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terça-feira, 25 de novembro de 2014

Lidando com a decepção na igreja


“Ninguém me apoiou.”
“Eu não era importante para ninguém.”
“Você não estava nem aí.”
Essas são algumas das coisas mais difíceis que um pastor pode ouvir de sua congregação, estejam elas se referindo diretamente a ele ou não. Essas situações também são algumas das mais agressivas que um membro pode acusar a igreja e, sem dúvida, das mais doloridas que um membro da igreja pode sentir. Mesmo assim, esses sentimentos acontecem, e esses pensamentos são verbalizados, muito freqüentemente na vida da igreja.
É fácil imaginar o que leva as pessoas a não sentirem amadas.
  • Um pastor que não visita uma família que perdeu de forma trágica uma filha em um acidente de carro.
  • Um casal visita igreja por seis meses. Eles nunca são convidados para almoçar na casa do pastor. Então começam a procurar por outra igreja.
  • Um estudante recém formado se sente invisível porque é solteiro e tímido. Ninguém se esforça para conhecê-lo. Após alguns meses saindo rapidamente da igreja após o culto para não ficar lá isolado, ele desiste da sua igreja, e talvez de qualquer igreja.
  • Um jovem rapaz é chamado ao conselho da igreja porque engravidou a namorada. Ele nunca se encontrou com o conselho assim, e se sente enfrentando a inquisição. Ele não nega que pecou, mas o cuidado pastoral que está recebendo não parece muito amoroso.
  • Uma das famílias mais tradicionais da igreja começa a faltar alguns cultos. Eventualmente, eles não aparecem mais. Quando você finalmente nota, já faz uns seis meses que eles sumiram. Quando você telefona para saber o que aconteceu, já é tarde demais.
  • Uma jovem que acabou se tornar mãe percebe que não foi convidada para o estudo bíblico das mães. Ela não sabe o porquê ao certo, mas imagina que tem algo a ver com seu passado. Após um ano se sentindo isolada, sua família deixa a igreja por causa de seus grupos fechados.
Existem muito mais situações desse tipo, todas muito doloridas, para as ovelhas e para os pastores. Como devem responder então os membros da igreja quando eles não se sentem amados, apoiados, ou se sentem como estrangeiros em sua própria igreja? E como devem responder os líderes da igreja quando são criticados por não se preocuparem com os membros ou a igreja falha por não ser muito amável?
A resposta mais fácil é assumir que o outro lado está sempre errado. Eu já conversei com cristãos (não necessariamente os da minha igreja) que mantém uma extensa lista de mágoas com a sua igreja. Eles nunca consideram que talvez sejam mais do que apenas vítimas indefesas. Eles talvez sejam parte do problema. Por outro lado, eu já estive em reuniões de pastores onde a grande afirmação por trás das conversas, piadas e reclamações é que eles têm servido fielmente, mas a igreja simplesmente não percebe.
Os dois lados seriam mais bem servidos se questionassem alguns pontos antes de baterem o pé e tirarem conclusões precipitadas.
Pastores e líderes, na próxima vez que forem criticados por não serem amáveis ou cuidadosos, se perguntem:
1. Nós temos algum mecanismo para conhecer pessoalmente nossas ovelhas? Como líderes, nós prestaremos contas pela forma como cuidamos das almas das outras pessoas (Hebreus 13.7). A Bíblia não ordena apenas uma forma única de cuidar da membresia, nós devemos trabalhar para ter algum processo que funcione. Se nunca perguntarmos “como a congregação está?”, ou ainda melhor, “como você, meu irmão, está?”, não podemos ficar surpresos ao acharmos muitas pessoas desapontadas.
2. Nós temos alguma forma de descobrir quando as pessoas não estão freqüentando culto? Você pode dar uma olhada, perguntar para os amigos ou se informar na recepção, mas nós precisamos ter uma idéia geral de quem não está sendo fiel à membresia do culto. No Livro de Ordem da minha Igreja estipula que sempre falemos sobre isso nas reuniões do conselho de líderes. O primeiro passo para descobrir quem está sumido é começar a procurar e começar a falar sobre isso.
3. Estamos confrontando os grupos fechados na nossa igreja? A linha que separa uma comunidade de uma elite é tênue. Mas se há uma diferença central, é a abertura. Uma comunidade saudável recebe bem as pessoas novas. Uma elite procura formas de manter as pessoas novas do lado de fora. Pastores precisam confrontar o problema dos círculos fechados de forma direta – na pregação, nas decisões da igreja, e nas conversas pessoais. Os líderes também deve se assegurar de não estarem em grupos fechados. É bom ter bons amigos. Mas os amigos que excluem todos os outros são muito ruins.
