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quinta-feira, 30 de maio de 2013

Toque o mundo inteiro pela oração



A oração tem um caráter universal. Você pode tocar o mundo inteiro pela oração. O apóstolo Paulo trata desta verdade com diáfana clareza (1Tm 2.1-3).
1. A primazia da oração (1Tm 2.1a). “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas…”. As palavras próton pánton “antes de tudo”, indicam primazia de importância e não de tempo. A oração não é um apêndice no culto, mas parte vital dele. Os apóstolos entenderam a primazia da oração, quando decidiram: “Quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra” (At 6.4).
2. A variedade da oração (2.1b). “… que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças…”. Muito embora o objetivo de Paulo é insistir na centralidade da oração mais do que numa análise de seus tipos, o apóstolo usa aqui quatro formas de oração.
Primeiro, as “súplicas”. Elas estão relacionadas à apresentação de um pedido ou uma necessidade a Deus. A ideia fundamental da palavra grega deesis, é um sentimento de necessidade. A oração começa com esse sentimento de nossa total dependência de Deus. Oração é a insuficiência humana aproximando-se da suficiência divina.
Segundo, as “orações”. Designam o movimento da alma em direção a Deus. As orações são um ato de adoração a Deus, exaltando-o pela excelência de seus atributos e rogando a ele pela grandeza de suas misericórdias.
Terceiro, as “intercessões”. Elas estão relacionadas com a súplica em favor de alguém ou de alguma coisa. A palavra grega enteuxis traz a ideia de entrar na presença do rei para lhe fazer uma petição. Portanto, nenhum pedido é grande demais para ele. Para Deus não há impossíveis!
Quarto, as “ações de graças”. Elas tratam da nossa gratidão a Deus pelo que ele tem feito. A palavra grega eucaristia, deixa claro que orar não é apenas aproximar-se de Deus para adorá-lo por quem ele é, e rogar a ele suas bênçãos, mas, também, e sobretudo, agradecê-lo pelo que ele tem feito.
3. O alcance da oração (2.1c,2). “… em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade…”. A oração transpõe todas as barreiras geográficas, culturais e religiosas. Paulo destaca três alcances da oração:
Primeiro, “em favor de todos os homens”. Isso significa que nenhuma pessoa está fora da esfera das nossas orações. Devemos orar pelos salvos e não salvos; pelos irmãos e até pelos inimigos. A expressão “todos os homens” neste contexto significa todos os homens sem distinção de raça, nacionalidade ou posição social e não todos os homens individualmente, tomados por um.
Segundo, “em favor dos reis”. Mesmo que essas autoridades sejam perversas, como era o caso do imperador Nero, devemos orar por elas. Mesmo que pessoalmente sejam pessoas indignas, a posição que ocupam merece nosso respeito e deve ser objeto das nossas orações.
Terceiro, “em favor dos que se acham investidos de autoridade”. A Bíblia é clara em afirmar que toda autoridade procede de Deus e é ministro de Deus para coibir o mal e promover o bem (Rm 13.1-3). Em vez de falar mal das autoridades, devemos orar por elas.
4. Os propósitos da oração (2.2b,3). Com que propósito devemos orar? Devemos orar para vivermos uma vida tranquila e mansa. A vida tranquila refere-se a uma vida livre de inquietudes externas, enquanto a vida mansa é uma vida que está livre de perturbações internas. Devemos orar para vivermos com toda piedade e respeito. Devemos orar porque isto agrada a Deus. O Pai se agrada de ver seus filhos orando e vivendo em sua dependência. O Pai se agrada em ver seus filhos colocando-se na brecha em favor de todos os homens, bem como dos reis e das demais autoridades constituídas.

domingo, 26 de maio de 2013




João 16.13-14 fala do Espírito da verdade. Há nessa passagem alguma referência à unidade espiritual dos crentes?
No sermão de despedida de nosso Senhor encontramos em João 14.18 uma declaração muito comovente, em que Ele comunica a Seus discípulos: “Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós outros”.
O Senhor Jesus fala de três coisas:
  1. De Sua morte próxima (indiretamente).
  2. Sobre Sua ressurreição; Ele vol­tará.
  3. Sobre o envio do Espírito Santo, por meio de quem Ele estaria para sempre com Seus discípulos.
É tocante ver o Senhor preocupando-se com Seus discípulos e encorajando-os, ao descrever a grande bênção do envio do Espírito Santo, o Consolador: “Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei” (Jo 16.7). Nos versículos 8-15 o Senhor fala ainda mais sobre o Espírito Santo. Os versículos 13-14 merecem ser analisados da perspectiva de “unidade promovida pelo Espírito”: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (Jo 16.13-14). É claro que esse texto não fala diretamente de unidade. Ele fala do ministério especial e da ação do Espírito Santo que tem, sim, muito a ver com unidade espiritual.

União que vem de baixo

Hoje já existe uma “união”, não produzida pelo Espírito. É uma “unidade promovida por espíritos”, que vem de baixo. Essa chamada unidade segue sobre dois trilhos: por um lado, é a globalização política mundial e, por outro, a união religiosa, conhecida há muitos anos como “movimento ecumênico”. As terríveis maquinações, justamente por essa globalização religiosa, são bem conhecidas. A globalização política se propõe a formar a união secular; o ecumenismo, a união “cristã”. Mas os dois movimentos se originam da mesma fonte: vêm de baixo e são obra do grande inimigo de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Globalização política significa a soma de esforços do mundo inteiro, que cria cada vez mais instâncias impelindo o mundo à sua unificação. E o ecumenismo nada mais é do que uma aliança religiosa mundial que pretende ser uma “plataforma comum” a cristãos de todas as variantes. Mas filhos de Deus que são fiéis à Bíblia sabem que tanto uma como a outra iniciativa de união global acabará por servir a apenas um senhor, que será o Anticristo. É ele que um dia dominará o mundo todo. Ele ainda não chegou. O homem forte ainda não está entre nós, mas sua rede fatal já está sendo diligentemente tecida há anos – tanto em seu formato religioso quanto na sua configuração política. Afinal, tudo deve estar preparado quando ele vier a público.

O homem forte ainda não está entre nós, mas sua rede fatal já está sendo diligentemente tecida há anos – tanto em seu formato religioso quanto na sua configuração política.
No livro de Provérbios encontramos uma declaração interessante justamente sobre união e soma de forças. O texto fala de pessoas que tentam prender outros a si e a seus planos, dizendo: “acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos de despojos a nossa casa; lança a tua sorte entre nós; teremos uma só bolsa” (Pv 1.13-14). Na Bíblia Viva lemos: “Conseguiremos riquezas de toda espécie e ficaremos ricos de verdade! Venha fazer parte de nosso bando; tudo que ganharmos será dividido igualmente” (Pv 1.13-14). Percebe-se nitidamente a busca de união, que culmina na declaração: “tudo que ganharmos será dividido igualmente”. É justamente aí que a Bíblia nos alerta com veemência a não tomarmos parte nesse tipo de fraternidade: “Filho meu, não te ponhas a caminho com eles; guarda das suas veredas os teus pés; porque os seus pés correm para o mal e se apressam a derramar sangue” (Pv 1.15-16). Essas palavras certamente representam uma advertência muito enfática a nos mantermos afastados da união tão buscada atualmente – tanto política como religiosa. Os esforços por unificação política não nos afetam realmente, mas tanto mais os esforços na área religiosa-espiritual. Esses impulsos ruinosos já existem há décadas com suas tentativas de infiltração na Igreja de Jesus. Queridos amigos, diante desse desenvolvimento funesto precisamos marcar presença e nos posicionar firmemente contra essa falsa doutrina.

