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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Generosidade, o fundamento da prosperidade




A generosidade é o caminho da prosperidade. Quando abrimos o coração e as mãos para socorrer os aflitos, Deus abre sobre nós as janelas dos céus. A generosidade e não a usura é a fonte da verdadeira prosperidade. Vejamos três aspectos da generosidade cristã:
Em primeiro lugar, a generosidade é uma semeadura que produz farta colheita. A Palavra de Deus diz: “A quem dá liberalmente, ainda se lhe acrescenta mais e mais; ao que retém mais do que é justo, ser-lhe-á pura perda” (Pv 11.24). Na economia de Deus, você tem o que dá e perde o que retém. O dinheiro é como uma semente, só se multiplica quando é semeado. A semente que se multiplica não é a que comemos nem a que guardamos, mas a que semeamos. A semeadura generosa terá uma colheita farta, pois quem dá liberalmente, ainda se lhe acrescenta mais e mais. É o próprio Deus quem multiplica a nossa semente e faz prosperar a nossa sementeira, quando abrimos a mão para abençoar. Mãos abertas produzem bolsos cheios. O contrário, também, é verdadeiro. Ao que retém mais do que é justo, ser-lhe-á pura perda. Vasa entre os dedos. É como receber salário e colocá-lo num saco furado. Aqueles que acumulam com avareza o que poderia socorrer o aflito, descobre que esse dinheiro acumulado não pode lhes dar felicidade nem segurança. Aqueles que ajuntaram fortunas e viveram no fausto e no luxo, deixando à míngua o próximo à sua porta, descobrem que, quando a morte chegar, não poderão levar sequer um centavo. Não há caminhão de mudança em enterro nem gaveta em caixão. Mas aquilo que você dá com generosidade, é como uma semente bendita que se multiplica e alimenta a milhares.
Em segundo lugar, a generosidade é uma dádiva que produz prosperidade. A Palavra de Deus é clara em afirmar: “A alma generosa prosperará, e quem dá a beber será dessedentado” (Pv 11.25). A prosperidade não é resultado da usura, mas da generosidade. A avareza é a mãe da pobreza, mas a generosidade é a genetriz da prosperidade. Aqueles cujos corações foram abertos por Deus, têm mãos e bolsos abertos para socorrer os necessitados. Jesus Cristo disse que mais bem-aventurado é dar do que receber. A contribuição não é um favor que fazemos às pessoas, mas uma graça que recebemos de Deus. Quando abrimos a mão para ofertar estamos investindo em nós mesmos e semeando em nosso próprio campo. Quem dá ao pobre empresta a Deus e ele jamais fica em débito com ninguém. Deus multiplica a sementeira daquele que semeia na vida dos seus irmãos. Quem dá alívio aos outros, alívio receberá. Quando damos a beber a quem tem sede, dessedentamos a nós mesmos. O bem que fazemos aos outros, retorna para nós em dobro.
Em terceiro lugar, a generosidade é um empréstimo a Deus, que a ninguém fica devendo. A Palavra de Deus é enfática: “Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta, e este lhe paga o seu benefício” (Pv 19.17). Deus sempre demonstra um cuidado especial aos pobres. Deus, porém, faz tanto o rico quanto o pobre. Se o pobre é um mistério divino, o rico tem um ministério divino. O rico não deve acumular sua riqueza com avareza, mas distribui-la com generosidade. Deve ser rico de boas obras e ter consciência de que, o que recebe de Deus com abundância, deve ser compartilhado com generosidade. Isso é como emprestar a Deus, pois Deus é o fiador do pobre. Deus nunca fica em dívida com ninguém. Ele não dá calote. Sua justiça é perfeita e sua misericórdia não tem fim. Ele é a fonte de todo o bem. Tudo o que temos e somos vem de Deus. Riquezas e glórias vêm das suas mãos. É ele quem multiplica a nossa sementeira para continuarmos semeando na vida do nosso próximo. É ele quem nos faz prosperar como fruto da generosidade. É ele quem nos paga em dobro tudo quanto ofertamos ao pobre.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O vale da dor





