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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

As estratégias evangelísticas de Paulo




Paulo foi o maior missionário da história da igreja. Investigar o conteúdo da sua mensagem e a relevância de seus métodos é um desafio para a igreja contemporânea. Na busca do crescimento da igreja, não precisamos recorrer às novas técnicas engendradas no laboratório do pragmatismo, mas devemos nos voltar ao exemplo daquele que foi o maior bandeirante do Cristianismo. Algumas estratégias de Paulo merecem destaque:
1. Paulo sempre buscou as sinagogas para alcançar os religiosos. Sempre que Paulo chegava em uma cidade, procurava ali uma sinagoga. Sabia que nesse ambiente religioso, judeus e pessoas tementes a Deus se reuniam para estudar a lei e orar. Seu propósito era argumentar com essa pessoas, a partir do Antigo Testamento, que o Jesus histórico é o Messias, o Salvador do mundo. Não podemos perder a oportunidade de pregar a Palavra nos templos, onde pessoas religiosas se reúnem, para expor a elas as Escrituras e por meio delas apresentar-lhes Jesus.
2. Paulo sempre aproveitou os lugares seculares para alcançar as pessoas não religiosas. Tanto em Corinto como em Éfeso, Paulo lançou mão desse recurso. Não podemos limitar o ensino da Palavra de Deus apenas aos locais religiosos. Em Corinto Paulo ensinou na casa de Tício Justo e em Éfeso, na escola de Tirano. Paulo ia ao encontro das pessoas, onde elas estavam. Era um evangelista que tinha cheiro de gente. Estava nas ruas, nas praças, nas escolas. Era um pregador fora dos portões. Ainda hoje podemos e devemos usar esses recursos. Podemos e devemos plantar igrejas, usando espaços neutros, como fábricas, escolas e hotéis. Muitas pessoas que, ainda hoje, encontram resistência para entrar num lugar religioso não oferecem qualquer resistência para ir a um lugar neutro.
3. Paulo sempre utilizou os lares como lugares estratégicos para a evangelização e o ensino. Paulo ensinava publicamente e também de casa em casa, testemunhando tanto a judeus como a gregos o arrependimento e a fé em Cristo Jesus. Paulo era um evangelista e um mestre. O lar sempre foi um lugar estratégico para o crescimento da igreja. Na igreja apostólica não havia templos. As igrejas se reuniam nas casas. E a partir desses núcleos, a igreja espalhou-se e multiplicou-se por todo o império romano. O lar deve ser uma embaixada do reino de Deus na terra, uma agência de evangelização e uma escola de discipulado.
4. Paulo sempre plantou igrejas em cidades estratégicas. Paulo foi um pregador fiel e relevante. Ele lia o texto e o povo. Conhecia as Escrituras e a cultura. Jamais mudou a mensagem, mas sempre buscou os melhores métodos para alcançar os melhores resultados. Por isso, fixou-se nas cidades mais importantes do império, porque estava convencido de que a partir dali, o evangelho poderia se espalhar para outros horizontes. Nas quatro províncias que Paulo plantou igrejas, as províncias da Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia Menor, procurou sempre se estabelecer em lugares geográfica, econômica e religiosamente importantes, pois sabia que as igrejas nessas cidades tornar-se-iam multiplicadoras na evangelização mundial.
5. Paulo sempre acreditou no poder da verdade para convencer e converter os corações. Paulo pregou com lágrimas, mas sem deixar de usar seu cérebro. Por onde passou, dissertou sobre a verdade das Escrituras e persuadiu as pessoas a crerem em Cristo. Ele dirigiu-se à mente das pessoas e tocou-lhes o coração. Paulo rejeitou a sabedoria humana, mas não a sabedoria divina. Ele não confiou nos recursos da retórica, mas usou todos os argumentos lógicos e racionais, na dependência do Espírito, para alcançar as pessoas com o evangelho. Hoje, à semelhança de Paulo, precisamos de pregadores que conheçam a verdade; pregadores que ousem pregá-la com clareza, exatidão e poder.

sábado, 28 de janeiro de 2012

O reino de Cristo não é deste mundo...