4. Há maneiras fáceis e identificáveis de os tímidos e mais reservados se envolverem e serem conhecidos pelos outros? Os mais enturmantes e extrovertidos se sentirão em casa, na igreja, rapidamente. Mas ‘pontos de entrada’ bem divulgados e convites pessoas são necessários para muitos outros.
5. É possível que estejamos mais em falta do que imaginamos? Liderar não significa dizer que está errado toda vez que o Senhor Sensível se sente ofendido. Mas significa estar sempre aberto para a possibilidade que você errou mais do imagina.
6. Temos feito promessas que não cumprimos? Não há nada mais perigoso do que boas intenções bem divulgadas e mal executadas. A liderança cria um programa de visitação às famílias, mas só visitam metade. Um pastor promete continuar uma conversa ali no hall de entrada da igreja após atender o celular, mas acaba esquecendo. A igreja promete que todos os membros terão um mentor, mas no fim das contas não há mentores o suficiente. Não crie expectativas tão altas que você fatalmente não alcançará.
7. Os críticos são sempre críticos? Pastores podem perder tempo com murmuradores. Quando o fazem, eles geralmente estão muito cansados para prestar atenção quando membros leais oferecem críticas bem fundamentadas. Não devemos gastar muito tempo ouvindo as reclamações de sempre, exceto aquelas que vêm de um novo reclamão. Em outras palavras, considere a fonte das críticas, e lembre-se que “Quem fere por amor mostra lealdade.” (Provérbios 27.6)
Quanto aos feridos e desapontados, antes de criticar seus líderes, se pergunte:
1. Eu pedi ajuda? Pastores e líderes não são oniscientes. Mesmo com as melhores estratégias de pastoreio, as pessoas cometem falhas. Se você realmente precisa de ajuda, não deixe de pedir. Eu sei que todos querem ser notados. Mas é difícil para uma dúzia de pessoas notarem cinco mil, ou vinte e poucos notarem dois mil. Ajude os seus líderes a te ajudarem.
2. Eu deixei de lado as oportunidades de me encaixar e conhecer pessoas? Antes de reclamar que você esteve na igreja por seis meses e não conheceu ninguém, pense nas maneiras que você pode fazê-lo nos próximos seis. Há algum pequeno grupo que você pode freqüentar? Há um culto mais informal que você pode comparecer? Que tal se oferecer para ajudar no berçário na próxima vez que precisarem? Você tentou aparecer nas reuniões de esportes ou de oração? 90% de “amar e ser amado” é comparecer.
3. É realista imaginar que os líderes podem dar tanta atenção pessoal para todos os membros da igreja quanto eu imagino que deveriam? É fácil pensar “tudo o que eu queria era uma visita. Não me diga que eles estavam tão ocupados que não poderiam reservar apenas uma noite para a minha família”. Mas lembre-se que você não é o único membro da igreja. Se a quantidade de carinho que você espera de seus líderes não pode ser multiplicada pelo número de pessoas da igreja, talvez você esteja esperando além da conta. Se você quer tudo, sempre estará desapontado.
4. Se eu realmente queria ser amado e notado, porque deixei de aparecer? De um lado, líderes da igreja deveriam saber quando os membros da igreja se desviaram. Bons pastores mantêm os olhos nas suas ovelhas. Por outro lado, se as ovelhas querem ser cuidadas pelo rebanho, elas não devem se afastar dele. As pessoas se magoam quando sua ausência na igreja não é notada. Mas eu tenho dificuldade em sentir muita simpatia nesse caso, a não ser que você esteja lidando com alguém com problemas de reclusão ou alguém cuja ausência não é voluntária. Não fuja se você quer ser achado.
5. Estou disposto a considerar que eu esteja mais em falta do acredito estar? Se parece que seus líderes nunca fazem nada certo, talvez seja você que está dificultando a vida – a sua e as deles.
6. É possível que eu tenha deixado de lado as maneiras que o corpo de cristo cuidou de mim porque eu esperava que uma parte diferente do corpo fosse atrás de mim? Algumas vezes os membros da igreja vão dizer “Tudo bem, meu pequeno grupo me mandou cartas, mas o pastor nunca telefonou”. Ou “Sim, os pastores sempre foram muito amigáveis comigo após o culto, mas ninguém da minha idade falou comigo”. Ou “Eu sei que os líderes se importam comigo, mas isso é o trabalho deles”. Ou, ao contrário, “Certo, meus amigos oraram por mim, mas eu nunca soube que os líderes o fizeram”. Antes de se preocupar com isso, lembre-se que o objetivo do corpo é cuidar do corpo, e não que o ombro sempre receba uma massagem especial da sua mão favorita.

