nosso inimigo não poderia resistir por um momento sequer. Se o nosso Senhor tivesse apenas exercitado sua divindade, uma única palavra seria o suficiente para enviar o tentador de volta ao seu covil infernal.
Mas, ao invés de poder angelical ou divino, ele usou “Está escrito”; assim, ensinou sua igreja que ela nunca deve esperar ajuda da força bruta ou das armas carnais, mas deve confiar comente na onipotência que habita na certeza do testemunho da palavra.
Esse é o nosso machado de batalha. Os principados ou as prisões do poder civil não são por nós. E não nos atrevemos a usar subornos ou ameaças para converter homens ao cristianismo: um reino espiritual deve ser edificado e baseado apenas por meios espirituais.
Nosso Senhor poderia ter derrotado o tentador ao revelar sua própria glória. O fulgor da majestade divina estava escondido na humilhação da humanidade, e se ele tivesse levantado o véu por um momento apenas, o inimigo teria sido completamente confundido como morcegos e corujas quando o Sol brilha sobre suas faces. Mas Jesus quis por bem guardar sua excelente majestade e apenas se defender com “Está escrito”.
Nosso Mestre também poderia ter assaltado satanás com retórica e lógica. Por que ele não discutiu os pontos em questão assim que foram levantados? Ali nós vimos três proposições diferentes a serem discutidas, mas nosso Senhor limitou a si mesmo a um único argumento, “Está escrito”.

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Veja bem, se nosso Senhor e Mestre, com toda a variedade de armas que tinha seu dispor, ainda assim escolheu a lâmina da Palavra de Deus, não hesitemos, por um momento sequer, mas nos agarremos e nos prendamos a essa única arma disponível aos santos de todos os tempos. Deixe a espada de madeira da argumentação carnal; não confie na eloqüência humana, mas arme-se com as solenes revelações de Deus, que não pode mentir, e você não precisa temer satanás e suas hostes. Jesus podemos ter certeza, escolheu a melhor arma, e o que é melhor para ele, é o melhor para você.
Você só precisa se voltar para suas Bíblias, encontrar o texto correto e arremessá-lo contra satanás, como uma pedra na funda de Davi, e vencerá a batalha. “Está escrito”, e o que foi Escrito é infalível; essa é a força do argumento. “Está escrito”. Deus disse; isso basta. Ó abençoada espada e escudo com que os pequeninos podem usar para se defender e os iletrados e símplices podem tirar proveito, que dão poder ao de ânimo dobre e vitória aos fracos.
Trecho retirado do sermão “Infalibilidade – onde encontrar e como usar”
 



Traduzido por Filipe Schulz | Reforma21.org | Original aqui
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