Unidade bíblica

Primeiramente, precisa ficar estabelecido que a Bíblia nunca, jamais, fala de paz e união a qualquer preço. É fatal fazer tudo, estar disposto às maiores concessões, pagar qualquer preço – apenas para que haja uma união duvidosa. Na Bíblia não encontramos união a qualquer preço, mas encontramos Cristo a qualquer preço! União verdadeira é uma Pessoa: Jesus Cristo.
Por mais simples que pareça, é fato que a Igreja de Jesus tem, na Pessoa de seu Senhor e Salvador Jesus Cristo, todos os pré-requisitos para ser uma unidade genuína. A unidade real está personificada em Jesus. Mas não só isso: ela está fundamentada na comunhão com o Pai e o Filho. Basta pensar na oração sacerdotal, onde nosso Senhor fez declarações tão grandiosas como: “eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim” (Jo 17.23). Ou pensemos em Colossenses 3.3, onde Paulo escreve: “porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus”.
Oculta juntamente com Cristo, em Deus.” Essas palavras descrevem expressivamente o fundamento da unidade cristã! É essa unidade que nos mantém juntos e ligados. Pois todos nós, que somos filhos de Deus, podemos testemunhar juntamente com Paulo: “...já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20). Se Jesus personifica a união, então tem imenso significado o fato de Ele viver em nós. Fundamentalmente, Ele habita em cada crente. Mas, apesar disso, Jesus pode estar fora da porta de muitos corações de filhos de Deus. Em Apocalipse 3.20 o Senhor teve de dizer à igreja cristã de Laodicéia: “Eis que estou à porta e bato”. Naquela época, a igreja havia se contaminado pelo pecado. Por isso, Jesus não se encontrava mais em seu meio, mas fora da porta.
Se nos contaminarmos por um pecado qualquer e não o levarmos imediatamente à cruz para recebermos perdão, nossa comunhão com o Salvador fica interrompida. Quando isso está acontecendo, obviamente é um despropósito falar de unidade e união. Portanto, a cada novo dia, esteja preocupado em poder exclamar juntamente com Paulo: “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim!” (Gl 2.20).
Isto é unidade verdadeira: Cristo em mim! Cristo está em mim e em todos os meus irmãos – isso é unidade vivida na prática. Que atmosfera de força e de alegria pode existir dentro da Igreja de Jesus se os filhos de Deus se preocuparem em estar, de fato, cheios de Cristo e plenos do Seu poder! Pois nEle temos recebido, todos nós, a base real para formarmos uma unidade.
Essa morada interior do Único Salvador em todos os crentes tem uma conseqüência grandiosa, descrita em Colossenses 3.9-10: “...vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”. Portanto, a unidade na Igreja é possível porque cada um que vem se juntar a ela revestiu-se do caráter de Cristo, revestiu-se de Jesus. Cristo vive nele e também em cada um dos outros. Todos nós fomos renovados segundo a imagem de nosso Salvador. O maravilhoso nesse processo é que, com base nessa unidade, um dia será possível o arrebatamento da Igreja plenamente unida!

Unidade promovida pelo Espírito

Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (Jo 16.13-14). Esse texto obviamente nos diz muitas coisas, mas acima de tudo fala da unidade espiritual. A habitação do Espírito Santo em todos os filhos de Deus corporifica a unidade da Igreja de Jesus. O que acontece na prática quando Jesus habita em mim pelo Espírito Santo? Nada mais e nada menos do que aquilo que o Senhor disse acerca do Seu Espírito Santo:“Ele me glorificará” (Jo 16.14).

“...da mão do meu Pai ninguém pode arrebatar” (Jo 10.19).
Unidade promovida pelo Espírito é realmente a obra do Espírito Santo nos filhos de Deus. Para que essa unidade – a sobrepujante vida do Salvador – possa desabrochar plenamente em mim, faz-se necessário o ministério do Espírito Santo. Ele quer glorificar a Cristo em nós em toda a plenitude. Exemplos disso são fornecidos pelo apóstolo Paulo na Carta aos Romanos: “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17). “E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo” (Rm 15.13). Coisas como justiça, paz, alegria, esperança nos são dadas exclusivamente em Jesus Cristo, como explica o apóstolo Pedro: em Jesus “...nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua glória e virtude” (2 Pe 1.3). Paulo também proclama a boa-nova: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm 8.32).
Como é que todas essas virtudes e bênçãos adquirem vida prática? Pelo poder do Espírito Santo. É o que diz João 16.13-14, que já citamos. É o Espírito Santo que deseja proclamar e engrandecer a vitória de Jesus no nosso dia-a-dia. Ele quer transformar em experiência real a vida superabundante que há em Cristo. O Espírito Santo quer tornar efetivo em nossa existência tudo o que tem a ver com Jesus. Nosso Senhor resume a maravilhosa ação do Espírito Santo em poucas palavras: “Ele me glorificará” (Jo 16.14).
Em João 16.13 nosso Senhor diz acerca do Espírito Santo: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade”. A verdade em pessoa é o próprio Jesus Cristo (Jo 14.6). Portanto, se o Senhor Jesus fala a respeito da verdade dizendo que é o Espírito Santo que nos conduzirá a toda ela, então está em primeiro plano o próprio Salvador. A declaração em si já prova a unidade espiritual entre Jesus e Seu Espírito. O Espírito Santo conduz a toda a verdade, que é Jesus.
João 16.13-14 continua falando do ministério do Espírito Santo: “...não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar”. Esse texto também enfatiza a unidade espiritual. Pois o Espírito Santo fala apenas aquilo que diz respeito diretamente ao Senhor Jesus. O Espírito Santo não fala de coisas novas, Ele não traz novos ensinamentos. Somente fala do que tem relação com o Salvador. Você reconhece a clareza da mensagem? Você percebe o testemunho imponente do que significa unidade no Espírito? É ministério do Espírito Santo transformar em vida abundante em nós tudo aquilo que recebemos de Jesus e por meio de Jesus. E isso nada mais é do que unidade espiritual.

Unidos, mas nem sempre da mesma opinião

Será que unidade espiritual significa necessariamente a inexistência de opiniões diferentes? Não, pois todos nós sabemos que existem assuntos em que os cristãos têm o direito de ter opiniões diferentes. Mas onde Cristo realmente é o centro da comunhão, onde Ele de fato tem todo o direito de habitar e agir, coisas secundárias deixam de ser motivo de desavença. Onde Jesus ocupa o Seu devido lugar, os crentes se concentram no que é essencial. Isso não quer dizer que somente eu tenho a verdadeira visão das coisas e que todos os outros precisam pensar como eu. Significa que eu me empenho com todos os meios de que disponho para que meu próximo, que talvez tenha outra opinião acerca de algum assunto menos importante, veja o Senhor em mim, e eu O veja nele. Isso nos fará estender as mãos fraternalmente apesar das diferenças. E ambos não olharemos mais para o que nos separa, mas para o que nos une.
Para muitos, unidade espiritual significa que todos precisam pensar como eles pensam. Mas é justamente isso que cria tantos conflitos e brigas. Unidade espiritual significa que Cristo cresça mais e mais em mim, pelo Espírito Santo. E quanto mais isso for acontecendo, mais estarei em condições de viver conforme 2 Coríntios 5.16: “Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne...” Na prática, significa que deixo de julgar meu próximo com base nas minhas próprias convicções e passo a avaliá-lo conforme nosso comum Senhor. Quanta paz, quanto amor e compreensão poderiam advir entre cristãos fiéis à Bíblia se todos adotassem essa postura! Quantas querelas inúteis seriam evitadas ou nem chegariam a surgir!
No Livro de Eclesiastes encontramos uma passagem muito peculiar: “Quem é como o sábio? E quem sabe a interpretação das coisas? A sabedoria do homem faz reluzir o seu rosto, e muda-se a dureza da sua face” (Ec 8.1). Aqui vemos a Cristo, pois conforme 1 Coríntios 1.30, Ele se tornou sabedoria para nós. Nosso Salvador está apto a iluminar de tal forma o semblante de alguém que até suas feições são transformadas. Seu coração será repleto de amor fraternal. Se o Senhor Jesus consegue habitar cada cantinho da nossa vida e estar presente em cada situação por que passamos, então seremos capazes de amar, independentemente de tudo. Sem dúvida precisamos nos submeter à ordem de Filipenses 2.3, onde Paulo escreve: “...por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo”. Sejamos francos: não é nosso orgulho que muitas vezes nos impede de estender a mão a nosso irmão ou irmã quando não nos entendemos? Como cristãos renascidos, deveríamos tentar enxergar as coisas que nos unem, não as que nos dividem! Obviamente precisamos ser cautelosos. Às vezes, o caminho entre diferença de opinião e falsa doutrina é bem curto. Por isso, deveríamos examinar atentamente se está em jogo alguma bagatela sem relevância, algo que é secundário, ou se estamos discutindo uma falsa doutrina.