7. Em geral, eu acho essa igreja e esses líderes pouco amáveis e cuidadosos? Se a resposta é sim, e você lida bem com a Questão 5, então talvez você precise de uma igreja diferente. Mas se a resposta é não, pense em dar uma segunda chance para seus líderes. Talvez eles tenham apenas dado uma mancada. Todos nós erramos de vez em quando. Eu sei que eu erro. Talvez eles estivessem muito ocupados e deram bobeira. Ou talvez você não saiba da história toda. De qualquer forma, não deixe que um equívoco afete a impressão que você tem da igreja.
Tanto para ovelhas como para pastores, os ingredientes indispensáveis para viver juntos são amor e humildade. Amor para cuidarmos dos outros como queremos ser cuidados. Humildade para considerarmos que talvez estamos em falta. É inevitável nos decepcionarmos com a igreja. Mas isso não precisa destruir a unidade do corpo de Cristo. O Senhor pode usar nossas mágoas para nos fazer lentos para falar e prontos para ouvir.
Traduzido por Filipe Schulz | iPródigo
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

domingo, 23 de novembro de 2014

Compartilhando o evangelho de forma simples


POR LEON BROWN

Com quantos não cristãos você conversa face a face regularmente, fora do horário de expediente? Com quantos deles você compartilha o evangelho? Pela minha experiência, parece que muitos dos círculos presbiterianos e reformados não possuem conhecidos fora da igreja. Infelizmente, isso afeta negativamente a forma com que as pessoas compartilham o evangelho. Antes que eu me aprofunde, entretanto, você deve estar pensando como eu devo saber que tantos cristãos em nossos círculos não possuem um grande número de conhecidos e/ou amigos descrentes com quem eles conversem e com quem eles gastem tempo regularmente.  Não digo que com todo mundo seja assim, mas perguntei para muitas pessoas como e com quem elas gastam tempo. Na grande maioria das vezes, fora das atividades do dia a dia (por exemplo, trabalho e tempo familiar), os cristãos com quem conversei ou estão nas atividades da igreja ou estão passando o tempo com outros cristãos. Em outras palavras, eles não passam muito tempo com descrentes.
Eu, por exemplo, sou extremamente agradecido por irmãos e irmãs em Cristo passarem o tempo juntos. Eu repetidamente enfatizo aos santos de nossa igreja que eles precisam abrir seus lares uns para os outros para ficarem juntos. Isso traz várias oportunidades para nos conhecermos melhor, partirmos o pão e falarmos sobre o Deus triúno. Se, no entanto, as únicas pessoas com quem você gasta seu tempo e com quem você fala sobre Deus são cristãos, isso pode afetar negativamente sua habilidade de partilhar o evangelho de forma simples.
Há alguns anos, eu levei alguns estudantes do Westminster Seminary California (onde estudei) à universidade local. A intenção era compartilhar o evangelho, convidar estudantes universitários à igreja e/ou às nossas casas, e os conhecermos. Em diversas ocasiões, os seminaristas ficaram chocados com o quão dispostos os estudantes universitário estavam para conversar sobre Cristianismo. Isso era uma boa notícia. A má notícia é que alguns seminaristas não sabiam como falar de Jesus sem usar as palavras justificação, imputação da justiça, consumação, reino de Deus ou outros clichês cristãos como “cobertos pelo sangue”. Na verdade, alguns estudantes admitiram que não conseguiam compartilhar o evangelho de forma simples porque eles tinham se imergido no linguajar seminarista/bíblico/teológico.