O Reino de Cristo não é deste mundo, mas Cristo Governa este Mundo
[Nota: A frase “o reino de Deus” tem significados diferentes, dependendo do contexto. Para um tratamento completo da doutrina do reino de Deus, veja The Kingdom of God de Brian Schwertley]
Existem pessoas que creem que a declaração de Cristo “Meu reino não é deste mundo” (Jo 18.36b) significa que o reino de Deus está estreitamente confinado a coisas como céu, o indivíduo, e/ou a igreja; como tal, o reino de Cristo não tem nada a ver com os reinos deste mundo. Mas essa visão têm vários problemas.
Primeiro, não existe razão para insistir que “deste mundo” signifique “nada a ver com o mundo”. Os discípulos de Cristo estão no mundo, mas “não são do mundo” (João 15.19b). Dessa forma, “o mundo” em João 15 não exclui os discípulos de Cristo de estarem envolvidos com o mundo. Nem significa que eles não devem trabalhar, pela graça de Deus, para transformar o mundo — e de fato, a Grande Comissão requer que os discípulos de Cristo tentem fazer exatamente isso (Mt 28.18-20).
Segundo, embora o reino de Cristo não seja deste mundo, ele está sobre este mundo: “O SENHOR tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo” (Salmos 103.19) (ênfase minha). Cristo, dessa forma, é Rei sobre o mundo (1Tm 6.15; cf. Ef 1.20-22).
O mesmo Cristo que disse a Pilatos “Meu reino não é deste mundo” (Jo 18.36b) também disse a Pilatos “Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado” (João 19.11b). O reino dos homens está subordinado ao reino de Deus:

Esta sentença é por decreto dos vigias, e esta ordem por mandado dos santos, a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até ao mais humilde dos homens constitui sobre ele. (Daniel 4.17)

A Grande Comissão reconhece que o reino de Cristo é sobre o mundo: “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18).

"A oração do Senhor nos ensina a desejar que todos os homens da terra - o que inclui os governos civis- reconheçam e se submetam ar Reino De DEUS


É porque os reinos terrenos estão subordinados ao reino de Deus, e por isso devem se submeter a este, que Pilatos pecou em seu tratamento para com Jesus. Como Jesus disse a Pilatos em João 19.11c, “Mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem”. Havia um pecado maior que o de Pilatos, mas a despeito disso Pilatos havia pecado. Por outro lado, se o reino de Deus não tem nada a ver com este mundo, então os reinos terrenos não teriam nenhuma responsabilidade moral diante de Deus, e portanto Pilatos não teria pecado.
Terceiro, “deste mundo” tem a ver com fonte de poder. “O reino de Cristo não deriva a sua origem do mundo” [1] — assim, o reino de Cristo não é deste mundo no sentido que ele não existea partir do mundo. De fato, o mesmo versículo que diz “Meu reino não é deste mundo” continua para dizer a mesma coisa — “mas o meu reino não é daqui” (Jo 18.36d). “Pelo contrário, o seu reino foi lhe dado por seu Pai (Dn 7,14)”, [2] e portanto, Deus tem tudo a ver com governo civil.
Quarto, em João 18.36 também lemos: “Se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus”. Alguns interpretam isso como significando que os governantes não podem usar a espada para fazer cumprir as leis civis de Deus. Mas devemos rejeitar isso de pronto, visto que os governantes são obrigados a usar a espada para punir os malfeitores de acordo com as exigências de Deus (Rm 13.4).
É verdade que os servos de Cristo “não ‘pelejam’ para estabelecer o Seu reino, ou mesmo para espalhar o Seu reino sobre a terra”.[3] O reino de Cristo avança “pelo Espírito Santo regenerando pecadores à medida que o evangelho é proclamado: ‘Não por força, mas pelo meu Espírito’, diz o Senhor dos Exércitos’ (Zc 4.6)”.[4] “Isso, contudo, não significa que o Estado não deve proteger o reino de Cristo de ataques, pois os magistrados civis devem garantir que o povo de Deus possa viver ‘uma vida quieta e sossegada, em toda piedade e honestidade’ (1Tm 2.2)”.[5]
Observemos a razão que Jesus dá para dizer que os seus servos pelejariam se o Seu reino fosse deste mundo: “Se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus” (ênfase minha). Nada há nessa razão que se oponha a fazer cumprir a lei civil bíblica, visto que fazer cumprir a lei civil bíblica e impedir Jesus de ser entregue aos judeus são dois conceitos inteiramente diferentes. Em outras palavras, o uso da espada pelos servos de Jesus para impedir que Jesus fosse entregue aos seus inimigos e o uso da espada pelo Estado para reforçar a justiça de Deus não são a mesma coisa.
Talvez a razão pela qual Cristo conecta um reino terreno com os Seus servos lutando para impedi-lo de ser entregue aos judeus é que se ele fosse um mero rei terreno, e seus inimigos o destruíssem, o seu reino cessaria de existir. O único recurso seria os seus servos lutarem, para protegerem o seu rei e o seu reino. Mas Cristo não é um mero rei terreno; sendo Deus, ele governa sobre todos. Ele ser entregue aos judeus era parte do plano soberano de Deus, e dessa forma os inimigos de Cristo não podiam fazer nenhum dano ao Seu reino. Assim, não havia necessidade dos servos de Cristo lutarem para impedi-lo de ser entregue aos judeus.
Devemos adicionar que tivesse os discípulos de Cristo impedido a sua crucificação com uma revolta armada, de modo algum haveria qualquer base para o aspecto-igreja do reino avançar, visto que o avanço desse reino depende da obra salvadora de Cristo.
Quinto, aqueles que consistentemente enfatizam a ideia de que os cristãos nunca deveriam ter algo a ver com a espada devem ser pacifistas em toda situação concebível. Isso significaria o absurdo de não haver qualquer base moral para os cristãos se envolverem com o governo civil, guerra justa, autodefesa, e defesa de outros.
Sexto, e finalmente, não esqueçamos a Oração do Senhor, que menciona “Pai Nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.9b-10). Dessa forma, os cristãos devem desejar ver que todos os homens na terra – o que inclui os governantes civis – reconheçam e se submetam ao Reino de Deus. Assim, sustentar que o reino de Cristo não tem nada a ver com os reinos deste mundo é negar a própria Oração do Senhor.