O Consolador


“A sabedoria do homem faz reluzir o seu rosto, e muda-se a dureza da sua face” (Ec 8.1).
No Evangelho de João, por quatro vezes o Senhor Jesus fala do Espírito Santo como Consolador (Jo 14.16,26; Jo 15.26; Jo 16.7).
Para o Senhor Jesus era muito importante não deixar os discípulos órfãos. Ele tomou providências para que nada lhes faltasse depois de Sua despedida. Ele não os abandonou à própia sorte. O Consolador lembrá-los-ia de Suas palavras. Por duas vezes o Senhor fala de forma marcante sobre esse anseio: “mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (Jo 14.26). “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim” (Jo 15.26).Essa preocupação de Jesus é compreensível, uma vez que na ascensão uma nuvem O encobriu diante dos olhos dos discípulos, e então Ele desapareceu definitivamente (At 1.9). Pouco tempo depois, os discípulos foram expostos a uma tempestade impetuosa: não demorou muito, e Pedro e João já se encontravam como se fossem criminosos diante do Sinédrio em Jerusalém. E esse foi apenas o começo. Os discípulos de Jesus foram muitas vezes antagonizados e perseguidos implacavelmente. Nesse contexto conseguimos entender como era maravilhoso o presente que o Senhor deu a Seus discípulos.
O Senhor Jesus não apenas lhes enviou o Consolador, mas também confiou a Ele a tarefa especial de lembrá-los sempre de Suas palavras. Isso pode e deve nos alegrar e animar. Hoje sentimos mais do que nunca a resistência e oposição do inimigo, fazendo-nos perceber nossos limites. As provações dentro de nós tornaram-se enormes, às vezes assustadoras. Mas isso não deve nos apavorar. Pois quanto mais proclamamos a unidade em Cristo, mais o inimigo ficará motivado a nos atacar. Justamente nessa circunstância é válido o legado que o Senhor deixou a Seus discípulos.
Em nossos dias, o Espírito Santo continua nos lembrando do Senhor Jesus e nos recordando as Suas palavras. Ele almeja nos conduzir pessoalmente a toda a verdade (Jo 16.13). Ele deseja glorificar o Senhor em nós, para podermos resistir ao inimigo.
Quando um filho de Deus insiste e permanece em algum pecado, infelizmente a ação do Espírito Santo é reduzida a um mínimo. Isso não quer dizer que o Espírito Santo abandona os filhos de Deus – uma vez que Ele habita permanentemente nos cristãos renascidos. Mas Ele se retrai quando existem pecados não perdoados. Paulo fala sobre isso em Efésios 4.30 e 1 Tessalonicenses 5.19: “...não entristeçais o Espírito Santo”; “Não apagueis o Espírito”.
Portanto, tiremos imediatamente do caminho toda e qualquer diferença ou divergência com nossos irmãos. Só assim o Espírito Santo poderá efetuar Sua maravilhosa obra em nós. Ele nos lembrará de Jesus, que disse, por exemplo: “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do meu Pai ninguém pode arrebatar” (Jo 10.28-29). Eterna certeza de salvação – uma âncora segura que nos firma na eternidade. O que mais um filho de Deus poderia desejar? (Marcel Malgo - http://www.chamada.com.br)

Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, agosto de 2011.

Revista mensal que trata de vida cristã, defesa da fé, profecias, acontecimentos mundiais e muito mais. Veja como a Bíblia descreveu no passado o mundo em que vivemos hoje, e o de amanhã também.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Por favor, seja fora de moda





 Tullian Tchividjian

Eu escrevi o livro Unfashionable (“Fora de moda” N.T.) para afirmar que os cristãos fazem a diferença nesse mundo quando são diferentes dele; eles não fazem nenhuma diferença ao serem iguais a ele.
Minha maior preocupação (que me levou a escrever o livro) é que muitos cristãos, especialmente na América, parecem estar tão fascinados com sucesso, popularidade, poder e prestígio quanto as pessoas que estão ao seu redor. Materialismo, consumismo, individualismo e narcisismo – ideais culturais que são a antítese da natureza sacrificial do Evangelho – estão prevalecendo tanto dentro da igreja, como fora. É triste que a igreja americana seja mais conhecida por produzir estrelas auto promovidas do que servos humildes.
Se cristãos praticantes fizessem uma lista honesta de quais objetivos e desejos os motivam, descobriríamos que eles não são realmente diferentes do mundo ao nosso redor. Portanto, não temos nenhum direito de apontar o dedo em acusação para aqueles que estão do lado de fora da igreja por conta da situação do mundo atualmente. Muitos estudos mostram que cristãos são praticamente iguais aos não cristãos no que se trata de buscar fama e fortuna. Cristãos querem se adaptar como qualquer pessoa. Então nós, como qualquer pessoa, gastamos nosso tempo, dinheiro e intelecto buscando o que todos estão buscando, seja lá o que for.
O problema é: eu quero ser um grande cristão, e eu quero que você também seja. Eu quero que a igreja esteja cheia de pessoas como Policarpo. Policarpo foi um homem cheio do Espírito; eu quero ser um homem cheio do Espírito. Toda a existência de Policarpo foi dedicada a Deus e seus caminhos ‘fora de moda’. Nada além disso pode explicar sua perspectiva divina durante o momento mais difícil de sua vida. Ele se recusou a desistir e se deixar levar. Para ele, seguir a Deus não era uma piada ou um concurso de popularidade. Era um homem inebriado por Deus que viveu sua vida coram Deo (perante a face de Deus) e que não tinha medo de qualquer coisa que esse mundo pudesse fazer a ele.
Eu não sei você, mas eu não quero brincar com a minha vida. Eu quero largar tudo em nome de Cristo. Eu não quero que minha espiritualidade tenha um quilometro de comprimento e um centímetro de profundidade. Eu quero ter a coragem de não me importar e ser fora de moda. Sinto-me envergonhado por aqueles momentos em que tenho medo de ser ridicularizado em nome de Cristo por que o mundo pode pensar que eu sou muito estranho. Eu quero seguir incansavelmente a Deus e a sua vontade, independentemente do que vão pensar de mim. Quero viver minha vida, como diriam os Puritanos, diante de “uma platéia Única”.
Eu não quero que minha espiritualidade tenha um quilômetro de comprimento e um centímetro de profundidade.
Cristãos que tentam convencer o mundo ao seu redor que não são diferentes em nada, esperando ser aceitos pelos padrões do mundo deveriam se envergonhar. É hora dos cristãos aceitarem o fato de que são pessoas peculiares. Já que os verdadeiros seguidores de Jesus receberam um novo coração e uma nova mente, devemos agir de acordo com um novo padrão, com objetivos e motivações diferentes. Tudo ao nosso respeito – nossa perspectiva sobre riquezas, estilo de vida e relacionamentos – deve ser fundamentalmente diferente do mundo ao nosso redor: “Adoramos o que não podemos ver, amamos o que não podemos tocar, e vivemos pelo que não podemos possuir”. Para o mundo ao nosso redor, isso vai parecer diferente, sem graça, e estranho; passou da hora dos seguidores de Jesus aceitarem isso.
Traduzido por Filipe Schulz | iPródigo
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sábado, 18 de maio de 2013

Deus tem cuidado de nós.


Deus Tem Cuidado de Nós

Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória. Rogo igualmente aos jovens: sede submissos aos que são mais velhos; outrossim, no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça. Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo. Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar. A ele seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém!” (1 Pedro 5.1-11).
Os seguidores de Jesus do primeiro século eram um grupo peculiar. Ou, assim pensavam os não-cristãos da Ásia Menor (a atual Turquia). O apóstolo Pedro encorajou os irmãos a tornarem-se ainda mais peculiares na fé. Apesar da perseguição, Pedro os admoestou a valorizar a salvação recebida de Cristo, viver em santidade, aguardar o retorno iminente de Cristo e resplandecer em seu testemunho.
Ele conclui sua primeira epístola falando aos presbíteros para alimentarem (ensinarem) a assembléia dos crentes fielmente, e encoraja a cada um na congregação a (1) ser submisso aos outros, (2) revestir-se de humildade, (3) ser vigilante em relação ao Diabo, e (4) lembrar-se dos outros que estão sofrendo por sua fé, assim como eles.
Pedro também exortou os irmãos a ter consciência de que serviam a um Deus que se importava com eles: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pe 5.7). Desse modo, a conclusão de 1 Pedro é um convite para que os cristãos sinceros e humildes lancem todas as suas preocupações sobre Deus. Ele é nosso constante Protetor, nosso “Cuidador”. Ele é nosso Conforto, nossa Âncora, nosso Refúgio e nosso Encorajamento.