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                                 “Foi Deus quem me disse” e a Suficiência da Escritura
                                O Pecado Imperdoável (2)
                                 Não despreze as coisas simples da vida
                                Não baseie sua fé nas experiências
Estou certo de que palavras como justificação e consumação são palavras que aparentam ser fáceis de serem evitadas, mas o que dizer sobre outras palavras de nosso vocabulário que nós usamos facilmente, mas que, talvez, precisem ser explicadas? Palavras como Deus, julgamento, pecado, evangelho e justiça também pedem explicação. O que é pecado? Quem determinou sua definição? Pecado contra quem? Deus? Que Deus? Talvez houve um tempo em que essas palavras não precisassem de definição ou de ilustração mas, hoje, precisam. Ir até alguém, portanto, no campus da universidade ou em qualquer outro lugar (por exemplo, durante uma conversa com um vizinho) e dizer “você já ouviu sobre o evangelho?” ou algo derivado disso não é a forma mais efetiva de se começar uma conversa sobre o Senhor. O que é o evangelho? Muitos, talvez a maioria, dos descrentes não usam essa linguagem e, a não ser que eles tenham tido uma educação religiosa, a palavra “evangelho” pode não significar nada para eles.
Se você já fala do evangelho com descrentes por algum tempo, provavelmente você já se achou nessa situação de ter de explicar tudo que esteja relacionado com o evangelho. Nossa cultura, ao menos em minha experiência, exige isso. Se você não está ao menos parcialmente imerso na cultura, particularmente no que diz respeito a ter amigos não crentes, você usará, sem a explicar, a linguagem da Bíblia para falar do evangelho e, assim, errará o alvo.
A linguagem bíblica e teológica que nós utilizamos com nossos amigos cristão é boa mas, por favor, considere mudar sua linguagem e explicar o que você quer dizer quando fala do evangelho com descrentes. Se não o fizer, provavelmente estará falando em línguas estranhas com eles (1 Cor. 14.20-23).
 




Traduzido por Victor Bimbato | Reforma21.org | Original aqui
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Razões Para Orar


"Se Deus faz o que Ele quer fazer, para que serve a nossa oração?"

Steve Herzig
Tempestades de neve na região dos Grandes Lagos chegam repentinamente, acabam de repente e geralmente deixam vários centímetros de neve em uma área limitada. Vários anos atrás, eu estava viajando de Chicago, no estado de Illinois, para Cleveland, no estado de Ohio, para participar de um casamento na família. A inesperada tempestade chegou aí pelas 3h30min da madrugada.
Com minha esposa e filha serenamente adormecidas no carro, segurei firmemente a direção e dirigi bem devagar, com visibilidade zero. Minha esposa logo acordou por causa do vento frio que entrava pela minha janela que estava aberta. Eu a havia aberto para que pudesse ver a cerca de segurança no lado esquerdo da estrada. Daí a pouco ambos estávamos apavorados.
Escuridão total nos cercava à medida que zilhões de flocos de neve se acumulavam no pára-brisa. Foi aí que pedimos ao Senhor que nos levasse em segurança para uma saída. Lembro-me de ter orado assim: “Senhor, prometo que sairei da estrada na primeira saída que eu vir e não continuarei a viagem enquanto a neve não parar de cair”.
Tudo estava quieto, exceto pelos limpadores do pára-brisa, zunindo em vão para lá e para cá. Alguns momentos depois da oração, surgiram faróis acesos em meu espelho retrovisor. Tanto quanto eu sabia, eu era o único na estrada. Notei que o motorista do carro queria me ultrapassar e, à medida que cedi para lhe dar lugar, percebi que ele estava dirigindo um Jeep. Logo ele diminuiu a marcha à minha frente, criando uma proteção contra a tempestade. Segui aquele Jeep por cerca de 10 minutos até que vi uma muito bem-vinda placa de saída. Então, o Jeep deu a impressão de desaparecer enquanto eu saía da rodovia principal.
Nem minha esposa nem eu dissemos coisa alguma até que encontramos um restaurante que ficava aberto 24 horas e paramos no estacionamento. Estávamos sentados no carro, imóveis. Sabíamos que havíamos acabado de ter uma experiência de resposta de oração imediata, maravilhosa, de salvar a nossa vida. Até hoje (quase três décadas mais tarde), cremos que Deus mandou um anjo ou um motorista verdadeiramente bom para nos guiar. Oramos em nosso momento de necessidade e Ele nos respondeu prontamente. Quando terminamos nosso café da manhã antecipado, a tempestade havia passado; e, obedecendo à palavra da minha oração, saímos daquele estacionamento no que havia se tornado uma linda e clara manhã.
Será que as pessoas que oram deveriam esperar por uma resposta maravilhosa e imediata? E se o Jeep não tivesse aparecido? E se, em vez de encontrar uma saída, eu tivesse batido contra uma pedra de gelo e tido um acidente? Será que Deus seria menos do que Ele é porque eu não recebi nenhuma ajuda? Será que minha oração teria sido sem significado?
Historicamente, Deus dá três respostas ao Seu povo: sim, não e espere. Como Soberano absoluto do Universo, Ele faz o que quer, quando quer, por qualquer que seja o motivo que Ele tiver e para Seu próprio propósito.
Por toda a história, pessoas devotadas, de oração, em situações horrendas, não receberam suas respostas desejadas. Hoje, milhões de pessoas profundamente angustiadas oram fervorosamente a Deus em seus momentos de necessidade. Elas podem estar em relacionamentos difíceis, ter finanças desastrosas, ou sofrer de problemas dolorosos de saúde. Não obstante, não vêem nenhuma evidência de resposta a suas orações. Até mesmo o Senhor Jesus Cristo orou especificamente a Seu Pai: “Se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua” (Lc 22.42).
Então, para que orarmos? Se Deus faz o que Ele quer fazer, para que serve a nossa oração?

