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terça-feira, 22 de outubro de 2013

"O céu não é o meu lugar"



"Essa ideia de ir para um lugar onde os prazeres, a matéria, a nossa humanidade são negados vem de longe, vem dos gregos. A ideia de que a terra é toda pecaminosa e só uma desencarnação pode purificar-nos eternamente…"
"Chego a conclusão que o céu não é o meu lugar, pelo menos esse céu mitológico não."
Quem nunca ousou imaginar como será o céu?
Nuvens brancas, fofas e planas, pessoas com mantos brancos. Todos falam bem baixinho, de forma controlada, harpas por todos os lugares com músicas suaves.
Ninguém anda, todos flutuam. As vestes estão impecáveis de tão limpas, afinal não tem onde se sujar. Temos algumas frutas servidas na mesa, mas não precisa comer, é apenas decoração. Ninguém sente cheiro de nada.
Tem muitos abraços, carinho no rosto, mas não tem beijos “calientes” com a amada, não tem mordida, não tem sexo…, socorro! Acho que virei um anjo!!!
Nunca gostei desse céu mitológico da sociedade.
Cadê as cores das matas? O marrom das montanhas? O céu preto da noite nublada? Aqui na terra tive todas as experiências boas com as cores, não quero deixá-las.
Cadê aquele meu amigo que não sabe falar baixo? Cadê o silencio sendo rompido com uma risada escandalosa do meu pai? Cadê o grito da torcida do time do meu coração? Cadê o Rock and Roll? Aqui na terra tive todos os sons, todas as músicas, todos os instrumentos, não quero deixá-los.
Cadê o esporte que eu gosto? O trabalho que me da prazer e que o próprio Deus me deu o dom? A lasanha, o churrasco, a Coca-Cola? Aqui na terra tive todos esses gostos e essas ocupações, não quero deixá-los.
Cadê o cheiro dos perfumes importados?  Cadê o olhar sedutor da minha esposa? Cadê o sexo? Tive a companhia dela nessa terra, não quero deixá-la.
Chego a conclusão que o céu não é o meu lugar, pelo menos esse céu mitológico não.
Essa ideia de ir para um lugar onde os prazeres, a matéria, a nossa humanidade são negados vem de longe, vem dos gregos. A ideia de que a terra é toda pecaminosa e só uma desencarnação pode purificar-nos eternamente…
Fico tão feliz que essa ideia e esse céu não são os mesmos descritos pela bíblia.  Esse conceito negativo da matéria e do prazer nunca foi o judaico-cristão, nunca foi revelado por Deus, nem no Antigo e nem no Novo testamento.
Muito pelo contrário. A encarnação de Jesus,  aquele que João descreve em sua primeira carta como alguém possível de  se tocar, beijar e abraçar, é  a prova de que tudo o que vivemos hoje, mesmo deturpado pelo pecado, não será jogado fora, e sim restaurado.
A ressurreição de Jesus é a inauguração de uma nova era, onde toda a criação tem uma esperança de restauração e salvação eterna. Jesus ao ressuscitar é o  primogênito da nova criação, de um novo reino, de uma nova humanidade.
Não quero apenas que minha alma seja salva, quero que meu corpo, minha história, minha identidade, minha família seja salva também. Certa vez ouvi que Alma sem corpo é fantasma e corpo sem alma é defunto.
Jesus ao ressuscitar mostra que a salvação não é só para as nossas almas, mas para o homem todo, para toda a criação.
Apocalipse revela que haverá um dia quando Deus se mudará para a terra, onde tudo foi restaurado e não haverá mais choro, nem dor, tampouco morte e tudo será o novo céu e nova terra.
“Ouvi uma voz, como um trovão, vinda do trono: “Olhe! Olhe! Deus está de mudança: vai morar entre homens e mulheres! Eles são seu povo, ele é o Deus deles. Ele vai enxugar toda lágrima dos olhos deles. A morte se foi de vez, e também se foram as lágrimas, o choro e a dor. A primeira ordem das coisas não existe mais”. Aquele Que Está Entronizado continuou:“ Olhe! Faço tudo novo. Apocalipse 21:3-5
É até difícil imaginar essa nossa vida aqui sem o mal, a cidade sem o desprezo dos guetos, os relacionamentos sem nenhum choro, o trabalho sem angustia da cobrança, o passar do tempo sem morte.  A nova terra será tão boa que até Deus se mudará para cá, não sou eu que vou ter que voltar para casa e sim Deus que fará da terra de novo a sua casa.
“Não permitirei que vocês fiquem órfãos. Eu voltarei!” João 14:18
Encontrei o meu lugar, esse é o meu lugar, a terra é o meu lugar. Viver a eternidade perto de Deus na nova terra. Tirar o que o pecado estragou nessa vida e potencializar o que temos de bom de Deus hoje. Esse é o lugar que quero passar a eternidade.
[Versão dos texto parafraseado da bíblia A Mensagem]