Deus, nosso Conforto

O Senhor Deus do Universo sabe tudo sobre você. Ele conhece sua situação e suas necessidades. Ele conhece seu coração, seus pensamentos e desejos mais profundos. Mesmo quando tudo parece escuro e incerto, nunca estamos sozinhos, porque Ele prometeu nunca nos abandonar.
Nos muitos cuidados que dentro de mim se multiplicam, as tuas consolações me alegram a alma. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus” (Sl 94.19; 2 Co 1.3-4).
Quando Jesus começou seu ministério, Ele fez da pequena cidade de Cafarnaum, localizada na margem noroeste do Mar da Galiléia, Seu lar e Seu “centro de operações” (Mt 4.13-16). Cafarnaum, no hebraico Kafar Nachum, significa “vila ou aldeia de conforto”. É um nome apropriado, porque foi lá que Jesus trouxe conforto a muitos. Na sinagoga, um homem possesso por um espírito imundo foi liberto (Mc 1.23-26). A sogra de Pedro estava acamada com febre (Mc 1.29-31). Um leproso, um paralítico e muitos outros atormentados por doenças e enfermidades foram curados e ajudados por Jesus (Mc 1.40-45; Mc 2.1-12; Mc 3.7-12).
O Senhor Deus do Universo sabe tudo sobre você. Ele conhece sua situação e suas necessidades. Ele conhece seu coração, seus pensamentos e desejos mais profundos. Mesmo quando tudo parece escuro e incerto, nunca estamos sozinhos, porque Ele prometeu nunca nos abandonar (Mt 28.20).
Já que Deus é nosso conforto constante, Ele nos admoesta a não nos preocuparmos com os problemas e com as tribulações: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33).
Não precisamos fraquejar sob o peso das tristezas e dos sofrimentos, porque o Senhor prometeu ser nossa força, nosso escudo e nosso cântico (Sl 28.7). Não devemos temer os incontáveis desafios da vida, porque o Senhor disse: “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Is 41.10).
Deus é o nosso conforto. Podemos confiantemente lançar sobre Ele nossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de nós (1 Pe 5.7).

Deus, nossa Âncora

O mar da Galiléia é conhecido por suas tempestades repentinas e violentas. O melhor modo que os pescadores encontraram de lutar contra a tempestade era jogar uma âncora profundamente dentro da água. Neste mundo teremos “tempestades” sem fim e conflitos pessoais. Porém, em Seu cuidado, Deus providenciou uma âncora segura para ajudar-nos quando passarmos por essas situações.
Essa âncora é encontrada na palavra esperança. Nas Escrituras, esperança geralmente refere-se a ter “segurança no porvir”. Pedro disse que nossa âncora da esperança é encontrada no Evangelho; é a nossa “viva esperança” (1 Pe 1.3). O pecado e Satanás causam muitas ondas de dúvida para nos devastar. Porém, Cristo é a garantia do perdão e do céu. Pedro encorajou os irmãos perseguidos a ter esperança na cruz, na ressurreição e no retorno de Cristo (1 Pe 1.2-13).
Tal esperança não é um otimismo cego, mas uma certeza segura. De fato, um dos símbolos da igreja primitiva, retratando a esperança em Cristo além desta vida, era a âncora. Gravada em muitas lápides de cristãos encontradas nas catacumbas perto de Roma, na Itália, o símbolo é baseado em Hebreus 6.19: “A qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu”.
O pescador Pedro deve ter feito suas próprias âncoras. Deve ter selecionado cuidadosamente uma pedra pesada, feito um furo no meio dela, para amarrar uma corda através da abertura. Durante uma tempestade no mar, sua confiança estava em sua âncora.
Neste mundo teremos “tempestades” sem fim e conflitos pessoais. Porém, em Seu cuidado, Deus providenciou uma âncora segura
para ajudar-nos quando passarmos por essas situações.
Em sua epístola, Pedro apresenta Cristo como uma “pedra viva”, rejeitada pela maioria das pessoas, mas preciosa e escolhida por Deus (1 Pe 2.4). Jesus Cristo é a nossa âncora confiável que nunca decepcionará ou falhará.
Portanto, quando as tempestades da dúvida e do desespero lhe assaltarem, saiba que a âncora de Deus é segura e que Ele tem cuidado de você. William C. Martin expressou essa verdade em suas palavras no hino “Minha Âncora Segura”, escrito em 1902 (tradução livre):
Embora as ondas tempestuosas rujam,
Em minha alma sacudida pela tempestade,
Estou em paz, porque sei que,
Embora os ventos soprem violentamente,
Tenho uma âncora certa e segura,
Que suporta sempre.

E ela segura, minha âncora segura:
Sopre seu vento mais tempestuoso, ó vendaval,
Em meu barco tão pequeno e frágil;
Por Sua graça eu não devo falhar,
Porque minha âncora segura,
minha âncora segura.

Deus, nosso Refúgio

O imperador Nero incendiou Roma em 64 d.C. Para aplacar as massas enfurecidas, ele culpou um pequeno grupo religioso, os cristãos.
Aos poucos, mas de forma constante, os não-cristãos começaram a perseguir os seguidores de Cristo por todo o império. O apóstolo Pedro viu a crescente angústia da igreja. Em 1 Pedro, ele instrui os fiéis a permanecerem alegres e satisfeitos, mesmo quando sofressem perseguições por um tempo. O poder supremo de Deus os sustentaria (1 Pe 1.3-6).
Como escreveu o professor de Bíblia Warren Wiersbe: “Deus não prometeu proteger-nosdos problemas, mas proteger-nos nos problemas”[1]. Pedro queria que seus irmãos percebessem que Deus era o único refúgio verdadeiro, como já testemunhou o salmista:“Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (Sl 46.1).
A palavra refúgio refere-se literalmente a abrigar-se de uma tempestade ou de um perigo. Porém, é freqüentemente entendida na linguagem figurada como “depositar confiança plena em Deus ou na ‘sombra’ (proteção) de Seu forte poder”.
Usando a imagem da Páscoa, o apóstolo lembrou aos irmãos perseguidos que Deus é o refúgio do pecado. Unicamente através de Cristo, eles eram resgatados: “Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (1 Pe 1.18-19).
Deus era também um refúgio em seus sofrimentos: “Por isso, também os que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem a sua alma ao fiel Criador, na prática do bem” (1 Pe 4.19).
Por fim, Deus era um refúgio para a segurança deles. Israel via o Templo em Jerusalém como um refúgio seguro: “Assista eu no teu tabernáculo, para sempre; no esconderijo das tuas asas, eu me abrigo” (Sl 61.4). O lugar mais seguro do Templo era “o esconderijo do Altíssimo... Cobrir-te-á com as suas penas, sob suas asas, estarás seguro” (Sl 91.1,4).
Esses versículos provavelmente referem-se à Arca da Aliança, dentro do Santo dos Santos – especificamente, ao propiciatório, onde dois querubins esculpidos estendiam suas asas sobre a tampa da Arca (1 Rs 6.23-28). Com a aspersão do sangue do sacrifício no Dia da Expiação, Israel aprendeu que seu refúgio mais seguro contra o pecado era sob as asas dos querubins no propiciatório (Lv 16).
Espiritualmente falando, os cristãos são as “pedras vivas” de um templo espiritual em que Deus habita através de Cristo (1 Pe 2.5; Cl 2.9-10). O Templo físico tinha um véu que proibia o acesso ao Santo dos Santos. Ele foi rasgado quando Cristo morreu na cruz, simbolizando que agora temos acesso direto a Deus (Mt 27.51; Hb 10.20). Nosso “Santo dos Santos” interior está sempre disponível. Não existe outro lugar seguro. Deus teve o cuidado suficiente de fazer a Si mesmo nosso refúgio constante.

Deus, nosso Encorajador

Pedro também encorajou os irmãos perseguidos na Ásia Menor a permanecerem firmes na fé (1 Pe 5.12). Ele os admoestou a lembrar quem eram: eleitos em Cristo, aspergidos com o sangue de Jesus e possuidores de uma herança incorruptível reservada para eles no céu (1 Pe 5.1-5,9). Assim como enfrentavam um período de problemas severos, Deus estaria com eles para encorajá-los nesse momento.
Deus usa as Escrituras como Sua fonte principal para encorajar: “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4). O próprio Deus é nosso principal encorajamento: “Ora, o Deus da paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com outros, segundo Cristo Jesus” (Rm 15.5).
O rei Davi escreveu: “Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão” (Sl 37.25). Deus nunca nos esquece. Ele nunca abandona os Seus (Mt 28.20). Sua verdade duradoura é baseada no amor infinito demonstrado à humanidade na cruz.
Na Catedral de São Paulo, em Londres, na Inglaterra, há uma estátua de mármore em tamanho natural de Jesus na cruz. A expressão do seu rosto retrata uma dor e uma agonia horríveis. O interessante é a inscrição na base. Lê-se: “Assim é que Deus amou o mundo!”. Ele amou a você e a mim o suficiente para suportar toda a agonia física, emocional e espiritual exigida para tornar-se, de uma vez por todas, o sacrifício final pelo seu e pelo meu pecado. Suas promessas são certas e seguras.
Nosso Deus é um Deus que sempre será nosso “Cuidador”. Ele é nosso Conforto, nossa Âncora, nosso Refúgio e nosso Encorajador. Não hesite em fazer o que diz o versículo:“lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pe 5.7).(Peter Colón - Israel My Glory - http://www.chamada.com.br)

Nota:

  1. Warren W. Wiersbe, The Bumps Are What You Climb On (Grand Rapids: Baker Books, 2002), 57.

Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, julho de 2011.