Oramos porque isto demonstra nosso relacionamento com Deus

Os cristãos geralmente se descrevem como quem tem “um relacionamento pessoal com Deus”. Tal relacionamento gira em torno da comunicação. Deus fala conosco através de Sua Palavra, e nós falamos com Ele através de nossos lábios e nossa mente. Se não ouvirmos (lermos a Palavra) ou falarmos (orarmos), o relacionamento se rompe.

Oramos porque Deus nos ordena:

“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fp 4.6-7).
Orai sem cessar” (1Ts 5.17). “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fp 4.6-7).
De acordo com a tradição judaica, o profeta Daniel orava três vezes ao dia, independentemente das circunstâncias (Dn 6.12-13). Deus quer que Seu povo ore.

Oramos porque isto demonstra nossa posição sob as ordens dEle e a nossa dependência dEle

Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra. Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda” (Sl 121.1-3).

Oramos porque esta é uma forma de servir a Deus

A profetiza Ana “adorava noite e dia em jejuns e orações” (Lc 2.37). Quando oramos, admitimos que a vida não se resume somente a mim. O apóstolo Paulo escreveu: “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graça, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito” (1Tm 2.1-2).

Oramos porque a oração fortalece a nossa fé

Ver em primeira mão a provisão de Deus através da oração respondida fortalece nosso homem interior. Disse Jesus: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mt 6.6). Oramos “àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos” (Ef 3.20).

Oramos porque vale a pena

Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tg 5.16).

Oramos porque Ele sempre responde, de uma forma ou de outra

E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito” (1Jo 5.14-15).
Quando minha esposa e eu clamamos a Deus em nossa necessidade, não sabíamos qual seria a resposta dEle. Quando o Jeep surgiu do nada, nos ultrapassou, posicionou-se à nossa frente e nos dirigiu para a saída, certamente sentimos um grande alívio. Mais tarde, quando estávamos sentados no carro dentro do estacionamento, meditando sobre o que tinha acontecido, tudo o que pudemos fazer foi orar novamente – desta vez louvando o Senhor que achou por bem nos responder.
E esta é outra razão para orar: louvar a Deus por aquilo que Ele é e agradecer-Lhe por Suas bênçãos. (Israel My Glory)

domingo, 16 de novembro de 2014

O que causou a Reforma?



