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domingo, 4 de março de 2012

Apostasia evangélica



"Jesus pregaria este evangelho atual? Imagine falar estas coisas aos 
missionários em Guiné Bissau ou na África, onde só tem pobreza e 
proliferação de doenças. Imagine falar de prosperidade e realização 
na igreja subterrânea da China ou no Oriente Médio!"

No que realmente estamos acreditando? Qual a base da fé cristã na 
atualidade? A mensagem evangélica atual tem-se resumido em fazer
 com que pessoas creiam que estão neste mundo para cumprir o 
mandato de filho de Deus e usufruir os benefícios dele, em apenas 


buscar a Deus para ter os problemas de saúde sanados e para 
alcançar um estágio de paz e sossego financeiro. É uma busca 
frenética por curas, por leis e fórmulas de prosperidade, por 
alegria e por uma boa vida. Traz rituais miraculosos de como e 


Quando se deve aplicar as regras, a fim de se conseguir o que se pede.
 Torna visível e palpável às pessoas aquilo que elas procuram.
O que pensa uma família que tem um filho envolvido com drogas?
 O que pensa um marido que tem a mulher doente? O que pensa
 uma esposa que apanha de seu marido habitualmente? Será que 
todos eles procuram ter os seus problemas resolvidos para parar 
de sofrer ou querem realmente servir a Deus? Quando coloco meus
 olhos na cura ou no meu sossego pessoal, certamente poderei entrar
 numa grande crise se não for curado ou se a situação não se 