Referência: Mateus 26.36-46
INTRODUÇÃO
1. O vale da dor é incontornável. Todos passamos por ele. Todos sofremos.
2. Jesus também teve o seu Getsêmani. O jardim do Getsêmani fica no sopé do Monte das Oliveiras, pois ali existia muitos olivais. Getsêmani significa lagar de azeite, prensa de azeite.
3. Por ser um aparato destinado a receber os frutos da oliveira, para transformá-los em óleo, produto de muitas utilidades, o dito aparato era instalado mesmo no interior do jardim das Oliveiras.
4. Foi neste lagar de azeite, onde as azeitonas eram esmagadas, que Jesus experimentou o mais intensa e cruel agonia. Ali sua vida foi moída. Ali foi esmagado sob o peso dos nossos pecados. Ali seu corpo foi golpeado. Ali suou sangue. Ali enfrentou a fúria do inferno, o silêncio do céu.
I. O PRELÚDIO DO VALE DA DOR 
1. Olhe pela janela dos quatro evangélicos e veja que noite fatídica foi aquela para Jesus.
2. Lá estava Jesus, com os doze discípulos, celebrando a Páscoa
a) Ele ensina a eles a humildade, lava-lhes os pés;
b) Ele aponta o traidor, e este sai na escuridão daquela noite para o trair;
c) Ele lhes dá o novo mandamento;
d) Ele avisa a Pedro “Nesta noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes”.
e) Ele lhes consola: “Não se turbe o vosso coração…”
f) Ele ora por eles (Jo 17).
3. Saem de noite, do Cenáculo, na noite da trama, da armadilha, dos acordos escusos, do suborno traidor, na calada da noite. O sinédrio está reunido na surdina, urdindo planos diabólicos, subornando testemunhas, comprando a consciência fraca de Judas.
4. Saem do Cenáculo apenas em 11. Judas não voltou. Descem o Monte Sião. Cruzam o Vale do Cedrom. Entram no Getsâmani. Era noite. Dos 11 que o acompanham, 8 estão ficando para trás. E parece que por ordem dele: “Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar.”
5. Continua Jesus caminhando, mas agora, somente com 3. A angústia toma conta de sua alma. A morte, o salário do pecado, o acossa. “A minha alma está profundamente triste até a morte”.
6. Os 3 ficam também para trás. Ele agora segue sozinho. Ajoelhou-se o Senhor do céu e da terra. Ajoelhou-se o Rei do Universo. Ajoelhou-se o Deus encarnado.
Prostrou-se com o rosto em terra – humilhou-se.
Ora intensamente, numa luta de sangrento suor.
O anjo de Deus vem consolá-lo.
Judas capitaneia a súcia, a turba maligna.
Os inimigos caem. Cristo se entrega voluntariamente.
II. AS MENSAGENS DO VALE DA DOR
1. No Vale da dor enfrentamos profunda tristeza – v. 38 
No Getsêmani da vida você terá tristeza. Sim, se Cristo passou pelo Vale da Dor, nós também passaremos. Vida Cristã é um vale de lágrimas. Temos alegria do céu, mas cruzamos também os vales da dor. Passamos por desertos esbraseantes, por ondas revoltas, por ventos contrários, por rios caudalosos, por fornalhas ardentes.
Jesus também teve tristeza e não foi só no Getsêmani:
a) Ficou triste com a morte do seu amigo Lázaro – e essa tristeza levou-o também a chorar. Quantas vezes você já ficou triste e chorou pela morte de um amigo, de um ente-querido?
b) Ficou triste e chorou sobre a cidade de Jerusalém – Jesus chorou ao contemplar a impenitente cidade de Jerusalém, assassina de profetas, rebelde. Ele disse: “Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas e apedrejas os que te foram enviados, quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus filhotes, mas tu não o quisestes”. Quantas vezes você já chorou por um parente ou amigo que se recusou a crer em Cristo até a hora da morte?
c) Ficou triste no Getsêmani – Agora, entre a ramagem soturna das oliveiras, sob o clima denso da trama, e peso da cruz Jesus declara: “A minha alma está profundamente tirste até a morte”.
d) Por que Jesus estava triste?
1) Era porque sabia que Judas estava se aproximando com a turba assassina?
2) Era porque estava dolorosamente consciente de que Pedro o negaria?
3) Era porque sabia que o Sinédrio o condenaria?
4) Era porque sabia que Pilatos o sentenciaria.
5) Era porque sabia que o povo gritaria infrene: Crucifica-o?
6) Era porque sabia que o povo escolheria a Barrabás e o condenaria?
7) Era porque sabia que seria açoitado, cuspido e humilhado pelos soldados romanos?
8) Era porque sabia que os seus discípulos o abandonariam na hora da morte? NÃO!!!
A tristeza de Cristo era porque sua alma pura, estava recebendo toda a carga de todos os nossos pecados. Na cruz Deus escondeu o rosto do seu Filho. Ali ele foi feito pecado e maldição. Ali ele clamou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
Até o sol escondeu o rosto de Jesus, e as trevas cobriram a terra.
Jesus foi traspassado, moído. Na cruz ele desceu ao Hades.
Ali ele entristeceu-se porque sorveu sozinho o cálice da ira de Deus. Só pagou o preço da nossa redenção. Sofreu só, sangrou só, só morreu!
Como você tem enfrentado o seu vale de dor, o seu Getsêmani?
2. O vale da solidão- v. 39
No Getsêmani da vida, no vale da dor, muitas vezes, você sofrerá sozinho.
Nesta hora Jesus buscou dois refúgios: a solidariedade humana e a vontade divina. Na solidão precisamos de a) Comunhão Humana; b) Comunhão com Deus. Jesus pediu a presença dos 3 discípulos com ele. Jesus não pede nada, nem quer ouvir nada deles, mas pede a presença deles. Paulo também prediu que Timóteo fosse ter com ele e levasse João Marcos. Na hora da solidão, precisamos de gente e precisamos de Deus!