[1] Daniel F. N. Ritchie, A Conquered Kingdom: Biblical Civil Government (Saintfield, Northern Ireland: Reformed Worldview Books, 2008), 92.
[2] Ibid.
[3] Ibid., 93.
[4] Ibid.
[5] Ibid. Sobre a frase “pelejariam os meus servos”, João Calvino escreve: “Ele [Jesus] prova que não tinha como objetivo um reino terreno, pois ninguém se move, ninguém se arma em seu favor; pois se um indivíduo particular reivindica autoridade real, ele deve conquistar o poder por meio de homens sediciosos. Nada desse tipo é visto em Cristo; e, portanto, segue-se que ele não é um rei terreno.
“Mas aqui surge uma questão: não é lícito defender o reino de Cristo com armas? Pois quando os Reis e Príncipes são ordenados a beijar o Filho de Deus (Salmo 2.10-12), não somente são eles intimados a se submeter à Sua autoridade em suas atribuições privadas, mas também a empregar todo o poder que possuem para defender a Igreja e manter a piedade. Respondo, primeiro, que aqueles que extraem essa conclusão, que a doutrina de Evangelho e a adoração pura de Deus não deveriam ser defendidas por armas, são raciocinadores inábeis e ignorantes; pois Cristo argumenta somente a partir de fatos do caso em questão, de quão frívolas eram as calúnias que os judeus tinham trazido contra ele. Em segundo lugar, embora reis piedosos defendam o reino de Cristo pela espada, ainda assim isso é feito de uma maneira diferente daquela pela qual os reinos mundanos são costumeiramente defendidos; pois o reino de Cristo, sendo espiritual, deve estar fundamentado sobre a doutrina e o poder do Espírito. A sua edificação também é promovida da mesma maneira; pois nem as leis nem os decretos dos homens, nem os castigos infligidos por eles, entram nas consciências. Todavia, isso não impede os princípes de acidentalmente defender o reino de Cristo; em parte estabelecendo disciplina externa, e em parte protegendo a Igreja contra os homens ímpios. Contudo, por causa da depravação do mundo, o reino de Cristo é fortalecido mais pelo sangue dos mártires do que pela ajuda das armas.” John Calvin, Commentary on the Gospel According to John: Volume Second, William Pringle, trans. (Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans Publishing Company, 1949), 210, 211.
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – janeiro/2012