reverter.
Jamais devemos abandonar Deus, mas isso não significa que não
 vamos fazer nada. Vamos orar e clamar, mas também vamos 
procurar os médicos e tomar os remédios, mas a última palavra 
sempre será de Deus e não minha. Essa teologia atual deixa as
 pessoas ansiosas, tensas, pois, se não acontece nada, ficam 
literalmente estressadas e ainda são acusadas de não ter fé o 
suficiente para receber as tais bênçãos. Deus quer que confiemos n’Ele e somente n’Ele; podemos não vencer em tudo, podemos ser 
impedidos e é preciso admitir que isso acontece conosco. 
Miserável Evangelho da Prosperidade.
A mensagem atual coloca os olhos das pessoas nas realizações 
pessoais e não fala nada sobre conhecer o plano de Deus, de saber 
qual é o desejo d’Ele, e muito menos permite que a vontade de 
Deus se cumpra. A palavra de Deus não pode ser usada para
 colocar Deus contra a parede, a fim de recebermos as vantagens
 celestiais prometidas e escritas. Não é possível tornar a palavra
 de Deus em algo genérico.
Princípios bíblicos são necessários, Deus está realmente interessado
 em que ouçamos a sua voz e que obedeçamos as suas ordens.
 Entretanto, o ruim é transformar tudo isso em método. 
Os homens de Deus na bíblia não saíram sozinhos com fundas
 contra seus inimigos após terem visto Davi fazer assim; não
 tornaram regra algo que foi genuíno e espontâneo. Porém,
 a pregação da igreja atual tenta enredar Deus em artifícios de 
palavras e textos bíblicos e usam isto para criar sistemas com
 o objetivo de prender pessoas na busca por resultados.
Palavras não resolvem; o que resolve é o poder de Deus. 
Conhecer Deus traz a verdade à tona e isso permite viver 
em humildade, oração e adoração ao Senhor. Qualquer artimanha 
ou estratégia humana que ordena, intima ou pressiona Deus está 
destinada a fracassar, produz crentes robôs, obras engessadas e 
mecânicas  que confiam em resultados através da repetição, 
criam liturgias e orações cansativas que não produzem nada.
 É um evangelho mágico e místico.
Elias derrotou os quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal, 
mas teve medo de Jezabel, uma mulher. José foi vendido como 
escravo e Jesus não era um guerreiro, mas um homem simples. 
Essas comparações são inevitáveis e mostra que a pregação atual não 
fala sobre derrota e simplicidade, mas está voltada apenas ao 
triunfo e ao reconhecimento. Deixa muito claro que a função das 
organizações religiosas atuais é promover o prazer e o bem estar do
 ser humano, realizar seus desejos e ambições e, com bens materiais
 e coisas palpáveis, provar ao mundo que estão certos. É a teologia
 da exaltação do homem, ao invés do evangelho da cruz de Cristo.
Dá desespero pensar que tudo está errado! Pois então, qual é o 
plano de Deus para minha vida? Qual é a motivação do coração 
de Jesus que deve ser a minha motivação? A resposta é glorificar 
a Deus e sentir-se realizado em fazer isso todo tempo, é ter 
consciência de que não decido mais nada sem antes consultar os 
propósitos de Deus, pois Ele é quem decide. Não dou ordens
 esperando que Deus cumpra, mas só tenho olhos para agradar Ele
 e fazer sua vontade.
O evangelho deve colocar uma pessoa na vontade final de Deus.
 Isto faz com que eu sempre busque o modelo de Deus, e esse 
modelo é Jesus. A igreja atual não aceita que crentes passem
 por privação, sofram perseguição ou passem sede e fome.
Não é evangelho de substituição: “Jesus fez e eu não preciso fazer”; 
não é barganha. Jesus não morreu para que eu tivesse uma vida 
regalada. Se o próprio Jesus foi um homem humilde, nós também 
precisamos ser humildes. Muito é dito que é tolice jejuar e orar 
para que Deus avive sua igreja, que é bobagem interceder e se 
prostrar de rosto em terra diante de Deus, clamando por restauração. Na verdade, os grandes homens de Deus na atualidade estão dizendo 
para Jesus não voltar, pois querem desfrutar das regalias que estão 
vivendo. Gostam da vida que levam, do tamanho de suas 
organizações, dos grandes templos, da autoridade que possuem, do
 tanto que influenciam.
Jesus pregaria este evangelho atual? Imagine falar estas coisas aos 
missionários em Guiné Bissau ou na África, onde só tem pobreza
 e proliferação de doenças. Imagine falar de prosperidade e 
realização na igreja subterrânea da China ou no Oriente Médio!
A teologia atual não funciona em todos os lugares. Portanto, fica a 
pergunta: será que este evangelho triunfalista é verdadeiro? Será
 que não estamos limitando o agir de Deus? Será que o evangelho
 só funciona para alguns? Será que não existem pessoas achando
 que Deus gosta mais de uns do que de outros?
O que Deus falaria aos que sofrem ou que sofreram por causa do 
evangelho?
Ele tem uma palavra: a verdade é que Deus está no controle de 
tudo, sua mão está sobre o mal e o bem, Ele é quem dá o veredicto 
final e o faz cumprir. Crer nisso produz maturidade cristã, produz
 qualidade cristã, pois sou modelado à imagem de Cristo. Não 
dependo de um evangelho de resultados. Faz com que eu aceite 
as situações por que passo. Faz com que eu dê sem esperar em 
troca. Faz com que eu o ame de verdade.
Nosso maior exemplo é a cruz. Para os homens daquele tempo,
 a morte de Jesus pode ter parecido sua derrota, mas bem 
sabemos que Ele ressuscitou e isso é a nossa vitória. Se tivermos 
de passar por um caminho e o exemplo é a cruz, fica o alerta,
 pois o mundo olhará e pensará que estamos derrotados, mas, 
na verdade, sairemos vitoriosos. Qualquer coisa fora disso foge
 ao modelo da cruz e não podemos sair fora do padrão divino. Isso é apostasia.
Valdir Ávila S. Junior é pastor, teólogo, músico e produtor 
musical. Participou com a Ruach Ministries International de
 viagem missionária à Finlândia com Asaph Borba e Donald 
Stoll, fundadores do Estúdio Life (RS). Gravou com Adhemar 
de Campos, Daniel Souza, Gerson Ortega, Gregório McNutt, 
Nívea Soares, Massao Suguihara, Sostenes Mendes e David Quinlan.
Foi pastor em Botucatu onde dirigiu grupos relacionados ao
 louvor congregacional, tais como: dança, libras, backing vocals,
 coral, músicos e técnicos de áudio. Implantou o Estúdio Voima
 que já produziu e gravou vários outros trabalhos pelo Brasil. 
Atualmente é Pastor da Igreja Bíblica Evangélica de Piracicaba, cidade onde reside e tem se dedicado ao ministério da palavra.
É integrante do Conselho Editorial da Revista Impacto - 
Americana.- www.revistaimpacto.com
Proprietário da Escola de Educação Infantil e Berçário Cercado 
de amor, uma escola com princípios cristãos, que cuida de crianças
entre zero e cinco ano de idade. www.cercadodeamor.com.br


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