domingo, 13 de outubro de 2013

A Igreja.

 


A.H.Rule

A Palavra de Deus mostra claramente que havia, para o ministério, dons de diversos tipos, mas nunca insinua que a Igreja concedesse tais dons, ou que ela dava a autoridade necessária para que fossem usados. Os dons são divinamente concedidos, e a autoridade flui diretamente da Palavra de Deus. "Ora há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo" (1 Co 12:4-5). Aqui vemos que o Espírito distribui os dons, e que o Senhor dirige os serviços. As nomeações feitas pelo homem e a vontade do homem são coisas que permanecem totalmente de fora.

A nomeação humana para o ministério tem sido a fonte de muito mal em toda a Igreja professa. Tem sido a maneira de empurrar muitos para a obra, pessoas sem nenhuma aptidão para tal. E tem impedido o ministério de muitos que possuem o dom para ele, mas que foram incapazes de cumprir as exigências do sistema humano para que pudessem ser ordenados. Quão solene é que homens coloquem-se entre Deus e aquele a quem Ele dotou para o ministério, ou ordenem para a obra do ministério aqueles aos quais Deus nunca dotou.
Que possamos entender o quão solene é isso, e procurarmos edificar juntamente com Deus e no Seu temor, ainda que isto nos faça separar da grande multidão que está edificando debaixo da autoridade humana. O servo do Senhor é responsável por ser fiel a todo custo, e ainda que venha a servir sozinho, será melhor fazê-lo assim, com a aprovação do Senhor, do que sem esta, mesmo que conte com todo o louvor que vem dos homens. O mundo pode chamar isto de tolice, e seus irmãos podem achar que ficou louco, mas o que importa? Porventura Paulo não foi rejeitado, odiado e perseguido? E até aqueles que eram o selo do seu ministério envergonharam-se de suas cadeias. Todos os da Ásia o abandonaram, mas o Senhor permaneceu com ele e o fortaleceu. E acaso o servo do Senhor não conta com o mesmo recurso hoje? Porventura não pode ele contar com o Senhor? O Senhor é fiel, e isto é suficiente para o servo que verdadeiramente conhece seu Senhor. A recompensa não é agora; ela virá no devido tempo.
Não há duvida de que o verdadeiro servo irá encontrar muita dificuldade. Sempre foi assim, e não será diferente agora. A confusão se estabeleceu e a senda do verdadeiro servo passa em meio a ela. Os membros de Cristo encontram-se espalhados em muitas seitas, e o servo deve conservar-se pronto e à disposição do Senhor para ir a qualquer um desses membros e ministrar segundo a sua necessidade. Se isso interferir com os planos e projetos dos homens, ele nada tem a ver com isso. É a Deus que ele tem que dar conta de si mesmo, e não aos homens.
O caminho é difícil por causa da confusão existente; e os homens procurarão torná-lo cada vez mais difícil, mas Aquele que tem a chave de Davi, que abre e ninguém fecha, e fecha e ninguém abre, é capaz de prover uma porta aberta para o Seu servo, porta essa que ninguém pode fechar. Bendito será aquele servo que reconhecer sua comissão como vinda diretamente da Cabeça, e que atuar como se só Ele o visse, buscando a Sua glória e a bênção de todos os Seus membros. Não importa o que o seu trabalho possa parecer aos olhos dos homens, naquele dia em que as obras serão provadas, será visto que a sua obra esteve apoiada no alicerce e que ele construiu com ouro, prata e pedras preciosas que permanecerão para sempre.
Neste tempo de confusão e ruína, possamos receber, tanto o aviso como o encorajamento vindo das últimas instruções de Paulo a Timóteo, seu filho na fé: "Conjuro-te pois diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na Sua vinda e no Seu reino, que pregues a Palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina" (2 Tm 4:1-2).