a) Muita gente há havia abandonado a Jesus (Jo 6:66).
b) Seus discípulos o iam abandonar agora (Mt 26:56).
c) Pior de tudo, na cruz ia gritar: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” – As multidões o deixaram. Os discípulos o deixaram. Agora é desamparado pelo próprio Pai.
d) Muitas coisas disse Jesus às multidões. Quando porém, falou de um traidor, foi apenas para os 12. E únicamente para 3 desses 12 é que ele disse: “A minha alma está profundamente triste até à morte”. E por fim, quando começou a suar sangue, estava completamente sozinho.
e) Quando Paulo estava no seu Getsêmani, na prisão romana, à beira do martírio, disse: “Todos me abandonaram. Na minha primeira defesa ninguém foi ao meu favor. Mas ali viu sua coroa.
f) Quando João foi exilado na Ilha de Patmos, passou pelo seu Getsêmani sozinho, mas ali Deus lhe abriu a porta do céu.
g) Quando Jó foi abandonado pela sua mulher, e acusado pelos seus amigos, pode ver a Deus face a face.
h) Como você tem enfrentado a sua solidão?
3. O vale da oração – v. 39,42,44
Quando passamos pelo Vale da dor, muitos murmuram, outros se desesperam, outros deixam de orar, outros deixam de ler a Bíblia, outros abandonam a igreja, outros se revoltam contra Deus.
Nas provas devemos aprender a orar como Jesus. Sua oração foi marcada por 5 características:
1) Humilhação – Ele, o Deus eterno, está de joelhos. Ele, o criador do universo, está com o rosto em terra, suando sangue. Como não deveríamos estar quando também atravessamos o vale da dor?
2) Intensidade (Lc 22:44) – Jesus enfrentou a maior batalha da sua vida em oração. A batalha foi tão intensa que Jesus começou a suar sangue. Foi uma oração de guerra. Ele se agonizou em oração.
3) Perseverança – Ele orou 3 vezes e progressivamente.
4) Vigilância (v. 41) – Jesus alertou os discípulos para vigiar e orar. Porque não vigiaram: 1) Dormiram na batalha; 2) Pedro negou Jesus; 3) Os discípulos fugiram; 4) Pedro cortou a orelha de Malco; 5) Não sabiam o que responder a Jesus? Seus olhos estavam carregados de sono, porque seus corações estavam vazios de oração.
5) Submissão (v. 39,42,44) – A oração não é que a vontade do homem seja feita no céu, mas para que a vontade de Deus seja feita na terra. Porque Jesus orou teve coragem para enfrentar a turba, a prisão, os açoites, a cruz, a morte. Sem oração você foge como os discípulos (v. 56). “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Mas se orar, o bicho foge”.
Muitos se desesperam quando cruzam o vale da dor, mas Cristo caiu de joelhos e orou e na oração prevaleceu. E você, tem se rendido a Deus? Tem se colocado de joelhos, dizendo: “eu me rendo Senhor, seja feita a tua vontade Senhor”.
Marcos 14:36 diz que Jesus começou sua oração, dizendo: “Aba, Pai”. Era a palavra que uma criancinha usava para se dirigir ao seu Pai. Jesus se dirige a Deus, sabendo que ele é Pai, digno de toda confiança. O que nos livra da tentação é saber que no vale da dor: Deus é bom e ele é o nosso Pai.
4. O vale da Consolação (Lc 22:43) 
Deus nos consola nos dando livramento da prova, ou nos dando poder para vencer as provas.
a) Paulo ora 3 vezes pedindo cura do espinho na carne, mas Deus lhe diz: “A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”.
b) Tiago diz que devemos ter por motivo de toda a alegria, o passarmos por diversas tribulações (Tg 1:2-4).
c) No Getsêmani da vida, Deus o consolará: “E apareceu-lhe um anjo do céu que o confortava”.
d) Jesus não encontrou pleno conforto nos seus discípulos, pois a vigília da solidariedade tinha se transformado no sono da fuga. Mas quando Jesus buscou a face do Pai, um anjo desceu do céu para confortá-lo. Porque os amigos mais solidários falharam, ele ficou solitário com o Pai e foi consolado.
e) Agora o sofredor manchado de sangue é consolado por um anjo do céu. Depois que travou a mais sangrenta batalha da história. Depois que aceitou sorver sozinho o cálice da ira de Deus. Depois que se dispôs a carregar o lenho maldito. Depois que se dispôs a se tornar maldição por nós. Depois que desafiou o inferno e seus demônios, foi consolado!
f) Deus nunca abandona os seus no vale da dor, no Getsêmani da vida. Ele é o Deus e Pai de toda consolação.
1) Os amigos de Daniel – No Getsêmani da fornalha foram consolados pelo anjo do Senhor.
2) Pedro na prisão – ia ser morto no dia seguinte, mas o anjo do Senhor o levantou, o guiou, o livrou, o consolou.
3) Paulo no naufrágio – Passou 14 dias na voragem do mar. Tempestade convulsiva. Todos haviam perdido a esperança. Mas Deuse enviou seu anjo para confortar a Paulo e lhe garantiu a vitória.
4) Você tem sentido a consolação de Deus?
CONCLUSÃO 
1) Como foi que Jesus entrou no Getsêmani da sua vida? Profundamente angustiado, abatido e cheio de tristeza.
2) Como foi que saiu? Tão fortalecido e vitorioso que bastou somente uma palavra sua para fazer seus inimigos recuarem, caindo todos por terra. Jesus não foi preso, ele se entregou. Ele se deu. Ele morreu. Ele ressuscitou. Ele venceu. Ele está conosco. Ele nos consola, nos guia, nos leva para a Casa do Pai.

