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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Fé: Quando a Razão Não Pode Ajudar


 

- David Wilkerson

Quando Deus diz à humanidade: “Creia”, Ele pede algo que está totalmente além da razão. A fé é inteiramente ilógica. A sua própria definição tem a ver com algo irracional. Pense nisso: a carta de Hebreus diz que a fé é a substância de algo que se espera, a prova que se não vê. Somos informados, em resumo, de que “inexiste uma substância tangível. Inexiste prova absolutamente alguma”. Mesmo assim somos orientados a crer. Dá para você pensar numa exigência mais irracional do que essa? Ela diz simplesmente: “Aceite isso sem provas. Confie no invisível”. Está totalmente além da lógica.




Estou focalizando esse assunto por uma razão importante. Nesse momento, por todo o mundo, multidões de crentes estão se dobrando ao desencorajamento. O povo de Deus está passando por provações, lutas, sofrimento, e todo tipo de caos. O fato é que todos continuaremos a enfrentar desencorajamentos nessa vida. Contudo, creio que se compreendermos a natureza da fé – a sua natureza ilógica e irracional, encontraremos a ajuda que precisamos para prosseguir.

Veja a fé que foi exigida de Noé. Ele viveu numa geração que havia se desgovernado inteiramente. Não dá nem para começar a se imaginar a malignidade dos tempos em que esse homem viveu: violência e assassinatos crescentes. Finalmente, disse: “Chega! O homem está destruindo a si próprio. Isso tem de parar”.

Ele disse a Noé: “Destruirei toda a carne. Mas preservarei a você e sua família. Então, quero que construa uma arca, Noé. E quero que você junte nela todas as espécies animais, em casais. Enquanto você estiver fazendo isso, darei aos habitantes da terra 120 anos de misericórdia. Aí então enviarei uma chuva que não parará por 40 dias e noites. Haverá um grande dilúvio, que eliminará todo ser vivente”.

Imagine o assombro de Noé ao tentar entender isso. Deus iria enviar um cataclisma, que destruiria toda a terra. Ainda assim, tudo que foi dito para Noé em relação a tal assunto foram estas breves palavras dos céus. Ele simplesmente deveria aceitar isso pela fé, sem receber mais nenhuma orientação por 120 anos.

Pense no quê a fé estava exigindo de Noé. Ele recebeu a tarefa gigantesca de construir uma enorme arca. E enquanto isso, teria de viver num mundo violento e perigoso. Ele estava cercado de gigantes, criminosos, céticos, todos observando cada passo dele. Tenho certeza de que zombaram de Noé enquanto ele enfadonhamente trabalhava na arca ao longo dos anos. E, endurecidos pela violência, provavelmente ameaçaram matá-lo. Porém a fé exigia que Noé conservasse seu coração “temente a Deus” (v. Hebreus 11:7). Ele tinha de continuar crendo, enquanto o mundo todo ao redor dele dançava, farreava e mergulhava na sensualidade.

Basicamente, Deus havia dito a ele: “Você deve crer na Minha Palavra, Noé. Estou pedindo que Me obedeça, sem desculpas. Se em algum momento começar a duvidar, ou tiver vontade de desistir, você terá de confiar no que lhe disse. Não lhe darei nenhuma prova, apenas a Minha promessa. Você deve agir baseado unicamente nisso”.

Um quadro totalmente ilógico. Certamente às vezes Noé se frustrava, tanto externa como interiormente. Quantos dias ficou desencorajado? De quanto em quanto tempo se perguntou “Isso é uma besteira. Como posso saber que era a voz de Deus?”. Mas Noé fez como Deus mandou. Continuou confiando na palavra que recebeu, por mais de um século. E por sua obediência, dizem as escrituras, Noé “se tornou herdeiro da justiça que vem da fé” (v. Hebreus 11:7).

Veja Abraão. Deus disse a esse homem: “Levante-se, saia, e deixe a sua terra”. Certamente ele ficou imaginando: “Mas para onde, Senhor?”. Deus respondeu simplesmente: “Não vou dizer. Apenas vá”.