A.H.Rule, "A Few Thoughts on The Church", Christian Treasury, Jun. 94

domingo, 6 de outubro de 2013

Oração abominável


O que desvia os ouvidos
de ouvir a lei,
até a sua oração será abominável
Provérbios 28.9
A história nos mostra que não é de hoje, nem de minha geração, que se enfatiza a necessidade de oração.
Fui ensinado, desde criança pequena, a não dormir, não me levantar e nem comer, sem orar. Mais tarde conheci quem não começa o mês sem uma semana de oração ou o ano sem uma reunião especial agradecendo a Deus pelo que passou e pedindo um bom ano novo.
Não estou dizendo que orar seja errado. De modo algum. As Sagradas Escrituras estão cheias de exemplos de homens de oração, a começar com o próprio Senhor Jesus. Vão mais longe: são claras em ordenar o quase incompreensível: “Orai sem cessar” (1Ts 5.17). Entretanto uma oração pode ser abominável como o texto acima nos garante.
O Senhor Jesus também condena as orações repetitivas: “E orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos” (Mt.6.7).
Porém, além de não ser ouvida, como as orações cheias de repetições tolas, o texto fala de uma oração, que aos olhos de Deus é abominável, e deixa claro que ela tem essa qualidade em função de ser feita por quem não considera a Lei de Deus.
O original se refere à Torah - o que nós protestantes chamamos de Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) - porém, à luz do Evangelho, entendemos como uma referência direta à totalidade das Sagradas Escrituras: consequência daqueles cinco benditos livros.
Mas, deve ficar claro que “tapar os ouvidos à Lei” não significa apenas gesto físico. Aqui temos uma figura de linguagem em que a coisa material é tomada por sua função.
O texto está dizendo que a pessoa que não orienta seu viver pelos ensinos da Escritura, ao orar, está cometendo uma abominação diante de Deus. Isso fica óbvio quando se pensa em alguns aspectos. Por exemplo:
1. Pedidos que contrariam os desígnios de Deus. Na maioria das vezes não conhecemos a vontade de Deus a respeito de nossa própria vida - o Apóstolo Paulo pediu que lhe fosse tirado o “espinho da carne” e ouviu “minha graça te basta” - mas sabemos a vontade geral. Deus não deseja que quebremos seus mandamentos. Portanto pedir sua bênção sobre uma união desonesta, ou sobre um negócio ilícito, por exemplo, é abominação.
2. Orar com outra intenção que não seja falar com Deus. Há quem ore para ser visto pelos outros ou para predispor-se a alguma ação.
No primeiro caso, nosso Senhor Jesus condenou tal prática com tanta veemência que parece que era corriqueira em seus dias. Por sua descrição no Sermão do Monte, parece que alguns ficavam em pontos estratégicos para serem vistos orando.
Já conheci quem aproveitasse a oração para elogiar a si próprio ou fazer um verdadeiro sermão com exortação.
Há como documentar algo semelhante: No livro Este Mundo Tenebroso (não é uma recomendação de leitura. Pelo contrário: se não leu, não leia) há uma oração de uma velhinha, muito marcante no enredo, que se dirige a Deus cândida e fervorosamente, mas logo começa a repreender a Satanás. Quando li, fiquei pensando com quem ela estava realmente falando.
No segundo caso, há quem ore para si mesmo. É o que ensinam muitos pregadores do evangelho da prosperidade. Dizem: Repita o que você quer. Exija com detalhes e você conseguirá ver seu desejo realizado. Isso sequer pode ser chamado oração.
Nossa oração deve ser feita com a simplicidade e confiança de uma criança que pede algo a seu pai. Não um moleque traquinas e mimado, mas uma criança amável e amada. Do contrário Deus a terá por abominável.