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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Pronto para esse dia...( 2 )



Ready for that day [2]

Para uma congregação degenerar-se em seita basta um único ingrediente: um líder. Nem todas as congregações tem um líder e nem todas as congregações são seitas, mas todas as seitas tem um líder. Destemperados todos somos; nosso problema é que alguns de nós chegam ao poder. Nota para mim mesmo: Brabo, não siga líderes. Por tudo que é sagrado, não se torne um.
O líder bem intencionado só quer a perpetuação da instituição, e isso com o objetivo de proteger você.
O líder mal intencionado só quer o seu dinheiro, e afirmará que a causa mais sentida das coletas que faz é patrocinar os seus sonhos.
O líder de uma seita lhe estenderá na última ceia um copo com cianeto, irá convidar você e seus filhos a morrer com ele, e você aceitará de bom grado.
E até ser tarde demais você pode não ter como perceber com qual dos três está lidando.
A congregação de que estou falando foi fundada na década de 1950 em Indianápolis, como ramo da denominação Discípulos de Cristo, e mudou-se em 1965 para a Califórnia, onde formou uma comunidade vibrante e engajada, comprometida com justiça social e integração racial. Em 1974 essa comunidade decidiu que era hora de abandonar os Estados Unidos, cuja postura fascista, corporativista e racista seus membros tomavam (com acerto) por anticristãs; em 1977 a maior parte do grupo transferiu-se para a Guiana, onde fundaram a colônia rural que ficaria conhecida como Jonestown, um “paraíso socialista” modelado para contrastar com a vida alienada e consumista que haviam abandonado nos Estados Unidos.
Porém a essa altura o líder e fundador original já dava há anos indicações de enraizados distúrbios mentais1, e lapidara à excelência o dom psicopata de promulgar perversidades sem perder a doçura do tom de voz.
Em 18 de novembro de 1978, horas depois de uma complexa escaramuça envolvendo dissidentes e que resultou no assassinato de um deputado norte-americano que viera visitar a colônia, o líder da congregação reuniu a comunidade e conduziu um suicídio em massa no qual morreram mais de 900 pessoas, entre homens, mulheres e crianças – inclusive o próprio líder, Jim Jones. Pelo que se sabe, e conforme testemunha uma gravação feita na ocasião, o suicídio em si aconteceu calmamente, entre aleluias e choros de bebês, mas sem grandes manifestações de repúdio, de tristeza ou de horror. “Não estamos cometendo suicídio”, explica Jones; “este é um ato revolucionário”. E mais tarde: “Elas [as crianças] não estão chorando de dor; [o veneno] é que é um pouco amargo”.






As últimas deliberações em Jonestown
Transcrição dos diálogos aqui

A congregação chamava-se Peoples Temple e em 1973, ainda na Califórnia, seu coro gravou o disco He’s Able/Ele é capaz, da qual subtraí a canção Walking With You, Father/Caminhando contigo, Pai, que arquivei aqui, bem com as outras canções que ilustram este documento.
***
Acima do altar na casa de reuniões da congregação do Peoples Temple na Guiana havia uma placa com o lema da comunidade: Those who don’t remember the past are condemned to repeat it – os que não lembram o passado estão condenados a repeti-lo.





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