Muitas pessoas tentam responder essa pergunta apontando para Martinho Lutero e suas95 Teses.
Mas se você perguntasse ao próprio Lutero, ele não iria apontar para si mesmo ou para seus escritos. Ao invés, ele daria todo o crédito a Deus e Sua Palavra.
Perto do fim de sua vida, Lutero declarou: “Tudo o que fiz foi destacar, pregar e escrever sobre a Palavra de Deus, e além disso não fiz nada. [...] Foi a Palavra que fez grandes coisas. [...] Eu não fiz nada; a Palavra fez e alcançou tudo”.
Em outro lugar, exclamou: “Pela Palavra a terra tem sido dominada; pela Palavra a igreja tem sido salva; e pela Palavra  ela também será reestabelecida”.
Notando o fundamento da Escritura em seu próprio coração, Lutero escreveu: “Não importa o que aconteça, você deve dizer: ‘Há a Palavra de Deus. Isso é minha rocha e âncora. Dela eu dependo e ela permanece. Onde ela permanece, eu, também, permaneço; para onde ela for, eu, também, irei’”.
Lutero entendia o que causou a Reforma. Ele reconhecia que foi a Palavra de Deus, pregada por homens de Deus, pelo poder do Espírito de Deus, em uma linguagem que as pessoas comuns da Europa poderia entender e quando seus ouvidos foram expostos à verdade da Palavra de Deus, ela penetrou seus corações e eles foram mudados radicalmente.
Foi esse mesmo poder que havia transformado o próprio coração de Lutero, um poder que é resumido nas palavras de Hebreus 4.12: “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes”.
Durante o fim da Idade Média, a Igreja Católica Romana havia aprisionado a Palavra de Deus no Latim, uma língua que as pessoas comuns da Europa não falavam. Os Reformadores libertaram as Escrituras ao traduzi-las. E, uma vez que as pessoas tinham a Palavra de Deus, a Reforma se tornou inevitável.
Vemos esse comprometimento com as Escrituras mesmo nos Séculos anteriores a Martinho Lutero, começando com os Precursores da Reforma:
No Século XII, os Valdenses traduziram o Novo Testamento da Vulgata Latina para seus dialetos franceses regionais. De acordo com a tradição, eles eram tão comprometidos com as Escrituras que as famílias Valdenses memorizavam grandes partes da Bíblia. Dessa forma, se as autoridades Católicas Romanas os encontrassem e confiscassem suas cópias físicas da Escritura, eles seriam capazes de reproduzir toda a Bíblia memorizada depois.
No Século XIV, John Wycliffe e seus companheiros de Oxford traduziram a Bíblia do Latim para o inglês. Os seguidores de Wycliffe, conhecidos como Lolardos, viajaram por todo o interior da Inglaterra pregando e cantando passagens da Escritura em inglês.
No Século XV, Jan Huss pregava na língua do povo, não em Latim, o que fez dele o pregador mais popular de Praga, nessa época. Porém, porque Huss insistia que somente Cristo era o cabeça da igreja, não o Papa, o Concílio Católico de Constance o condenou por heresia e o queimou na fogueira (em 1415).
No Século XVI, conforme o estudo do grego e do hebraico foi recuperado, Martinho Lutero traduziu a Bíblia para o alemão, terminando o Novo Testamento em 1522.
Em 1526, William Tyndale completou a tradução do Novo Testamento em grego para o inglês. Em alguns anos, também traduziu o Pentateuco do hebraico. Pouco tempo depois, foi preso e executado como herege – foi estrangulado e depois queimado na fogueira. De acordo com o Livro dos Mártires, de Fox, as últimas palavras de Tyndale foram “Senhor, abre os olhos do rei da Inglaterra”. E foi apenas alguns anos depois de sua morte que o rei Henrique VIII autorizou a Grande Bíblia na Inglaterra – uma Bíblia amplamente baseada no trabalho de tradução de Tyndale. A Grande Bíblia lançou os fundamentos para a famosa versão King James (completada em 1611).