sábado, 26 de maio de 2012

O Poder do Evangelho


 







Dave Hunt
"Ide por todo o mundo e pregai o
evangelho a toda criatura"
(Mc 16.15).
O "...evangelho... é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê..." (Rm 1.16).
A santidade e a justiça de Deus exigem que os pecadores sejam eternamente separados dEle. Ser cortado completa e eternamente daquele Amor pelo qual se foi criado equivalerá a arder com uma sede que se tornará cada vez mais insuportável. Mesmo assim, Deus, graciosa e gratuitamente oferece salvação dessa que é a mais terrível condenação. "O evangelho da graça de Deus" declara que Deus se tornou homem através de um nascimento virginal; que esse homem-Deus imaculado morreu pelos nossos pecados, satisfazendo Sua própria justiça através do sofrimento do castigo eterno que nós merecemos; que Ele ressuscitou ao terceiro dia; e que todos aqueles que crêem nEle são perdoados e recebem a vida eterna como um dom gratuito. A salvação é tão simples – e maravilhosa –; ela deve ser pregada com essa simplicidade.
O Evangelho puro que convence os ouvintes
Não são as credenciais acadêmicas, a oratória brilhante ou a persuasão do pregador, porém o Evangelho puro que convence os ouvintes. Não devemos atentar para sabedoria humana e zelo, a fim de embelezar, melhorar, ou de qualquer forma fazer o Evangelho mais atrativo para os perdidos. O Evangelho, apresentado em sua imutável pureza, é a mensagem que o Espírito Santo honra convencendo e dando convicção àqueles que O ouvem (Jo 16.8-11). Essa verdade deve voltar a concentrar a atenção dos evangélicos!
Ao contrário da crença popular, perícia na pregação (a "homilética" ensinada no seminário) não tem capacidade de ajudar, antes atrapalha a comunicação do Evangelho. O domínio da oratória ou das técnicas de vendas mais recentes pode ser útil numa profissão secular, mas não "na loucura da pregação". A não ser que tais metodologias e capacidades sejam colocadas de lado para proclamar a verdade de Deus, elas obscurecem o Evangelho.
Mesmo que o acima exposto possa parecer uma perspectiva extremista e anti-intelectual, tal foi o ensinamento e a prática do apóstolo Paulo. Rabino bem instruído, Paulo era, sem dúvida, um eloqüente orador que podia influenciar qualquer platéia. Todavia, na pregação do Evangelho, ele deliberadamente deixava de lado a "ostentação de linguagem" (1 Co 2.1) e cuidadosamente evitava as "palavras ensinadas pela sabedoria humana" (v. 13). Sabendo que suas próprias idéias, embelezamentos e habilidades persuasivas eram empecilhos ao invés de auxílios, o grande apóstolo ficou diante de sua audiência "em fraqueza, temor e grande tremor" (v. 3). Devemos proceder da mesma forma.
Paulo declarou que a sabedoria de palavra anula a cruz de Cristo (comp. 1 Co 1.17). Portanto, ele determinou que sua pregação não consistiria em "linguagem persuasiva de sabedoria [humana], mas em demonstração do Espírito e de poder" para que a fé de seus convertidos "não se apoiasse em sabedoria humana; e, sim, no poder de Deus" (1 Co 2.4-5). Todavia, muitos cristãos bem-intencionados fazem exatamente o que Paulo evitava, convencidos de que o Evangelho e o Espírito Santo necessitam da ajuda do conhecimento, da persuasão psicológica e de uma embalagem promocional moderna. Conseqüentemente, a fé de muitos crentes hoje está firmada na sabedoria humana em vez de no poder de Deus – podendo assim, da mesma forma, ser minada por argumentos humanos.
Comprometimento e negação do Evangelho
O Evangelho está sendo comprometido e até mesmo negado por muitos cristãos confessos. Os termos "espiritual" ou "espiritualidade" legitimam muito engano. "Espiritualidade" agora é evidenciada pelo ecumenismo e realçada pelas técnicas da Nova Era. A revista evangélica americana Christianity Today (Cristianismo Hoje) de 11/8/93 referiu-se favoravelmente a respeito de um movimento rumo à maturidade espiritual aparentemente muito espalhado. Infelizmente, na sua promoção de "espiritualidade moderna", a Christianity Today apela para Richard Foster e suas técnicas de "oração contemplativa", que envolvem a passividade e a visualização ensinadas por ocultistas como Inácio de Loyola (fundador dos jesuítas) e Agnes Sanford (veja os livros "A Sedução do Cristianismo" e "Escapando da Sedução"). Muitos artigos [da revista] sustentam que o catolicismo romano faz parte de um "cristianismo sadio". Introduzindo um artigo principal, o editor executivo da Christianity Today exalta o místico católico romano Thomas Merton por ter aberto um caminho para um relacionamento mais profundo com Deus, embora Merton, um seguidor da Nova Era, rejeitasse o Evangelho, sem cuja aceitação não se pode conhecer a Deus.
A motivação da pregação do Evangelho: o amor
Não são metodologias ou técnicas, mas verdade e amor que iniciam e amadurecem a vida espiritual no crente. Tampouco o genuíno amor por Deus e pelos outros pode brotar de qualquer outra coisa a não ser da aceitação e do reconhecimento do Evangelho (1 Jo 4.19). Aquela "velha história" revela o amor de Deus. Aqueles que a pregam em verdade devem ser motivados e fortalecidos por esse mesmo amor.
Bem, talvez você diga: "Eu não sou pastor ou pregador, e, assim sendo, recomendações tratando da pregação do Evangelho não se aplicam ao meu caso." "A loucura da pregação" inclui compartilhar de Cristo por sobre a cerca com um vizinho, ou com um amigo pelo telefone. O mandamento de Cristo para "pregar o evangelho" e "fazer discípulos" – a chamada "Grande Comissão" de Marcos 16.15 e Mateus 28.18-20 – se aplica igualmente a qualquer cristão do passado, do presente ou do futuro. Esse fato está claro nas palavras de Cristo, "ensinando-os (aos convertidos) a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado" (Mt 28.20). Os primeiros discípulos de Cristo deveriam ensinar seus convertidos a obedecer cada mandamento que Ele tinha dado a eles – incluindo pregar o Evangelho e ensinar seus convertidos a obedecer todos os mandamentos de Cristo igualmente. E assim até chegar aos nossos dias. Nós também devemos obedecer a tudo quanto Ele ordenou aos primeiros doze.
Cada convertido a Cristo é ordenado e fortalecido pelo Espírito Santo
Essas afirmações de Cristo corrigem uma quantidade de enganos populares, tais como a idéia de que Seus ensinamentos nos quatro Evangelhos são apenas para Israel, ou apenas para serem obedecidos no Milênio, e, assim sendo, não seriam para a Igreja hoje. Também fica eliminada a idéia de que "o evangelho do reino" que Cristo e Seus discípulos pregaram antes da cruz é, de alguma maneira, diferente daquele que é pregado para nós hoje. E uma das principais fontes do engano católico romano – que o papa é o sucessor de Pedro e que somente os integrantes da hierarquia de padres, bispos, cardeais, etc. são os sucessores dos outros apóstolos – também é desmentida. Cada convertido a Cristo é igualmente ordenado e fortalecido pelo Espírito Santo para obedecer tudo o que Cristo ordenou aos doze primeiros e conseqüentemente a agir usando toda a capacidade pela qual Ele os treinou e os comissionou.
Novos métodos e inovações
O Evangelho é a única solução para o problema do efeito destrutivo do pecado na vida diária. Ainda assim, muitos evangélicos perderam sua fé no poder do Evangelho e imaginam que algo mais é necessário; sejam programas atrativos, aconselhamento psicológico ou novas revelações de profetas modernos. Paulo se referiu à "loucura da pregação" porque o Evangelho simples que ele pregava era desprezado. O mesmo acontece em nossos dias.
Em contraste com a simplicidade e pureza do Evangelho apresentado nas Escrituras, novos métodos e inovações estão sendo empregados hoje. O Evangelho não é mais considerado como suficiente por si próprio. Atualmente é ensinado que crer no Evangelho poderá deixar hostes de demônios escondidos interiormente, remanescentes de pecados passados ou até mesmo de gerações anteriores. A Bíblia chama aquele que crê no Evangelho de "nova criatura" em Cristo; para quem "as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas" (2 Co 5.17; Gl 6.15). Negando essa clara verdade, "ministérios de libertação" têm surgido em grande número para expulsar os demônios dos cristãos.
"Batalha espiritual"
O Evangelho simples foi tudo o que os apóstolos precisaram e usaram. Ainda assim, muito tem sido acrescentado hoje em dia. Considere, por exemplo, a nova crença de que muitos cristãos (especialmente missionários regressantes) que passam por uma crise de "estresse" ou "esgotamento" desenvolvem múltiplas personalidades – outra heresia da psicologia. De acordo com o que se alega, a "libertação" se dá quando cada uma dessas personalidades é levada a crer em Cristo para a salvação! Estreitamente relacionado a isso está o "mapeamento espiritual", outra nova "febre" que Christianity Today chama de "uma técnica complicada e controvertida desenvolvida pelo missiólogo C. Peter Wagner, que alega poder identificar as fortalezas satânicas numa cidade..."
Há algum tempo lemos sobre a "Conferência Norte-Americana de Mapeamento Espiritual" que oferecia "uma metodologia para descobrir obstáculos específicos para ganhar almas nas localidades norte-americanas":
A conferência foi promovida pelo "Sentinel Group" ("Grupo Sentinela") de Lynnwood (Estado de Washington, EUA), e atraiu 130 pastores, líderes leigos, e missionários convidados de 30 estados e províncias... A "crescente influência das novas e poderosas forças espirituais no continente" necessitam de tal pesquisa, disse o presidente do "Grupo Sentinela", George Otis, Jr... Um Guia de Mapeamento Espiritual distribuído na conferência esboçava maneiras pelas quais os participantes poderiam pesquisar, através de muita oração, os grilhões sociais, a escravidão, e as barreiras espirituais de suas respectivas comunidades. (NIRR)
Algumas questões se levantam imediatamente. Novas forças espirituais? Existe uma nova espécie de demônios mais inteligentes ou poderosos do que aqueles enfrentados pela igreja primitiva? Se o Evangelho necessita de tal ajuda, por que a Bíblia não menciona nada disso? Por que esses métodos não foram praticados nem ensinados por Cristo e pelos apóstolos? Como Paulo poderia ter "transtornado o mundo" (At 17.6) através da evangelização do Império Romano pagão, sem empregar essas técnicas? Paulo teria alcançado maior sucesso se tivesse usado "mapeamento espiritual" e empregado a nova "metodologia para descobrir obstáculos específicos para ganhar almas"?
Os casos de Corinto e Éfeso
Corinto, a cidade grega mais esplendorosa e próspera, o centro do comércio entre o Oriente e o Ocidente, claramente era tão escravizada por Satanás quanto qualquer cidade hoje em dia. O culto de Afrodite, a deusa do amor e da beleza, cujo exemplo mítico encorajou promiscuidade sexual e perversão, há muito havia florescido ali. Quando Paulo desembarcou em Corinto (por volta de 50 d.C.), o grandioso templo de colunas de Apolo tinha dominado o centro comercial da cidade (onde a maior parte da carne vendida para consumo era primeiramente oferecida aos ídolos) por 600 anos. Ainda assim, não encontramos nenhum indício de que Paulo tenha se empenhado no "mapeamento espiritual" das forças demoníacas em Corinto. Ele confiava que o Evangelho, única e exclusivamente, poderia resgatar os pagãos das garras de Satanás: "Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado" (1 Co 2.2).
Ou considere a cidade de Éfeso, cuja riqueza se devia, em grande parte, à venda de imagens da deusa Diana. O templo dela era o centro da vida em Éfeso e, como em todas as situações de idolatria, envolvia prostituição, orgias sexuais e toda sorte de depravações. Se alguma vez um povo foi aprisionado por Satanás e seus subordinados, estes foram os efésios. Mesmo sem "mapeamento espiritual" ou outras técnicas de "libertação" promovidas atualmente, multidões vieram a Cristo e a igreja formada ali esteve entre as mais fortes e verdadeiras. Sim, Paulo os fez lembrar que a batalha da qual participavam não era contra carne e sangue, mas contra os principados e potestades, contra as forças espirituais do mal espalhadas nas regiões celestiais (Efésios 6.10-12). Contudo, ele não deu qualquer indício de que essas forças demoníacas devessem ser mapeadas ou rastreadas, ou que as técnicas psicológicas para tratamento com personalidades múltiplas devessem ser empregadas. Os crentes deveriam permanecer firmes na fé, vestidos com a armadura de Deus, sua única arma, "a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus" (v. 17).
A experiência espiritual mais elevada
A "velha história de Jesus e seu amor", como diz o clássico hino, "é sempre nova" e mais amada por "aqueles que a conhecem melhor." Nós nunca iremos avançar, nem mesmo na eternidade, a uma experiência espiritual ou um entendimento mais elevado do que aqueles produzidos pela fé no Evangelho simples que nos salva. O fato de que Deus nos amou tanto, a ponto de se tornar homem, e, mesmo odiado, rejeitado, desprezado e crucificado, ter morrido em nosso lugar para reconciliar os pecadores consigo mesmo sempre será, para as almas resgatadas, a fonte de amor, alegria e adoração no céu. Por toda a eternidade nunca teremos uma canção mais nova ou melhor do que a "velha história" que sempre é nova.
"Digno és... porque foste morto e com o teu sangue [nos] compraste para Deus", é o mais elevado louvor possível para os redimidos na presença de Deus (Ap 5.9). Nisso consiste o segredo da alegria daqueles que habitam o céu. Por que, então, alguns cristãos andam deprimidos, inseguros, egoístas, terrenos no modo de pensar e faltos de amor, alegria, paz e vitória em Cristo? A "velha história de Jesus e Seu amor" se tornou, de fato, velha para eles, negligenciada e esquecida. Eles não necessitam de aconselhamento psicológico, mas de um retorno ao seu "primeiro amor" (Ap 2.4). Nós precisamos meditar incessantemente sobre essa verdade supremamente maravilhosa, o simples Evangelho, que sozinho inflama o amor genuíno e a gratidão sincera que devemos, continuamente, expressar a nosso Senhor.
É louvável se alguém, preocupado em conhecer melhor a Deus, estuda grego. Contudo, se a habilidade nessa língua fosse essencial para conhecer a Palavra de Deus e viver uma vida cristã mais frutífera, então seria de se esperar que os gregos fossem o povo mais parecido com Cristo e o mais frutífero dentre todos, e Deus exigiria de nós todos a capacidade de falar grego. Obviamente os gregos nos dias de Cristo e de Paulo conheciam sua língua nativa muito melhor do que os estudantes modernos desse idioma, mas, mesmo assim, eles enfrentaram tanta dificuldade para viverem uma vida cristã quanto qualquer outro. O relacionamento de amor que Deus deseja carece apenas de um coração sincero e confiante no qual possa crescer.
"Oh!, o mais maravilhoso de tudo...", disse um compositor, "é que Deus me ama!" Isso é tão simples que até mesmo uma criança pode crê-lo, mas tão profundo que levaremos toda a eternidade para começar a sondar as profundezas desse amor! O amor de Deus é revelado no fato de ter Cristo morrido em nosso lugar! Certamente aqueles que experimentaram esse amor devem ser impelidos, pelo mesmo amor, a falarem a outros sobre a salvação disponível através da graça de Deus. Somente esse reconhecimento do amor e da graça de Deus, impelido pelo Evangelho, é que transforma pecadores em santos alegres e vitoriosos – e continua a manter esses santos na alegria e na vitória agora e para sempre. (Dave Hunt - TBC 12/93 – traduzido por Leandro Nunes Caetano)


Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, julho de 1997.

Revista mensal que trata de vida cristã, defesa da fé, profecias, acontecimentos mundiais e muito mais. Veja como a Bíblia descreveu no passado o mundo em que vivemos hoje, e o de amanhã também

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Dúvidas sobre os tempos.finais.




Pergunta: "Desde que me converti espero pela volta de Jesus. Mas até hoje não tenho certeza se o Arrebatamento vai acontecer antes ou depois da Grande Tribulação. Outra coisa que me preocupa: conheço pessoas que alegam ser filhas de Deus mas não esperam pelo Arrebatamento (dizem que a Bíblia fala dele somente uma vez) nem fazem idéia de quem seja o Anticristo. Ao invés disso, elas falam muito de um grande avivamento mundial e do derramamento do Espírito Santo sobre toda a carne. Também se ora muito pela volta dos judeus de todas as nações para Israel, especialmente dos Estados Unidos e da ex-União Soviética, antes que comecem os grandes juízos divinos. Qual sua posição sobre esses assuntos?"
Resposta: Creio que o Arrebatamento da Igreja de Jesus acontecerá antes dos sete anos da Tribulação. Baseio-me nas profecias sobre a 70ª semana de Daniel (Dn 9), que faz parte das 69 semanas anteriores mencionadas na profecia bíblica. Essas semanas estão expressamente relacionadas ao povo de Israel e à cidade de Jerusalém (Dn 9.24). Elas têm caráter antigo-testamentário e, além disso, na época em que Daniel recebeu a visão divina a Igreja ainda era um mistério. Ela foi introduzida posteriormente, em uma dispensação totalmente nova e diferente, que é a Era da Igreja. Quando este tempo tiver terminado, ou seja, quando a Igreja tiver sido arrebatada, terá início a última das setenta semanas, a 70ª semana, fechando o ciclo juntamente com as outras 69 semanas (de anos) anteriores, já cumpridas. Por essa razão, os juízos dos capítulos 6 a 19 do Apocalipse também têm caráter antigo-testamentário. A Bíblia diz em 1 Tessalonicenses 1.10 e 5.9, de maneira inequívoca, que a Igreja não foi destinada para a ira de Deus. Essa ira do Senhor já começa em Apocalipse 6. Por favor, compare Apocalipse 6.15-17 com Isaías 2.19-21.
Em lugar algum a Bíblia fala de um avivamento na época dos tempos finais. Pelo contrário, ela diz que o período que antecederá a volta de Cristo será caracterizado por uma crescente apostasia, por engano e sedução religiosa. Injustiça e zombaria aumentarão enquanto o amor esfriará em quase todos os corações (Mt 24.12). A Escritura fala de tempos difíceis, dizendo que as pessoas se voltarão para outros deuses (religiões) e procurarão por mestres "segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos" (2 Tm 4.3). Elas estarão cada vez menos dispostas a se arrepender e se afastarão do amor pela verdade. Por mais terrível que seja, é isso que a Bíblia ensina sobre o nosso tempo! Todo o resto é insensatez e falta de sobriedade. Até os judeus trairão e delatarão uns aos outros (Mc 13.9-13), e somente uma pequena parte – que a Bíblia chama de "remanescente" – converter-se-á de verdade.
O povo israelita em sua totalidade não voltará de todas as nações para sua pátria antes da Grande Tribulação. Muitos judeus já voltaram para Israel, mas a maioria deles o fará somente por ocasião da volta de Jesus em glória. É o que mostram muitas passagens do Antigo Testamento, por exemplo, Ezequiel 36.9-10,24,33-38 e também Mateus 24.30. Então o Senhor estabelecerá Seu reino terreno de paz em Israel, que será a cabeça dos povos. É a este evento que se relaciona o derramamento do Espírito sobre toda a carne. Primeiro o Senhor voltará para o meio de Israel, que O reconhecerá (Jl 2.27). Somente "depois" (como a Bíblia enfatiza) o Senhor derramará Seu Espírito Santo sobre toda a carne (Jl 2.28-29). Mas antes que o próprio Senhor venha, acontecerão sinais no céu e na terra, com sangue, fogo e fumaça (Jl 2.30-31). Então Ele estabelecerá Seu reino. Antes os judeus serão perseguidos pelo Anticristo e pelas nações, conforme lemos em Apocalipse 12. Eles também farão aliança com o líder da Europa e com o Anticristo, firmando um pacto com a morte e o além (Dn 9.26-27; Is 28.15). Podemos ter certeza de que o Anticristo e o Falso Profeta serão seres reais pelo fato de que eles serão lançados no lago de fogo (Ap 20.10).
Não é verdade que a Bíblia se refere ao Arrebatamento apenas uma vez. O Senhor Jesus já falou desse evento futuro em João 14.1-6. Além disso, o apóstolo Paulo trata desse mistério em 1 Coríntios 15 e 1 Tessalonicenses 4. Mesmo que o Arrebatamento fosse mencionado uma única vez na Bíblia, isso não seria razão mais que suficiente para crer no que diz o Todo-Poderoso? Muitos não acreditam no Arrebatamento porque misturam e embaralham a seqüência dos fatos que devem se suceder no Plano de Salvação. A causa é a falta de conhecimento bíblico e de sobriedade. Romanos 11.25-27 diz que o Senhor se voltará outra vez para Seu povo Israel quando a plenitude dos gentios tiver sido alcançada. O Arrebatamento deve, necessariamente, acontecer antes disso. (Norbert Lieth -http://www.chamada.com.br)

Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, maio de 2004.

Revista mensal que trata de vida cristã, defesa da fé, profecias, acontecimentos mundiais e muito mais. Veja como a Bíblia descreveu no passado o mundo em que vivemos hoje, e o de amanhã também.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A família na época pós-moderna




A pós-modernidade está firmada sobre o tripé: pluralização, privatização e secularização. A pluralização diz que há muitas ideias, muitos valores, muitas crenças. Não existe uma verdade absoluta, tudo é relativo. A privatização diz que nossas escolhas são soberanas e cada um tem sua própria verdade. A secularização, por sua vez, coloca Deus na lateral da vida e o reduz apenas aos recintos sagrados. A família está nesse fogo cruzado. Caminha nessa estrada juncada de perigos, ouvindo muitas vozes, tendo à sua frente muitas bifurcações morais. Que atitude tomar? Que escolhas fazer para não perder sua identidade? Quero sugerir algumas decisões:
Em primeiro lugar, coloque Deus acima das pessoas. No mundo temos Deus, pessoas e coisas. Vivemos numa sociedade que se esquece de Deus, ama as coisas e usa as pessoas. Devemos, porém, adorar a Deus, amar as pessoas e usar as coisas. A família pós-moderna tem valorizado mais as coisas do que o relacionamento com Deus. Vivemos numa sociedade que valoriza mais o ter do que o ser. Uma sociedade que se prostra diante de Mamom e se esquece do Deus vivo.
Em segundo lugar, coloque seu cônjuge acima de seus filhos. O índice de divórcio cresce espantosamente no Brasil. Enquanto os véus das noivas ficam cada vez mais longos, os casamentos ficam cada vez mais curtos. Um dos grande erros que se comete é colocar os filhos acima do cônjuge. Muitos casais transferem o sentimento que devem dedicar ao cônjuge para os filhos e isso, fragiliza a relação conjugal e ainda afeta profundamente a vida emocional dos filhos. O maior presente que os pais podem dar aos filhos é amar seu cônjuge. Pais estruturados criam filhos saudáveis.
Em terceiro lugar, coloque seus filhos acima de seus amigos. Muitos pais vivem ocupados demais, correm demais e dedicam tempo demais aos amigos e quase nenhum tempo aos filhos. Alguns pais tentam compensar essa ausência com presentes. Mas, nossos filhos não precisam tanto de presentes, mas de presença. Nenhum sucesso profissional ou financeiro compensa o fracasso do relacionamento com os filhos. Nossos filhos são nosso maior tesouro. Eles são herança de Deus. Equivocam-se os pais que pensam que a melhor coisa que podem fazer pelos filhos é deixar-lhes uma rica herança financeira. Muitas vezes, as riquezas materiais têm sido motivo de contendas na hora da distribuição da herança. Nosso maior legado para os filhos é nosso exemplo, nossa amizade e nossa dedicação a eles, criando-os na disciplina e admoestação do Senhor.
Em quarto lugar, coloque os relacionamentos acima das coisas. Vivemos numa ciranda imensa, correndo atrás de coisas. Muitas pessoas acordam cedo e vão dormir tarde, comendo penosamente o pão de cada dia. Pensam que se tiverem mais coisas serão mais felizes. Sacrificam relacionamentos para granjearem coisas. Isso é uma grande tolice. Pessoas valem mais do que coisas. Relacionamentos são mais importantes do que riquezas materiais. É melhor ter uma casa pobre onde reina harmonia e paz do que viver num palacete onde predomina a intriga.
Em quinto lugar, coloque as coisas importantes acima das coisas urgentes. Há uma grande tensão entre o urgente e o importante. Nem tudo o que é urgente é importante. Não poucas vezes, sacrificamos no altar do urgente as coisas importantes. Nosso relacionamento com Deus, com a família e a com a igreja são coisas importantes. Relegar esses relacionamentos a um plano secundário para correr atrás de coisas passageiras é consumada tolice. A Bíblia nos ensina a buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, sabendo que as demais coisas nos serão acrescentadas. Precisamos investir em nosso relacionamento com Deus e em nossos relacionamentos familiares, a fim de não naufragarmos nesse mar profundo da pós-modernidade!

domingo, 20 de maio de 2012

Uma Herança Abrangente




Proclamarei o decreto: o SENHOR me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão. (Salmo 2.7–8).
Esse é um salmo messiânico. Poderíamos até dizer que ele é o salmo messiânico. Aqui lemos: “eu hoje te gerei”. Essa passagem é citada duas vezes na epístola aos Hebreus como se aplicando a Jesus Cristo. [1] Deus fala ao Messias neste salmo. Ele diz para o Messias lhe pedir os gentios como sua herança. Também lhe promete as partes mais remotas da terra como sua possessão. Isso não se refere ao mundo além-túmulo. O salmista fala dos gentios como estando presentes no mundo. A questão teocêntrica aqui é herança.