Isso não era lógico. Era uma exigência totalmente não razoável para qualquer ser pensante. Vou ilustrar perguntando à qualquer esposa cristã: o que aconteceria se o seu marido chegasse em casa um dia, e dissesse: “Arrume as malas, amor – nós vamos mudar”. É claro, você iria querer saber por que, ou para onde, ou como. Mas a única resposta que ele lhe dá é: “Não sei. Eu só sei que Deus mandou fazer isso”. Inexiste correspondência racional a esse tipo de exigência. Ela simplesmente diria que não é lógica.

Contudo essa foi exatamente a direção ilógica que Abraão seguiu. “Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia” (Hebreus 11:8). Abraão fez as malas da família e saiu, sem saber onde acabaria a viagem. A única coisa que sabia era a breve palavra que Deus havia lhe dado: ” Vá, Abraão, e Eu estarei contigo. Nenhum mal chegará a ti”. A fé exigia que Abraão agisse baseado em nada além desta promessa.

Em uma noite estrelada, Deus diz a Abraão: “Olhe para o céu. Está vendo as inúmeras estrelas? Conte-as se puder. Essa será a quantidade de descendentes que você terá” (v. Gênesis 15:5). Abraão deve ter abanado a cabeça diante disso. Ele era velho então, bem como sua esposa, Sara. Há muito havia passado o tempo da possibilidade de terem um filho. Contudo aqui ele recebe a promessa de que se tornaria o pai de muitas nações. E a única evidência que possuía para prosseguir era uma palavra dos céus: ” Eu sou o Senhor” (Gênesis 15:7).

Mas Abraão obedeceu. E a Bíblia diz o mesmo em relação a ele que diz de Noé: “Ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça” (15:6). De novo, vemos uma cena ilógica. Mesmo assim a fé de um homem é transformada em justiça.

Veja os filhos de Israel. Pense nas situações de provação às quais foram levados por Deus. Ele os livrou das garras do faraó no Egito só para se verem encurralados no mar Vermelho. Os israelitas ficaram cercados pelas montanhas por dois lados, com o exército do faraó rapidamente caindo sobre eles por trás. Era uma situação desesperadora, sem nenhuma saída humana. O coração do povo deve ter se agitado ao ouvir o ribombar dos carros do faraó, e vendo o pó levantado pelos cavalos.

Mesmo conhecendo o desdobramento desta cena, a minha carne quer argumentar com Deus: “Não parece justo, Senhor. Que tremendo trauma para as famílias e seus filhos. Eles ficaram presos lá, sem barcos ou jangadas, se perguntando o que fazer. Deus, uma noite o Senhor matou todos os primogênitos do Egito. Por que não matou todos esses soldados no deserto? É irracional, com todas aquelas crianças chorando, e os homens e mulheres tremendo de medo. Eles tinham Lhe obedecido – mesmo assim o Senhor permitiu que isso lhes sobreviesse. Por que levá-los a passar por isso?”.

Não há como escapar deste fato: Deus os levou à essa situação. E a cena inteira é totalmente ilógica, completamente irracional. Deus simplesmente esperava que eles cressem na palavra que já havia lhes dado: “Vou pegá-los em meus braços e carregá-los através do deserto. Nenhum inimigo prosperará contra vocês, pois estarei consigo. Vocês simplesmente se aquietem e vejam a salvação do Senhor”.

Eu lhe pergunto: quantos de nós hoje não ficaríamos lá com medo e chorando, como os israelitas fizeram? Se formos honestos, sabemos que é exatamente assim que reagimos agora, na maioria de nossas crises. A situação dos nossos corações não é similar a deles?

Simplificando, a fé é muito exigente. Ela exige que uma vez tendo ouvido a Palavra de Deus, a obedeçamos, sem nenhuma outra evidência ou prova para nos dirigir. Não importa o quão grandes os nossos obstáculos possam ser, o quanto as nossas circunstâncias sejam impossíveis. Devemos crer em Sua Palavra e agir baseados nela, sem nenhuma outra prova para ir em frente. Deus diz: “A única coisa que você necessita é da Minha promessa”.

David Wilkerson

Parte do sermão, “A Irracionalidade da Fé”.

Extraído do site: Discernimento Cristão

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