O fio condutor, de Reformador a Reformador, era o firme compromisso com a autoridade e suficiência da Escritura, a ponto de estarem dispostos a sacrificarem tudo, até suas próprias vidas, para levar a Palavra de Deus às mãos das pessoas.
Eles assim o fizeram porque entendiam que o poder da reforma e avivamento espiritual não estava neles, mas no evangelho (Romanos 1.16-17). E eles usavam o termo Sola Scriptura (“Somente a Escritura”) para enfatizar a verdade de que a Palavra de Deus era o verdadeiro poder e autoridade suprema por trás de tudo que fizeram e disseram.
Foi a ignorância da Escritura que tornou necessária a Reforma. Foi o resgate da Escritura que tornou possível a Reforma. E foi o poder da Escritura que deu à Reforma seu impacto marcante, conforme o Espírito Santo levava a verdade de Sua Palavra aos corações e mentes dos pecadores, individualmente transformando, regenerando e dando a vida eterna.

Traduzido por Filipe Schulz | Reforma21.org | Original aqui
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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A Oração de Vitória


Wim Malgo
No devido tempo, para se apresentar a oferta de manjares, aproximou-se o profeta Elias e disse: Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, fique, hoje, sabido que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo e que, segundo a tua palavra, fiz todas estas coisas. Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo saiba que tu, Senhor, és Deus e que a ti fizeste retroceder o coração deles. Então, caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água que estava no rego. O que vendo todo o povo, caiu de rosto em terra e disse: O Senhor é Deus! O Senhor é Deus! Disse-lhes Elias: Lançai mão dos profetas de Baal, que nem um deles escape. Lançaram mão deles; e Elias os fez descer ao ribeiro de Quisom e ali os matou” (1 Rs 18.36-40).
Na vida de Elias vemos uma representação da oração de vitória. Sua oração venceu e derrotou o inimigo. Quem era esse inimigo? Era Baal com seus sacerdotes, o ídolo e seus servos. Eles haviam desviado o povo da genuína devoção ao Senhor, se apossado do coração de Israel e arrastado o povo a servir ao Senhor pela metade, de coração dividido. Toda a terra estava infestada com esse pecado. É uma boa imagem das forças do mal que nos cercam e que infestam o mundo todo. São os poderes das trevas que nos tentam à preguiça, à incredulidade e à paixão pelo mundo, à idolatria, a uma vida cristã pela metade e a seguirmos ao Senhor de coração dividido. Preste atenção: Elias derrotou o inimigo. Como? Através da oração! Tornemo-nos pessoas que oram! Todos os inimigos ao nosso redor são obrigados a fugir diante da santa majestade da presença de Deus, que se revelará pelas nossas orações. E o Deus de Elias vive ainda hoje!

Como era a oração de Elias?

1.Era uma oração concreta

A oração precisa e específica abriga um grande mistério! O Senhor Jesus nos diz que não devemos usar de vãs repetições, ou seja, não devemos usar muitas palavras, como fazem os gentios. Ele está querendo dizer que nossas orações devem ser claras e centradas no alvo, que devemos orar especificamente pelo que está em nosso coração. Muitos vivem dentro de uma bolha de religiosidade, usam um vasto repertório de palavras e frases feitas quando se dirigem ao Senhor, e quando se erguem de seus joelhos já não sabem o que oraram e quais foram, de fato, seus pedidos ao Senhor. Aprenda você também a orar concretamente. Uma oração concreta não é nada mais do que contar com a presença do Salvador vivo, poderoso para interferir e ajudar neste exato momento. Elias disse: “fique, hoje, sabido que tu és Deus em Israel”.

2. A oração de Elias tinha a motivação correta

A motivação mais profunda do coração de Elias nem era em primeiro lugar a conversão do povo, mas a honra do Senhor. Ele diz: “fique, hoje, sabido que tu és Deus em Israel... e no versículo 37: “Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo saiba que tu, Senhor, és Deus... A ardente paixão da vida de Elias era a glória de Deus e a honra ao Seu nome. Então, no versículo 37 lemos o que ele diz: “...e que a ti fizeste retroceder o coração deles”. É muito bom que você ore pela conversão de sua esposa, de seu esposo ou de seu filho, mas... por que você quer mesmo que eles se convertam? Sua resposta é: para que não continuem perdidos? Então, preciso lhe dizer que essa é uma motivação pouco profunda. Mesmo que o Senhor, em Sua graça, ouça os seus pedidos, a resposta é adiada e freada pela sua motivação egoísta. Sim, é muito importante que seus queridos não se percam. Há mulheres que oram pela conversão de seus maridos, mas muitas vezes a motivação mais profunda de seu coração é ter uma vida mais fácil e usufruir a companhia do marido na hora de ir à igreja, e não a glória de Deus em primeiro lugar. Como Deus é paciente! Quando você orar pelos seus familiares, o impulso prioritário deveria ser: “Senhor, Teu Nome está sendo blasfemado pela vida perdida de meu esposo (ou de meu filho, etc). Por favor, salva-o para que Tu sejas honrado e glorificado e para que Tu recebas o fruto do penoso trabalho de Tua alma”. A glória do Senhor deve ser o alvo supremo de nossas orações.

3. A oração de Elias estava embasada na absoluta certeza de ser atendido

Como é que ele podia ter a certeza de que o Senhor atenderia imediatamente sua oração curta e simples? Ele poderia fazer papel de ridículo na frente dos sacerdotes de Baal. Todos olhavam atentos e tensos esperando o resultado. Creio que a certeza de Elias advinha de sua completa obediência ao Senhor. Em sua oração ele clama: “fique, hoje, sabido que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo e que, segundo a tua palavra, fiz todas estas coisas”. Em outras palavras ele disse: “Senhor, não estou aqui por iniciativa minha. Fiz tudo o que me ordenaste fazer. Agora, faze Tu o que eu não consigo fazer”.
Nós podemos orar vitoriosamente, podemos dar o primeiro passo de fé quando nos encontramos em solo sagrado, ao pé da cruz.
Vemos como é decidida a vida de obediência de Elias nas suas atitudes e ações visíveis: primeiro, ele não teve a coragem de orar como orou antes que o altar do Senhor, que estava em ruínas, tivesse sido restaurado (v.30). Ele encontrava-se em solo sagrado, perto do altar. Portanto, nós igualmente podemos orar vitoriosamente, podemos dar esse primeiro passo de fé somente quando nos encontramos em solo sagrado, ao pé da cruz. Se continuamente entregamos nosso velho homem à morte em Jesus, podemos dizer: “Senhor, fiz tudo conforme a Tua Palavra”.
Em segundo lugar, Elias somente começou a orar quando era tempo de trazer a oferta de manjares (v.36). Que ilustração maravilhosa, se pararmos para pensar que a oferta de manjares era um dos cinco sacrifícios do Antigo Testamento onde não havia derramamento de sangue. A oferta de manjares é uma indicação da vida de Jesus, que não precisava de sangue para sua própria expiação pois não tinha pecado. A Carta aos Hebreus diz que “nos temos tornado participantes de Cristo” (Hb 3.14). Portanto, deveríamos nos identificar com a oferta de manjares, com a vida de Cristo, pois assim diz o Senhor: “Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2b). Estar em solo sagrado, estar ao pé da cruz e viver conscientemente uma vida de santificação é a expressão prática de nossa obediência a Deus, através da qual o Senhor atende nossas orações e envia fogo do céu. Por essa razão João diz em sua primeira carta, no capítulo 3.22: “e aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável”. Lembremos que Elias, como também o diz Tiago, era um homem como nós. Mas Elias era tão poderoso em oração porque fazia o que o Senhor queria. Você já conhece o resultado triplo da oração de Elias?

Quando Elias orou...

1. O fogo do Senhor caiu e consumiu tudo, não apenas o sacrifício, mas inclusive as coisas materiais: a lenha, pedras, terra e água. Como é maravilhoso quando aprendemos a orar como Elias orava: estar em solo sagrado, ao pé da cruz, com vidas santificadas! Então, o Senhor aceitará nossa oferta, e tudo o que é terreno será consumido por Seu fogo.
2. Através da oração de Elias o povo cego reconheceu o Senhor, pois exclamou: “o Senhor é Deus! O Senhor é Deus!” Se quisermos que este mundo endurecido e obstinado, religioso e cego para as coisas de Deus venha a reconhecer outra vez a glória do Senhor, é necessário que homens e mulheres orem como Elias.
3. Outra conseqüência da oração de Elias foi que, na mesma hora os inimigos teimosos, que seduziam e enganavam o povo, foram derrotados e aniquilados.
Já que o Deus de Elias vive e é o mesmo ainda hoje, eu pergunto: Quem quer orar como Elias? Você quer? Então ajoelhe-se e consagre-se ao Senhor agora mesmo! (Wim Malgo -http://www.chamada.com.br)