Revista mensal que trata de vida cristã, defesa da fé, profecias, acontecimentos mundiais e muito mais. Veja como a Bíblia descreveu no passado o mundo em que vivemos hoje, e o de amanhã também.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Quando finalmente virá o Senhor?


Quando, Finalmente, Virá o Senhor?

Certamente esta é uma pergunta que todos nos fazemos. Já estamos na segunda década do novo milênio e o Arrebatamento ainda não aconteceu.
Seja sincero: há 15 anos você contava com a possibilidade de ainda estar vivendo na terra por mais uma década? Creio que muitos de nós pensavam e especulavam que o Arrebatamento estivesse às portas e que nem veríamos a entrada do novo milênio.
Portanto, irmãos, sede pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba as primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também pacientes; fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5.7-8).
Porque a vinda do Senhor está próxima”, diz o texto. Já se passaram quase 2000 anos desde que Tiago escreveu isso. E a verdade é que hoje continuamos na terra, e não na Jerusalém celestial. Você ficou decepcionado? Ou, pior ainda: você ficou chateado com o Senhor por causa disso? Você está irritado porque a volta do Senhor continua sendo adiada? Talvez você faça parte daqueles que estão totalmente desencorajados, que pensam: “Ah!, o Senhor ainda vai demorar muito para vir!”.
"Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai" (Mt 24.36).
No passado houve outra pessoa que em uma situação muito específica e insatisfatória ficou esperando pelo Messias, pela Sua aparição em poder. Então, tomado pela impaciência porque aparentemente nada acontecia, perguntou ao Senhor Jesus: “És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?” (Mt 11.3). Talvez João Batista – que era a pessoa em questão – tenha, na verdade, formado um pensamento ainda mais agressivo: “Já está mais que na hora de o Senhor Jesus vir para edificar Seu reino messiânico”. Não quero entrar nos detalhes desse acontecimento, mas falar sobre a resposta do Senhor Jesus, a palavra que o Salvador deu a esse discípulo impaciente e desesperado: “E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim” (v.6). O Senhor Jesus não respondeu a João Batista, dizendo: “Virei no dia X para edificar meu reino”. Pelo contrário, Ele não deu a João nenhuma dica sobre os acontecimentos no Plano de Deus através das eras. Disse-lhe apenas aquilo que realmente importava. Quero repetir aqui com minhas próprias e imperfeitas palavras: “João, não peque, não duvide de mim, não fique chateado, mas persista. Tenha paciência – qualquer que seja a sua situação – e deixe tudo comigo, no meu tempo; você só precisa confiar e crer!”
Tiago 5 fala de paciência: “Portanto, irmãos, sede pacientes até a vinda do Senhor”! O Senhor Jesus não revelou o dia da Sua vinda a ninguém, nem mesmo aos apóstolos, aos primeiros cristãos, ou aos pais da Igreja. Em vez disso, o que Ele disse? “Mas daquele dia e hora ninguém sabe...” (Mt 24.36). Uma coisa é certa: o Senhor voltará. Não há dúvida, não precisamos perder tempo discutindo isso. A Bíblia está cheia dessas promessas, e a passagem de Tiago 5 é apenas uma entre muitas outras que mencionam o fato da volta do Senhor Jesus Cristo. O tema “volta do Senhor” é mencionado em todas as cartas do Novo Testamento. Não se trata, portanto, de um tema secundário ou de um acontecimento insignificante. Muito pelo contrário: é um tema central e fazemos bem em falar dele e chamar atenção para ele. Fica claro que os apóstolos esperavam a volta do Senhor a qualquer momento, mesmo que não tenham dito em nenhum momento que essa volta teria de acontecer ainda durante sua própria vida. É isso que diferencia os apóstolos dos muitos fanáticos a respeito do final dos tempos, que pensam ser necessário determinar uma data fixa para a volta do Senhor.
Mas como devemos lidar com essa expectativa justificada em relação à volta do Senhor? Que conseqüências ela traz consigo? A conclusão, de qualquer forma, não é: “Vamos esperar com calma até o Senhor vir”, mas: “Vamos cumprir nossa tarefa com diligência até lá”! Ou, para usar as palavras de Tito 2.11-13: “Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos, para que, renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivamos no presente mundo sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus”. Entendemos corretamente? O versículo 13 abre nossos olhos para o encontro com nosso Senhor: “...aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus”, e a conclusão decorrente: “renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivamos no presente mundo sóbria, e justa, e piamente” (v.12). Importa viver com toda sobriedade, vivendo de forma justa e piedosa e em oração:“Mas já está próximo o fim de todas as coisas; portanto sede sóbrios e vigiai em oração” (1 Pe 4.7). Ser sóbrio significa não ficar especulando e jogando com números e anos. Também significa que não devemos negligenciar nossa incumbência original diante de tanta expectativa pelo encontro iminente com nosso Senhor e Salvador. Nossa expectativa deve ser imediata, assim como a dos apóstolos e dos primeiros cristãos. A volta do Senhor Jesus é uma realidade. O próprio Senhor Jesus nos diz: “Eis que venho sem demora...” (Ap 3.11).Também poderíamos traduzir assim: “Veja, venho logo, venho rapidamente, de uma hora para outra, no momento em que vocês não esperarem”. Este “eu venho logo” não significa “virei amanhã”, mas: “Quando eu vier, e somente o Senhor sabe a hora, virei de uma hora para outra, de repente, com pressa e muito rapidamente”. Não haverá tempo para fazer mais nada, nem para se despedir, nem para se justificar, nem para colocar alguma coisa em ordem... acabou o tempo! Devemos conversar a respeito, encorajando e exortando-nos mutuamente, mas acima de tudo devemos viver de acordo com isso; com toda a sobriedade e piedade.
Alegre-se pelo dia que o Senhor colocou nas suas mãos para que possamos louvá-lO, adorá-lO e engrandecê-lO.
Tiago fala de paciência. Nesse contexto, ele menciona um exemplo muito bonito, o exemplo do agricultor: “Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba as primeiras e as últimas chuvas” (Tg 5.7). O que esse exemplo significa para nós? O agricultor faz o que está ao seu alcance. Ele semeia, planta, ara, colhe e outras coisas mais. Mas além dessas coisas, há outras sobre as quais o lavrador não tem poder nenhum, tornando-se completamente dependente delas. Por exemplo, do tempo, da chuva prematura e tardia, como menciona o texto. Nessas coisas só resta confiar e crer que o Senhor fará tudo corretamente – como diz o Salmo 37.5: “Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará”. Mesmo que a colheita atrase – seja por qual motivo for – o lavrador não se limita a cruzar os braços, não se deixa desencorajar e continua fazendo seu trabalho.
Esse exemplo também é uma bonita figura para a colheita espiritual. Nós, como Igreja, somos chamados a agir de acordo com nossos dons e nossas forças, fazendo tudo que estiver ao nosso alcance e que está sob nossa responsabilidade. Tudo deve acontecer com muita paciência, muita sobriedade e sensatez e, principalmente, com muita oração. Como Igreja temos uma incumbência e precisamos desempenhá-la. A incumbência é: adorar ao Senhor, proclamar e ensinar a Palavra, edificar, encorajar e exortar uns aos outros, doar e apoiar, orar, pedir e agradecer, e manter a comunhão. Além disso, a Igreja foi encarregada de dar um testemunho aos de fora – afinal, somos mensageiros de Cristo na terra. A Igreja, especialmente os anciãos e os diáconos, deve cuidar dos fracos, dos doentes, das viúvas, dos órfãos e dos necessitados, ajudando aqueles que são vacilantes e instáveis na fé. A Igreja é muito mais que um grupo que se reúne aos domingos. A tarefa que temos como Igreja e membros dela não termina com o ano, mas vale até que o Senhor nos busque para junto de si por causa de Sua graça, a Seu tempo, e não quando nós desejarmos.
Somos chamados a semear, lavrar e arar. O fruto pode ser confiadamente entregue nas mãos de Deus. Ele, o Senhor, alcançará Seu objetivo com a Igreja, com você e comigo. Mas lembre-se: no tempo dEle! Nesse sentido devemos continuar falando do Arrebatamento e do encontro com nosso Senhor Jesus Cristo: com total liberdade e grande alegria, sem especular e sem calculadora à mão. Acima de tudo: não fique decepcionado, não duvide do Senhor quando a Sua volta demorar e nós continuarmos na terra no começo do próximo ano. Antes, alegre-se pelo dia que o Senhor colocou nas suas mãos para que possamos louvá-lO, adorá-lO e engrandecê-lO. Importante é continuar atentos e prontos, despreocupados e alegres, não duvidando, mas confiando. Em meio a toda essa situação, não percamos de vista as pessoas que nos cercam, pois são parte da nossa incumbência. Que o Senhor o abençoe! (Thomas Lieth - http://www.chamada.com.br)

Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, julho de 2011.

Revista mensal que trata de vida cristã, defesa da fé, profecias, acontecimentos mundiais e muito mais. Veja como a Bíblia descreveu no passado o mundo em que vivemos hoje, e o de amanhã também.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

O caminho para a Santidade.


O Caminho Para a Santidade

Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente, pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente. Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor; a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada. Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências, desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso. Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado. Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas, para os descrentes, a pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos. Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia” (1 Pedro 1.22-2.10).

Muitos crentes hoje adoram cantar corinhos de louvor sobre santidade, mas a maioria não tem a mínima idéia de como obter a santidade sobre a qual cantam. Nossas igrejas experimentam uma grande incoerência entre o sentimento e a realidade, entre a emoção de domingo e o comportamento durante a semana. Como alguém se torna santo?

Escrevendo aos crentes que passavam por severos testes de sua fé, o apóstolo Pedro exortou os cristãos à santidade como um meio apropriado para suportar suas provas. Em vez de deixar uma recomendação fácil, ele instou: “Segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento” (1 Pe 1.15). Você pode perguntar: como alguém realiza isso? Em 1 Pedro 1.22-2.10, o apóstolo dá as explicações.

Amar Intensamente
(1 Pe 1.22-25)

Pedro não iniciou com a razão. Em vez disso, ele começou com o coração: “Amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente” (1 Pe 1.22). Amar significa colocar o bem-estar de alguém acima do seu. Há muitos anos, quando meus filhos eram pequenos, eles encontraram dois gatinhos sarnentos perdidos na vizinhança. Minha mãe, que estava nos visitando, detestava gatos. Apesar disso, seu amor por seus netos a impeliu a ajudá-los a dar mamadeira aos gatinhos, para que recuperassem a saúde. Fiquei impressionado com o gesto de amor.
“Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente” (1 Pe 1.22).
Deus é santo e completamente único em Sua habilidade e inclinação a amar:“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Os filhos de Deus tornam-se santos, separados para Ele, quando seguem Seus passos e amam aos outros.
Ardentemente indica a natureza zelosa de amar como Deus ama. Esse mesmo advérbio, traduzido como “intensamente” em Lucas 22.44, demonstra a intensidade envolvida: “E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra”.
Existem três razões para amar ardentemente. Primeiro, porque é assim que Deus ama. Segundo, porque esses crentes haviam feito um compromisso: “tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente” (1 Pe 1.22). Como eles já haviam abandonado o egoísmo, Pedro os instigou a praticarem aquele compromisso. Terceiro, porque foi para isso que eles haviam nascido: “Pois fostes regenerados não de semente corruptível (perecível), mas da incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente” (1 Pe 1.23). Poderíamos dizer que nascemos (de novo) para amar. Não devemos mais viver na velha natureza, mas na nova, que é nascida em Deus e moldada segundo o próprio Jesus. Amar fervorosamente uns aos outros manifestará quem realmente somos. Aqueles que nasceram de semente imperecível devem manifestar um amor imperecível.
Por que Pedro começou falando sobre o amor? Porque o amor é o que deve mover as relações. O conhecimento sem amor produz a arrogância (1 Co 8.1). A obediência sempre pavimenta o caminho para a instrução. O amor deve preceder o aprendizado para que cresçamos em santidade. O exercício é espiritual, em vez de acadêmico, o que pode explicar porque há tanta imaturidade em nossas igrejas, apesar da abundância de ensino bíblico e materiais para estudo bíblico. A maturidade depende não somente de aprendizado, mas de amor.

Aprender Avidamente
(1 Pe 2.1-3)

Em seguida, Pedro disse aos seus leitores para que aprendessem avidamente: “Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências, desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação” (1 Pe 2.1-2).
“Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências, desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação” (1 Pe 2.1-2).
Nada produz mais fome do que o trabalho pesado. Amar ativamente nossos irmãos deve produzir fome por ensino adicional. Porém, por que Pedro teria que ordenar este desejo pela Palavra? Aparentemente alguns procuram respostas em outros lugares para o sofrimento envolvido em amar seus irmãos. Talvez, alguns procuram em psicologia humana, manipulação interpessoal ou idéias mundanas de autopreservação.
Entretanto, as Escrituras nos dizem para confiarmos em nosso alimento natural. Aqui, a imagem de uma mãe amamentando é forte. O leite materno é para uma criança o que a Palavra de Deus é para um crente. Todos percebem quando há um bebê faminto. Sem malícia, engano ou hipocrisia. Nascemos de novo da Palavra de Deus (uma semente imperecível), e devemos desejar o leite da Palavra. Devemos ser como os recém-nascidos.
Esse desejo deve substituir as atitudes erradas. Sem dúvida, alguns responderam inapropriadamente ao desafio de amar aos outros. A expressão despojando é sempre usada no Novo Testamento para a substituição de algumas atitudes. A maldade e o dolo lembram que o desejo mau e o engano havia penetrado nos relacionamentos interpessoais entre irmãos. A hipocrisia e a inveja indicam a presença do ciúme e a falta da transparência. A palavra maledicências mostra que esses sentimentos foram revelados publicamente, como em uma típica família em que o amor é forçado até o ponto de ruptura.
Pedro ordenou esse desejo pela Palavra, porque o anseio por uma dieta saudável deve ser cultivado. Deixando todo comportamento maldoso, podemos, então, consumir a Palavra de Deus – nosso alimento natural – como o leite em um lar cheio de crianças.
Nosso apetite pela Palavra de Deus deve ser cultivado. Os crentes que experimentaram e viram que o Senhor é bom não devem permitir que comidas prejudiciais destruam seu desejo por alimentação verdadeira. Se você perdeu seu apetite pela Palavra de Deus, recultive-o lendo sua Bíblia regularmente. A obediência (amar ardentemente) e a fome espiritual (aprender avidamente) produzem santidade.

Trabalhar Entusiasticamente
(1 Pe 2.4-10)

O terceiro passo em direção à santidade é o exercício: “Chegando-vos para ele, a pedra que vive... também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual” (1 Pe 2.4-5). O contexto sugere uma ordem suave. Alguns lêem a expressão sois edificados como “deixem-se ser edificados”, enquanto outros invertem o significado como “edifiquem a si mesmos”. Claramente, essa edificação é resultado dos crentes “chegarem-se para Ele”. Portanto, devemos estar disponíveis para o serviço, como participantes do sacerdócio real que Jesus está edificando.
O terceiro passo em direção à santidade é o exercício: “Chegando-vos para ele, a pedra que vive... também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual” (1 Pe 2.4-5).
A Lei de Moisés estabeleceu o sacerdócio levítico para servir à nação de Israel em uma casa física (o Templo). O novo princípio identifica cada crente como um sacerdote em uma casa espiritual. Porém, esse “sacerdócio de crentes” não significa que somos sacerdotes em isolamento. Cada crente é uma “pedra viva” em uma “casa viva”, que é um sacerdócio santo. Devemos trabalhar entusiasticamente, porque a integridade da casa depende de cada pedra.
A casa viva desse plano é a Igreja. Israel falhou temporariamente no que se refere à vinda de seu Messias pela primeira vez. Então, até que Ele retorne, Jesus é a pedra angular de uma casa espiritual – Sua Igreja – que Ele disse que edificaria (Mt 16.18).
Esse templo vivo e santo é o meio pelo qual Deus glorifica a Si mesmo neste mundo, até o dia em que Ele reconstruirá o Templo de Israel para o Reino do Messias. Todos os crentes genuínos, tanto judeus quanto gentios, devem trabalhar juntos para oferecer “sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1 Pe 2.5).
Esse caminho para a santidade é essencial, portanto, para a Igreja, porque essa “geração escolhida” temporária, chamada também por Pedro de “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus”, tem o propósito de proclamar “as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9).
Até que os ramos naturais (o povo judeu) sejam enxertados na sua própria oliveira (Rm 11.24), os ramos da oliveira brava (gentios) devem viver e trabalhar juntos de um modo que reflita a glória e a santidade de Deus ao mundo. Portanto, não deixe que suas provações o distraiam no caminho para a santidade. (Richard D. Emmons -
Richard D. Emmons é professor titular de Bíblia e Doutrina na Universidade Bíblica de Filadélfia e pastor-sênior da GraceWay Bible Church em Hamilton Township, Nova Jersey, EUA.

Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, junho de 2011.

Revista mensal que trata de vida cristã, defesa da fé, profecias, acontecimentos mundiais e muito mais. Veja como a Bíblia descreveu no passado o mundo em que vivemos hoje, e o de amanhã também.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Vida Cristã






A. W. TozerPORQUE O MUNDO NÃO O PODE RECEBER
"O Espírito da Verdade que o mundo não pode receber" (João 14:17)

A fé cristã, baseada no Novo Testamento, ensina o completo contraste entre a igreja e o mundo. 

Não é mais do que um lugar comum religioso dizer que o problema conosco hoje é que procuramos construir uma ponte sobre o abismo que há entre duas coisas opostas, o mundo e a igreja, e realizamos um casamento ilícito para o qual não há autorização bíblica. Na verdade, nenhuma união real entre o mundo e a igreja é possível. Quando a igreja se junta com o mundo, já não é mais a igreja verdadeira, mas apenas um detestável produto misturado, um objeto de gozação e desprezo para o mundo, e uma abominação para o Senhor.

A obscuridade em que muitos (ou deveríamos dizer a maioria dos?) crentes andam hoje não é causada por falta de clareza da parte da Bíblia. Nada poderia ser mais claro do que os pronunciamentos das Escrituras sobre a relação do cristão com o mundo. A confusão que campeia nessa matéria resulta da falta de disposição de cristãos professos para levar a sério a Palavra do Senhor. O cristianismo está tão emaranhado no mundo que milhões nunca percebem quão radicalmente abandonaram o padrão do Novo Testamento. A transigência está por toda parte. O mundo está suficientemente caiado, encobrindo as suas faltas, para passar no exame feito por cegos que posam como crentes; e esses mesmos crentes estão eternamente procurando obter aceitação da parte do mundo. Mediante mútuas concessões, homens que a si mesmos se denominam cristãos manobram para ficar bem como homens que para as coisas de Deus nada têm, senão mudo desprezo.

Toda esta questão é espiritual, em sua essência. O cristão é o que não é por manipulação eclesiástica, mas pelo novo nascimento. É cristão por causa de um Espírito que nele habita. Só o que é nascido do Espírito é espírito. A carne nunca pode converter-se em espírito, não importa quantos homens considerados dignos da igreja nela trabalhem. A confirmação, o batismo, a santa comunhão, a profissão de fé - nenhum destes, nem todos estes juntos, podem transformar a carne em espírito, e tampouco podem fazer de um filho de Adão um filho de Deus. "E, porque vós sois filhos", escreveu Paulo aos gálatas, "enviou Deus aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.". E aos coríntios, ele escreveu: "Examinai-vos a vós mesmos, se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados". E aos romanos: "Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vós. E se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele".

A terrível zona de confusão tão evidente em toda a vida da comunidade cristã, poderia ficar esclarecida num só dia, se os seguidores de Cristo começassem a seguir a Cristo em vez de uns aos outros. Pois o nosso Senhor foi muito claro em Seu ensino sobre o cristão e o mundo.

Numa ocasião, depois de receber não solicitado e carnal conselho de irmãos sinceros, mas não esclarecidos, o nosso Senhor respondeu: "O meu tempo ainda não chegou, mas o vosso sempre está presente. Não pode o mundo odiar-vos, mas a mim me odeia, porque eu dou testemunho a seu respeito de que as suas obras são más". Ele identificou os Seus irmãos na carne com o mundo e disse que Ele e eles eram de dois espíritos diferentes. O mundo O odiava, mas não podia odiá-los porque não podia odiar-se a si próprio. Uma casa dividida contra si mesma não subsiste. A casa de Adão tem que permanecer leal a si própria, ou se romperá. Conquanto os filhos da carne possam brigar entre si, no fundo estão unidos uns aos outros. É quando o Espírito de Deus entra, que entra um elemento estrangeiro. "Se o mundo vos odeia", disse o Senhor aos Seus discípulos, "sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário dele vos escolhi, por isso o mundo vos odeia.". Paulo explicou aos gálatas a diferença entre o filho escravo e o livre: "Como, porém outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim também agora" (Gálatas 4:29).

Assim, através do Novo Testamento inteiro, é traçada uma aguda linha entre a igreja e o mundo. Não há meio termo. O Senhor não reconhece nenhum bonzinho "concordar para discordar" para que os seguidores do Cordeiro adotem os procedimentos do mundo e andem pelo caminho do mundo. O abismo que há entre o cristão e o mundo é tão grande como o que separou o rico de Lázaro. E, além disso, é o mesmo abismo, isto é, é o abismo que separa o mundo, dos resgatados do mundo; do mundo, dos que continuam caídos.

Bem sei, e o sinto profundamente quão ofensivo esse ensino deve ser para aquele bando de mundanos que mói e remói o rebanho tradicional. Não posso alimentar a esperança de escapar da acusação de fanatismo e intolerância que, sem dúvida, lançarão contra mim os confusos religionistas que procuram fazer-se ovelhas por associação. Mas bem podemos encarar a dura verdade de que os homens não se tornam cristãos associando-se com gente de igreja, nem por contato religioso, nem por educação religiosa; tornam-se cristãos somente por uma invasão da sua natureza, invasão feita pelo Espírito de Deus por ocasião do novo nascimento. E quanto se tornam cristãos assim, imediatamente passam a ser membros de uma nova geração, uma "raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus ... que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia" (I Pedro 2:9,10).

Com os versículos citados, não houve desejo de os citar fora do contexto, nem de focalizar a atenção num lado da verdade para desviá-lo de outro. O ensino desta passagem forma completa unidade com toda a verdade do Novo Testamento. É como se tirássemos um copo de água do mar. O que tiraríamos não seria toda a água do oceano, mas seria uma amostra real e em perfeito acordo como o restante.

A dificuldade que nós cristãos contemporâneos enfrentamos não é a de entender mal a Bíblia, mas a de persuadir os nossos indóceis corações a aceitarem as suas claras instruções. O nosso problema é conseguir o consentimento das nossas mentes amantes do mundo para termos Jesus como Senhor de fato, bem como de palavra. Pois uma coisa é dizer, "Senhor, Senhor", e outra completamente diferente é obedecer aos mandamentos do Senhor. Podemos cantar, "Coroai-O Senhor de todos", e regozijar-nos com os agudos e sonoros tons do órgão e com a profunda melodia de vozes harmoniosas, mas ainda não teremos feito nada enquanto não abandonarmos o mundo e não fizermos os nosso rostos na direção da cidade de Deus na dura realidade prática. Quando a fé se torna obediência, aí é de fato fé verdadeira.

O espírito do mundo é forte, e gruda em nós tão entranhadamente como cheiro de fumaça em nossa roupa. Ele pode mudar de rosto para adaptar-se a qualquer circunstância e assim enganar muito cristão simples, cujos sentidos não são exercitados para discernir o bem e o mal. Ele pode brincar de religião com todas as aparências de sinceridade. Ele pode ter acessos de sensibilidade de consciência , e até pode confessar os seus maus caminhos pela imprensa pública. Ele louvará a religião e bajulará a igreja por seus fins. Ele contribuirá para as causas de caridade e promoverá campanha para distribuir roupas aos pobres. Basta que Cristo guarde distância e que nunca afirme o Seu senhorio sobre ele. Positivamente isso não durará. E para com o verdadeiro Espírito de Cristo, só mostrará antagonismo. A imprensa do mundo (que é seu real porta-voz) raramente dará tratamento justo a um filho de Deus. Se os fatos a compelem a uma reportagem favorável, o tom tende a ser condescendente e irônico. Ressoa nela a nota de desdém.