Há três principais abordagens na escatologia: a doutrina das últimas coisas. Cada uma delas tem características distintas. Cada uma tem uma teoria social específica. [2]
Essa passagem deixa as coisas exegeticamente difíceis para os amilenistas. É possível tanto para pré-milenistas como pós-milenistas tomar essa passagem literalmente. O pós-milenista a aplica à fase final do reino de Deus na história, na qual o evangelho de Jesus Cristo se espalha por toda a face da terra. O pré-milenista a interpreta como um aspecto do reino milenar de Cristo na terra antes do julgamento final.
O amilenista não pode interpretar essa passagem literalmente. A passagem não faz nenhum sentido no contexto da hermenêutica amilenista. Não pode haver dúvida que esse salmo está falando sobre o domínio mundial de Jesus Cristo na história. Essa linguagem não se refere a algum tipo de estado espiritual ou emocional da mente, na qual os cristãos, que têm pouca influência na história, e que podem estar sob a opressão dos pagãos, de alguma forma reinterpretam sua situação como significando que eles estão em posição de autoridade. A única forma do amilenista interpretar essa passagem literalmente é dizer que Jesus Cristo nunca se importou em pedir a Deus os gentios como herança ou as partes mais remotas da terra como sua possessão. De alguma forma, Jesus não está interessado em estender o seu reino para incluir o domínio sobre os gentios e a possessão das partes mais remotas da terra. Isso faz menos sentido ainda que a tradição amilenista de interpretar toda linguagem profética bíblica de vitória cultural como se aplicando somente aos sentimentos psicológicos dos cristãos oprimidos e culturalmente impotentes.

Nos Salmos, temos promessas de herança. É dito que os que guardam o pacto herdarão a terra na história. [3] Os Salmos não se referem ao mundo além-túmulo. O Antigo Testamento não fala sobre exercício de domínio após a ressurreição. Há somente umas poucas passagens com relação a ressurreição corporal, [4] e elas não falam sobre domínio.
Esse Salmo vai adiante e diz que o Messias despedaçará os seus inimigos com uma vara de ferro. Ele lhes quebrará em pedaços como um vaso de oleiro. Não conheço nenhuma hermenêutica que não interprete essas palavras como simbólicas. Quando a Bíblia fala de uma vara de ferro, isso não significa uma vara de ferro literal. Quando ela fala de pessoas quebradas em pedaços, isso não significa pedaços literais de pessoas espalhados no chão. Não significa cadáveres congelados cortados em pedaços sólidos por uma vara de ferro literal. Antes, refere-se a domínio político e judicial. Refere-se a domínio exercido por um rei sobre o seu reino. Esse é o porquê o Salmo diz: “Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra” (v. 10). Isso é linguagem judicial. Tem a ver com pacto civil na história. O salmista não está instruindo os reis da terra a se unirem à igreja e por meio disso se colocarem sob o governo de presbíteros. A Escritura não fala de presbíteros como pessoas que exercem domínio com uma vara de ferro. Essa linguagem refere-se ao pacto civil.
A herança é econômica. Ela engloba as partes mais remotas da terra. É uma herança abrangente. Não é simplesmente uma herança política; essa herança é muito mais ampla que mera política. O Messias herdará mais do que um ofício político. A Bíblia ensina uma redenção abrangente. [5] A redenção é a ação de pessoas fiéis ao pacto que, como despenseiros do Messias, compram de volta (redimem) o mundo todo em favor do Messias. É a ação de reivindicar cada área da vida em nome de Jesus Cristo, por meio da lei de Deus revelada na Bíblia, e por meio de produtividade pessoal. Essa redenção engloba todas as três instituições pactuais: igreja, família e Estado.

Um rei governa por meio de subordinados. Eles o representam judicialmente nas cortes civis. Nas questões econômicas, os administradores do rei agem como agentes do rei, que constroem o valor patrimonial dos domínios do rei. Relatam ao rei, e o rei avalia a eficiência do serviço deles. Quando este texto fala das partes mais remotas da terra (“fins da terra”, na ACF) como a possessão do Messias, ele está falando de um sistema de governo representativo. Não é algo limitado ao governo civil. É governo no sentido mais abrangente. Significa exercer domínio sobre a terra. Isso é o que Deus requer de toda a humanidade, como revelado em Gênesis 1.26–28. Isso é o que eu chamado pacto do domínio.[6] Esse pacto define a humanidade. Ele precede os quatro pactos: individual, igreja, família e civil.
O salmista diz que quando o Messias pede a Deus por sua herança, ele concederá as partes mais remotas da terra. Jesus declarou após a sua ressurreição que essa promessa messiânica tinha sido cumprida definitivamente na história. Ele disse que todo poder lhe foi dado, e que os discípulos deveriam pregar o evangelho a toda a terra (Mt 28.18–20). [7] Essa é a Grande Comissão. Ela é abrangente.[8] Jesus ratificou sua posição como o Messias mediante sua afirmação do cumprimento dessa promessa messiânica. Por meio da santificação progressiva e através do evangelismo, este Salmo será cumprido na história.
O Salmo termina com uma promessa: “Bem-aventurados todos aqueles que nele confiam”. Isso é uma sanção positiva.

Este Salmo anuncia o reinado abrangente do Messias futuro. Sua herança são as partes mais remotas da terra. Isso significa o mundo todo. A linguagem é literal.
Como qualquer monarca ou estadista, o Messias governa por meio de um sistema de hierarquia. Seus despenseiros lhe representam judicialmente. Eles cuidam do Seu Estado em Seu favor e para o Seu benefício.
 

1. “Porque, a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, Hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, E ele me será por Filho?” (Hb 1.5). “Assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, Hoje te gerei” (Hb 5.5).
2. Gary North, Millennialism and Social Theory (Tyler, Texas: Institute for Christian Economics, 1990). (http://bit.ly/gnmast)
3. Salmos 37.9, 11, 22, 29, 34; 82.11.
4. Jó 14.14–15; Salmos 49.15; Isaías 26.19; Daniel 12.1–2, 13; Oseias 13.14.
5. Gary North, Is the World Running Down? Crisis in the Christian Worldview (Tyler, Texas: Institute for Christian Economics, 1988), Apêndice C. (http://bit.ly/gnworld)
6. Gary North, Sovereignty and Dominion: An Economic Commentary on Genesis (Dallas, Georgia: Point Five Press, 2012), capítulos 3 e 4.
7. Gary North, Priorities and Dominion: An Economic Commentary on Matthew, 2nd ed. (Dallas, Georgia: Point Five Press, [2000] 2012), capítulo 48.
8. Kenneth L. Gentry, The Greatness of the Great Commission: The Christian Enterprise in a Fallen World(Tyler, Texas: Institute for Christian Economics, 1990). (http://bit.ly/GentryGGC)
 
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – maio/2012.
Fonte: Confidence and Dominion: An Economic Commentary on Psalms, capítulo 2.