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O Corpo e Seus Membros



"O corpo não é feito de um só membro, mas de muitos. Se o pé disser: “Porque não sou mão, não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de fazer parte do corpo." (1 Coríntios 12.14-20)
O plano de Deus é que deveria existir uma dependência mútua entre os crentes; contudo a Bíblia ensina isso primariamente em relação ao ministério público, e não à fé do indivíduo. Diz-se frequentemente, de uma forma ou de outra, que um cristão que está desvinculado de uma comunidade está fadado ao fracasso, mas esse ensino é mais autobiográfico do que bíblico, e é manipulador ao invés de encorajador. Ele é difundido por pessoas fracas ou por líderes que preferem ameaçar pessoas em vez de aprimorar seus próprios ministérios. Ao enfatizarem fé e adoração coletivas, ainda que sua intenção seja supostamente de fortalecer a igreja e seus membros, na verdade seu erro tem sido um fator importante para se perpetuar nos crentes a falta de vigor e compromisso.
O problema é que a sua doutrina equivale a uma negação da plenitude e suficiência de Cristo. Jesus Cristo é suficiente para sustentar e nutrir cada crente em particular totalmente à parte de qualquer outro crente. Há somente um Pai e um mediador entre Deus e o homem, Jesus Cristo. A igreja não é nossa mãe e nosso sacerdote. Antes, cada cristão é um sacerdote divinamente ordenado para a sua posição com plenos direitos de aproximar-se do trono dos céus e receber e administrar tudo o que Deus tem a oferecer por meio de Jesus Cristo. O cristão pode receber tudo de Cristo por meio da fé e pelo contato direto com Deus, sem a assistência da igreja e muito menos a sua permissão. Qualquer doutrina diferente disso é um ataque à suficiência e mediação de Cristo e deve ser considerada heresia.
O foco aqui é o princípio, e não que uma fé isolada é sempre preferível ou que a pessoa deveria deliberadamente buscar esse tipo de fé. E quando a preocupação tem a ver com o princípio, devemos insistir que a doutrina popular que faz da comunidade uma questão de necessidade é uma doutrina que não vem da revelação de Deus, mas da incredulidade e de suposições pessimistas sobre o potencial de um indivíduo perante Cristo. Quando se assume que comunidade é algo necessário para o florescimento ou mesmo para a sobrevivência da fé do indivíduo, encorajar a fé coletiva se torna a mesma coisa que encorajar a fraqueza pessoal. Isso é também um desserviço à comunidade, porque em vez de se reunir por amor, um bando de covardes se reúne agora por necessidade de se deixar arrastar pelos outros.
Jeremias era extremamente solitário, e Paulo teve às vezes de encarar as maiores provações sozinho, mas Jesus Cristo estava com eles e era suficiente para eles. Você diz: “Mas eu não sou Jeremias ou Paulo”. Certo, e enquanto continuar pensando dessa forma você nunca será qualquer coisa parecida com eles. Você não é Jeremias ou Paulo, mas confia no mesmo Jesus Cristo, que é o mesmo ontem, hoje e sempre, e assim não existe nenhuma diferença. Logo, jamais devemos sacrificar a suficiência de Cristo para preservar a importância da comunhão na igreja. E se você não pode passar o dia sem depender de outro homem para sustentá-lo, ao menos não infecte os outros com a sua incredulidade e fraqueza. Assim também, pregadores que negam a suficiência de Cristo para o indivíduo a fim de preservar a importância da comunidade deveriam ser repelidos. A igreja é de fato plano de Deus, mas não para o propósito de sobrevivência espiritual do indivíduo. Jesus Cristo é suficiente ― mais que suficiente ― para cada pessoa à parte da comunidade. Isso é inegociável.
Quando se trata do contexto público, como em uma reunião de igreja ou tarefas cotidianas da comunidade, o plano de Deus é de fato a dependência mútua, e nenhuma pessoa pode representar todo o corpo ou realizar todas as suas funções. Antes, cada pessoa é posta em seu próprio lugar de acordo com a vontade de Deus. Como escreve Paulo, “De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade”. Não se espera que façamos todos as mesmas coisas ou foquemos igualmente as mesmas coisas. Eventualmente um evangelista poderia enfatizar tanto a primazia do evangelismo que leva todas as outras pessoas se sentirem culpadas por não fazerem tanto quanto ele. Mas ele não está alimentando nenhum órfão. Então aquele que não faz nada mais que alimentar órfãos aparece e faz o evangelista parecer um hipócrita de coração frio. Deus nos colocou em nossas próprias posições, e não devemos definir o corpo como um todo por nenhuma função pela qual estamos obcecados: “Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Assim, há muitos membros, mas um só corpo”.
É aqui que a distinção entre a fé do indivíduo e o ministério público se torna essencial. Como indivíduo, posso realizar em uma pequena escala quase qualquer função no corpo de Cristo, ainda que esse não seja o meu ministério principal. Isto é, posso não ter sido chamado a liderar um projeto nacional para alimentar os famintos, mas eu seria negligente se um pedinte morresse de fome na soleira de minha porta. No entanto, só porque devo alimentar o pedinte na soleira de minha porta, isso não significa que eu deveria liderar um esforço nacional de combate à fome. Em vez disso, talvez Deus tenha me chamado para combater essa confusão ridícula sobre fé pessoal e fé coletiva. Em outras palavras, cada pessoa deveria ser uma crente completa, mas nenhuma pessoa precisa ser uma igreja inteira.
Você pode não pensar em seu dedo mindinho a todo o momento, mas se alguma vez você já o torceu, subitamente percebeu que depende dele o tempo todo. Agora ele dói quando você se levanta, quando se vira, quando caminha. O que acontece se um papel fino corta o seu dedo? Ele dói quando você faz quase qualquer coisa ― dói quando você escreve, quando você dirige, quando você cozinha, quando você lança uma bola ― de modo que “quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele” (v. 26). Da mesma forma, a pessoa que lida com processos burocráticos na igreja, ou talvez faz a contabilidade, recebe pouca atenção; mas imagine o caos se ela for subitamente removida, ou se ela é incompetente ou desonesta.
Para enfatizar uma vez mais o ponto anterior, se você prega na igreja e alguém outro limpa o chão, isso não significa que essa pessoa também limpa o seu chão quando você vai para casa. E se você limpa o seu próprio chão em casa, isso não significa que você deve limpá-lo na igreja, a menos que esse seja o seu emprego. Novamente, Cristo é suficiente para todo crente, para que todo crente pudesse ser completo, mas cada crente não desempenha todas as funções na igreja, de forma que há uma dependência mútua na igreja. Uma teologia da igreja que em qualquer grau compromete a suficiência total de Cristo ou o potencial e a responsabilidade do indivíduo é uma doutrina falsa.
Ora, uma pessoa pode crescer em proficiência, e um dom pode crescer em poder através da oração, do estudo e do uso regular, mas a capacidade parecerá nativa para ela, e não artificial ou forçada. Uma pessoa que não pode desempenhar, digamos, deveres administrativos pode muito bem receber a capacidade após a conversão, mas isso se tornará natural para ela dali em diante. Um olho é um olho porque Deus o fez um olho. Assim também, para um olho ser um olho, basta apenas ele ser ele mesmo. Ele não tem de ser algo que ele não é nem deveria ser invejoso ou fingir ser outro membro no corpo. É assim que ele funcionará de acordo com o seu verdadeiro propósito e potencial.
 
Fonte: http://www.vincentcheung.com/
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto (janeiro/2011).

O corpo não é feito de um só membro, mas de muitos. Se o pé disser: “Porque não sou mão, não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de fazer parte do corpo. E se o ouvido disser: “Porque não sou olho, não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de fazer parte do corpo. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato? De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Assim, há muitos membros, mas um só corpo. (1 Coríntios 12.14-20)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Dez preparações práticas para ouvir a Palavra de Deus




Dez preparações práticas para ouvir a Palavra de Deus na manhã de domingo
1. Ore para que Deus te dê um coração bom e honesto.
O coração que precisamos é uma obra de Deus. É por isso que oramos por ele. Ezequiel 36.26, “E dar-vos-ei um coração novo”. Jeremias 24.7, “E dar-lhes-ei coração para que me conheçam”. Oremos, “ó Senhor, dá-me um coração voltado para ti. Dá-me um coração bom e honesto. Dá-me um coração compassivo e receptivo. Dá-me um coração manso e humilde. Dá-me um coração frutífero.
2. Medite na Palavra de Deus.
Salmo 34.8, “Provai, e vede que o SENHOR é bom”. No sábado à noite, leia algumas porções deliciosas de sua Bíblia, a fim de atiçar a sua fome por Deus. Esse é o aperitivo para a refeição da manhã de domingo.
3. Purifique a sua mente afastando-se do entretenimento mundano.
Tiago 1.21, “Por isso, rejeitando toda a imundícia e superfluidade de malícia, recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas”. Espanta-me quantos cristãos assistem aos mesmos programas de TV banais, vazios, bobos, excitantes, triviais, insinuantes e imodestos que os incrédulos assistem. Isso nos torna pequenos, fracos, mundanos e falsos na adoração. Em vez disso, desligue a televisão no sábado à noite e leia algo verdadeiro, belo, puro, honrável, excelente e digno de louvor (Filipenses 4.8). Seu coração será renovado e capaz de sentir a grandeza de Deus novamente.
4. Confie na verdade que você já tem.
Aquele que ouve a palavra de Deus e fracassa durante a provação não tem raiz (Lucas 8.13). Qual é a raiz que precisamos? A confiança. Jeremias 17.7-8 diz, “Bendito o homem que confia no SENHOR, e cuja confiança é o SENHOR. Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro”. Confiar na verdade que você já tem é a melhor forma de se prepara para receber mais.
5. Descanse o suficiente na noite de sábado para estar alerta e esperançoso na manhã de domingo.
1 Coríntios 6.12, “Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma”. Não estou criando uma lei aqui. Estou apenas dizendo que existem certas noites de sábado que arruínam a adoração da manhã de domingo. Não seja escravizado por elas! Sem dormir o suficiente, nossas mentes ficam torpes, nossas emoções rasas, nossa tendência à depressão mais elevada, e nossos pavios mais curtos. Meu conselho: decida a que horas levantará no domingo a fim de ter tempo para comer, vestir-se, orar e meditar na Palavra, preparar a família e chegar à igreja; e então, subtraia 8 horas desse horário e assegure-se de estar na cama 15 minutos antes. Leia a sua Bíblia na cama e adormeça com a Palavra de Deus em sua mente. Exorto particularmente os pais a ensinar aos adolescentes que sábado NÃO é a noite para ficar fora até tarde com os nossos amigos. Se houver uma noite especial até tarde, que seja sexta-feira. É uma coisa terrível ensinar às crianças que a adoração é tão opcional que não importa se você está exaurido quando chegar para adorar a Deus.
6. Refreie-se de criar outra manhã de domingo com lamentos e críticas.
Salmo 106.25, “Antes murmuraram nas suas tendas, e não deram ouvidos à voz do SENHOR”. Resmungos, controvérsias e brigas na manhã de domingo podem arruinar o culto para a família. Quando há algo sobre o que você está irado ou algum conflito que você genuinamente pense que precisa ser comentado, refreie-se. Claro, se você é claramente o problema e precisa se desculpar, faça isso o mais rápido possível (Mateus 5.23-24). Mas se você está furioso por causa de algum erro das crianças ou do cônjuge, refreie-se, isto é, seja tardio para se irar e pronto para ouvir (Tiago 1.19). Em oração, abra-se para que Deus exponha a trave nos seus olhos. Pode ser que todos vocês sejam humilhados e corrigidos, e nenhum conflito seja necessário.
7. Seja manso e ensinável quando chegar.
Tiago 1.21, “Recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas”. Ser manso e ser ensinável não é ser ingênuo. Você tem a sua Bíblia e tem o seu cérebro. Use-os. Mas se chegamos irritados e com suspeita da pregação semana após semana, não ouviremos a Palavra de Deus. Mansidão é uma abertura humilde à verdade de Deus, com o desejo de ser transformado por ela.
8. Aquiete-se ao entrar na igreja e foque a atenção da sua mente e a afeição do seu coração em Deus.
Salmo 43.10, “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus”. Ao entrarmos no santuário, “iniciemos a busca por Deus e deixemos a busca por pessoas”. Achegue-se com uma paixão silenciosa de buscar Deus e o seu poder. Não seremos uma igreja hostil se formos agressivos em nossa busca por Deus durante o prelúdio e agressivos em nossa busca de visitantes durante o poslúdio.
9. Pense seriamente sobre o que é cantado, orado e pregado.
1 Coríntios 14.20, “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento. Assim, Paulo diz a Timóteo”, “Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade” (2 Timóteo 2.7). Tudo que seja digno de ouvir, é digno de ser falado. Se você presta atenção a como ouve, pense sobre o que você ouve.
10. Deseje a verdade da Palavra de Deus mais do que deseja riquezas ou comidas.
1 Pedro 2.2, “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo”. Ao assentar-se quietamente, orando e meditando no texto e nos cânticos, lembre-se do que o Salmo 19.10-11 diz sobre a Palavra de Deus: “Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o licor dos favos”.
Pastor John
 
Fonte: Take Heed How You Hear!
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – junho/2011


John Piper
John Piper é o pastor de pregação da Bethlehem Baptist Church em Minneapolis, Minnesota.Ele cresceu em Greenville, South Carolina, e estudou no Wheaton College, onde ele sentiu, pela primeira vez o chamado de Deus para o ministério pastoral. Ele continuou seus estudos se formando no Fuller Theological Seminary (B.D.) e na Universidade de Munique (D.theol.). Por seis anos serviu como professor de estudos bíblicos no Bethel College em St. Paul, Minnesota, e em 1980 aceitou o chamado para servir como Pastor na Igreja Bethlehem. John Piper é o autor de mais de 30 livros e os seus mais de 25 anos de ensino está disponível gratuitamente no site desiringGod.org. John e sua esposa, Noel, têm quarto filhos, uma filha, e um número crescente de netos. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Alegre-se e exulte ...




Alegre-se e exulte pois você foi destinado para a glória
O povo de Deus não tem apenas expectativa da glória, tem garantia dela. A glória não é uma conquista das obras, mas uma oferta da graça. O apóstolo Pedro trata deste momentoso assunto em sua Primeira Carta e nos ensina quatro grandiosas lições.

1. O crente é nascido para a glória (1Pe 1.3,4) – Nós fomos regenerados para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. Nascemos para uma herança incorruptível, sem mácula, e imarcescível, que está reservada nos céus para nós. Nascemos de novo, de cima, do alto, de Deus, para buscarmos as coisas lá do alto, onde Cristo vive. Não nascemos para o fracasso. Não nascemos para o cativeiro. Não nascemos para amar o mundo nem as coisas que há no mundo. Não nascemos para fazer a vontade da carne nem para andar segundo o príncipe da potestade do ar. Nascemos para as coisas mais elevadas. Nascemos para a glória!

2. O crente é guardado para a glória (1Pe 1.5) – Neste mundo cruzamos vales profundos, atravessamos pinguelas estreitas, palmilhamos desertos tórridos, enfrentamos inimigos cruéis. Essa caminhada rumo à glória não é amena. A vida cristã não se assemelha a um parque de diversões. Ao contrário, é luta sem pausa contra as trevas; é luta titânica contra o mal. Nessa caminhada rumo à glória pisamos estradas juncadas de espinhos e suportamos muitas aflições. Porém, Deus nunca nos desampara. Ele nunca nos abandona à nossa própria sorte. O apóstolo Pedro escreve: “vós sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo” (1Pe 1.5). Louvado seja Deus, pois nascemos para a glória e somos guardados para ela. Vamos caminhando em sua direção de força em força, de fé em fé, sendo transformados de glória em glória.

3. O crente está sendo preparado para a glória (1Pe 1.6,7) –O crente exulta com a certeza da glória, mesmo sabendo que no caminho para ela é contristado por várias provações (1Pe 1.6). Nossa fé é um dom gratuito de Deus a nós, mas não é uma fé barata. Ela é mais preciosa do que ouro depurado pelo fogo (1Pe 1.7). Deus não apenas nos destinou para a glória, mas também nos prepara para ela. Nessa jornada bendita despojamo-nos continuamente dos trajos inconvenientes do pecado e nos revestimos das virtudes de Cristo. Deus não apenas nos destinou para a glória, mas também está nos transformando à imagem do Rei da glória (Rm 8.29). Estamos sendo preparados para sermos apresentados ao Noivo, como uma noiva pura, imaculada, santa e sem defeito. Isso redundará em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo.

4. O crente já se regozija na glória desde agora (1Pe 1.8,9) – 
Agora vivemos por fé e não pelo que vemos. Agora caminhamos sustentados pelo bordão da esperança de que Aquele que fez a promessa é fiel. É preciso dizer em alto e bom som que essa caminhada rumo à glória não é feita com gemidos e lamentos. Não cruzamos esse deserto rumo à terra prometida murmurando, assaltados por avassaladora tristeza. Ao contrário, há um cântico de júbilo em nosso peito. Há um grito de triunfo em nossos lábios. Há uma alegria indizível e cheia de glória transbordando do nosso coração. Assim escreve o apóstolo Pedro: “A quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais, com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma” (1Pe 1.8,9). A alegria indizível e cheia de glória não é apenas uma promessa para a vida futura, mas um legado para o tempo presente. O evangelho que abraçamos é boa nova de grande alegria. O Reino de Deus que está dentro de nós é alegria no Espírito Santo. O fruto do Espírito é alegria e a ordem de Deus para a igreja é: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fp 4.4). Que Deus inunde nossa alma dessa bendita alegria. Que as glórias inefáveis da Glória por vir já sejam desfrutadas por nós, aqui e agora, enquanto marchamos rumo à posse definitiva dessa mui linda herança.

Rev. Hernandes Dias Lopes
Copyright ©2012 Hernandes Dias Lopes.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Sobre os dons Espirituais.




A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum. Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra de conhecimento; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; a outro, dons de curar, pelo único Espírito; a outro, poder para operar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas. Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, como quer. (1 Coríntios 12.7-11)
Paulo desejava que os coríntios tivessem um entendimento correto dos dons espirituais. Um teste fundamental é o testemunho que se oferece sobre Jesus Cristo. As operações de Deus são diversas. Com Pedro diz: “Cada um exerça o dom que recebeu para servir os outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas.” (1 Pedro 4.10). A base para a unidade deles é que todos procedem da mesma fonte. E porque procedem da mesma fonte, eles não podem trabalhar contra o outro, ou em competição com o outro.
Dons espirituais são a “manifestação” do Espírito Santo. O Espírito não é visto ou ouvido, mas ele se mostra por suas operações e efeitos. Todo o povo de Deus têm sabedoria e conhecimento, mas o Espírito capacita alguns a trazer mensagens cheias de insights poderosos para a edificação da igreja. Todos os cristãos têm fé, e a própria fé salvífica é um dom de Deus, mas há um dom de fé que sobrecarrega uma pessoa de confiança, de forma que ela pode, sem hipérbole, ordenar que uma montanha se atire no mar. A forma como esses poderes se demonstram poderia abranger um ampla gama de itens. Há muitos exemplos que poderíamos escolher: Elias sozinho multiplicou matéria, chamou fogo do céu e ressuscitou os mortos.
A lista não tem o intuito de ser completa, visto que outros dons são especificados em outros lugares, e não há razão para acreditar que todas as listas juntas formem um inventário exaustivo. A graça de Deus é multiforme, e as listas dão-nos meramente uma ideia dos tipos de coisas que o Espírito capacita as pessoas a fazer. Não há ninguém como o nosso Deus, e não há povo como o seu povo, revestido com o poder do céu. Toda manifestação do Espírito é dada para o bem comum. Os dons não são destinados a assegurar glória ou benefício pessoal. Eles são distribuídos de acordo com a vontade do Espírito, e Paulo sugere que uma pessoa pode orar por uma habilidade que lhe falte (14.13), a fim de edificar a igreja.
 
Fonte: Sermonettes, Volume 3, p. 40.
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – novembro/2011


Vincent Cheung é autor de trinta livros e centenas de palestras sobre uma gama de assuntos em teologia, filosofia, apologética e espiritualidade. Através dos seus livros e palestras, ele está treinando cristãos para entender, proclamar, defender e praticar a cosmivisão bíblica como um sistema de pensamento abrangente e coerente, revelado por Deus na Escritura. Vincent Cheung reside em Boston com sua esposa Denise.