Tanto os filhos deste mundo como os filhos de Deus foram batizados num espírito, mas o espírito do mundo e o Espírito que habita nos corações dos homens nascidos duas vezes, acham-se tão distanciados um do outro com o céu do inferno. Não somente são o completo oposto um do outro, mas também estão em extremo combate um contra o outro, e em agudo antagonismo um contra o outro. Para um filho da terra as coisas do Espírito são, ou ridículas, caso em que ele se diverte, ou sem sentido, caso em que ele se aborrece. "Ora, o homem natural não aceita as cousas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente."

Na Primeira Epístola de João duas palavras são empregadas uma e outra vez, as palavras eles e vós, e elas designam dois mundos totalmente diversos; vós refere-se aos escolhidos, que deixaram tudo para seguir a Cristo. O apóstolo não se põe genuflexo, de joelhos, ante o deusote Tolerância (cujo culto se tornou na América uma espécie de religião de segunda capa); João é grosseiramente intolerante. Ele sabe que a tolerância pode ser simplesmente outro nome para a indiferença. Exige-se vigorosa fé para aceitar o ensino do experimentado João. É muito mais fácil apagar as linhas de separação e, assim, não ofender ninguém. Generalidades piedosas e o emprego de nós para significar tanto cristãos como descrentes, é muito mais seguro. A paternidade de Deus pode ser ampliada para incluir toda gente, desde Jack, o Estripador, até Daniel, o Profeta. Assim, ninguém fica ofendido e todos se sentem banhados e prontos para o céu. Mas o homem que se reclinara sobre o peito de Jesus não foi enganado assim tão facilmente. Ele traçou uma linha para dividir em dois campos a raça humana, para separar dos salvos os perdidos, dos que se afundarão no desespero final os que subirão para a recompensa eterna. De um lado estão eles — aqueles que não conhecem a Deus; de outro, vós (ou, com uma mudança de pessoa, nós), e entre ambos está um abismo moral largo demais para qualquer homem atravessar.

Eis aqui o modo como João o declara: "Filhinhos, vós sois de Deus, e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo. Eles procedem do mundo; por essa razão falam da parte do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro". Uma linguagem como esta é clara demais para confundir qualquer pessoa que honestamente queira conhecer a verdade. Nosso problema não é de entendimento, repito, mas de fé e obediência. A questão não é teológica: Que é que isto ensina? 

É moral: Estou disposto a aceitar isto e arcar com as conseqüências? Posso agüentar o olhar frio? Tenho coragem de enfrentar os acerbos ataques movidos pelos modernistas? Ouso provocar o ódio dos homens que se sentirão apontados por minha atitude? Tenho suficiente independência mental para desafiar as opiniões da religião popular e de acompanhar um apóstolo? Ou, em resumo, posso persuadir-me a tomar a cruz com o seu sangue e com o seu opróbrio?

O cristão é chamado para ficar separado do mundo, mas precisamos ter certeza de que sabemos o que queremos dizer (ou, mais importante, o que Deus quer dizer) com o mundo. É provável que o façamos significar alguma coisa externa apenas, perdendo, assim, o seu significado real. Teatro, cartas, bebidas, jogos — estas coisas não são o mundo; são simples manifestações externas do mundo. A nossa luta não é apenas contra os procedimentos do mundo, mas contra o espírito do mundo. Porquanto o homem, salvo ou perdido, essencialmente é espírito. O mundo, no sentido neotestamentário do termo, é simplesmente a natureza humana não regenerada onde quer que esta se encontre, quer no bar, quer na igreja. O que quer que brote da natureza decaída, ou seja edificado sobre ela ou dela receba apoio, é o mundo, seja moralmente vil ou moralmente respeitável. Os antigos fariseus, a despeito da sua zelosa dedicação à religião, eram da própria essência do mundo. Os princípios espirituais sobre os quais eles construíram o seu sistema foram retirados, não do alto, mas de baixo. Eles empregaram contra Jesus as táticas dos homens. Subornavam os homens para dizerem mentiras em defesa da verdade. Para defender Deus, agiam como demônios. Para proteger a Bíblia, desafiavam os ensinamentos da bíblia. Eles sabotavam a religião para salvá-la. Davam rédeas soltas ao ódio cego em nome da religião do amor. Vemos aí o mundo com todo o seu cruel desafio a Deus. Tão feroz foi esse espírito, que não descansou enquanto não levou à morte o próprio Filho de Deus. O espírito dos fariseus era ativa e maliciosamente hostil ao Espírito de Jesus, pois cada qual era uma espécie de destilação de ambos os respectivos mundos dos quais provinham.

Os mestres atuais que situam o Sermão do Monte nalguma outra dispensação que não esta e, assim, liberam a igreja do seu ensino, mal percebem o mal que fazem. Pois o Sermão do Monte dá em resumo as características do Reino dos homens regenerados. Os bem-aventurados pobres que choram seus pecados e têm sede de justiça são verdadeiros filhos do Reino. Com mansidão mostram misericórdia para com os seus inimigos; com sincera simplicidade contemplam a Deus; rodeados de perseguidores, abençoam, e não amaldiçoam. Com modéstia escondem as suas boas obras e com paciência aguardam a visível recompensa de Deus. Livremente renunciam aos seus bens terrenos, em vez de usar a violência para protegê-los. Eles acumulam os seus tesouros no céu. Evitam os elogios e esperam o dia da prestação final de contas para saber quem é maior no Reino do céu.

Se esta é uma visão bem precisa das coisas, que podemos dizer quando cristãos disputam entre si lugar e posição? Que podemos responder quando os vemos famintamente procurando homenagens e louvor? Como podemos desculpar a paixão por publicidade, tão claramente evidente entre os líderes cristãos? Que dizer da ambição política nos círculos cristãos? E das febris mãos estendidas para mais e maiores "oferendas de amor"? Que dizer do desavergonhado egoísmo entre os cristãos? Como explicar o grosseiro culto do homem que habitualmente infla um ou outro líder popular dando-lhe somas endinheiradas, beijo dado por aqueles que se propõe como fiéis pregadores do Evangelho?

Há só uma resposta a essas perguntas, é simplesmente que nessas manifestações vemos o mundo, e nada senão o mundo. Nenhuma apaixonada declaração de "amor" às "almas" pode transformar o mal em bem. Estes são os mesmos pecados que crucificaram Jesus.

Também é verdade que as mais grosseiras manifestações da natureza humana decaída fazem parte do reino deste mundo. Diversões organizadas com ênfase em prazeres frívolos, os grandes impérios edificados em hábitos viciosos e inaturais, o irrestrito abuso dos apetites normais, o mundo artificial denominado "alta sociedade" - todas estas coisas são do mundo. Todas fazem parte daquilo de que a carne consiste, daquilo que se edifica sobre a carne e que há de perecer com a carne. E dessas coisas o cristão deve fugir. Todas essas coisas ele tem que pôr para trás e nelas não deve tomar parte. Contra elas deve pôr-se serena, mas firmemente, sem transigência e sem temor.

Portanto, que o mundo se apresente em seus aspectos mais feios, quer em suas formas mais sutis e refinadas, devemos reconhecê-lo pelo que ele é, e repudiá-lo categoricamente. Precisamos fazer isso, se é que desejamos andar com Deus em nossa geração como Enoque o fez na sua. Um rompimento puro e simples com o mundo é imperativo. "Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus" (Tiago 4:4). "Não ameis o mundo nem as cousas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo" (I João 2:15,16). Estas palavras de Deus não estão diante de nós para nossa consideração; estão aí para nossa obediência, e não temos direito de nos entitular-mos cristãos se não as seguimos.

Quanto a mim, temo qualquer tipo de movimento religioso entre os cristãos que não leve ao arrependimento, resultando numa aguda separação do crente e o mundo. Suspeito de todo e qualquer esforço de avivamento organizado, que seja forçado a reduzir os duros termos do Reino. Não importa quão atraente pareça o movimento, se não se baseia na retidão e não é cuidado com humildade, não é de Deus. Se explora a carne, é uma fraude religiosa e não deve receber apoio de nenhum cristão temente a Deus. Só é de Deus aquele que honra o Espírito e prospera às expensas do ego humano. "Como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor".