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sábado, 11 de setembro de 2010

Ai que vontade de sumir! Alessandro Mendonça.

Ai que vontade de sumir! 
 Alessandro Mendonça.
homem buscando refúgio 

O Salmo 55 é um relato detelhado do impacto psicológico que as perseguições e a traição podem trazer sobre uma pessoa. Mostra como isso transtorna nossa capacidade de discernir saídas e soluções e também oferece segurança e conforto a todos que, como Davi, de vez em quanto, têm uma vontade quase irresistível de simplesmente DESAPARECER; tomar um doril existencial e sumir do mapa; ainda que, por alguns minutos apenas.
Davi fala de inimigos que não o deixavam em paz. E de um amigo íntimo que se voltara contra ele. Há conflitos (na família, na igreja ou no ambiente de trabalho) que produzem em nós as mesmas sensações experimentadas por Davi. Diz ele que está “atordoado”, “confuso” (2), que não suporta mais “gritaria e barulho” (v.3). Ele sente que está a ponto de enfartar (“meu coração está acelerado” – v.4) e está tomado pela insegurança e medo do futuro.
Pombas não vivem no deserto - Muitas vezes nos sentimos assim e, como Davi, acabamos tomados por um desejo imenso de simplesmente SUMIR. E alguns, de fato, somem. Outros trancam-se no quarto, dormem na sala, dão um passeio. A dor e a angústia fizeram com que Davi buscasse uma solução absolutamente ABSURDA. Ele diz que seu desejo maior naquele instante era virar passarinho: “Quem dera eu tivesse asas como a pomba... fugiria para bem longe e no deserto encontraria repouso... Bem depressa procuraria achar um lugar seguro para me esconder da ventania e da tempestade” (6-8). Davi queria se abrigar de tempestades e da ventania no deserto?? Apenas no deserto do Saara ocorre uma média de oitenta tempestades por dia com ventos de 100 km/h que deslocam, por ano, 260 milhões de toneladas de areia. Fugir para o deserto está fora de cogitação. Situações estressantes podem nos fazer olhar para a “fuga” como solução e para o deserto como “lugar seguro”.  Mas pombas não vivem no deserto. Quem vive no deserto? (Lc  11:24).
Eu queria ser uma ameba -  A primeira e mais elementar recomendação a alguém que esteja passando por um drama familiar ou algo como o que passou Davi é: CUIDADO COM AS DECISÕES TOMADAS EM MOMENTOS DE DOR E AFLIÇÃO. POIS A DOR AFETA O DISCERNIMENTO e, invariavelmente, nos conduz a um desejo de “encolhimento” de “auto-reducionismo”; uma vontade de virar um pássaro, uma formiguinha ou uma ameba; crendo na lógica do “quanto maior o problema, menor eu quero ser”.  
Mas, graças à Deus, Davi não tinha asas e acabou encontrando (e revelando em seu salmo) a solução:
RECONHEÇA SUA FRAQUEZA – assuma diante dele sua fraqueza sem máscaras. Não banque o crente “comigo-ninguém-pode”. Faça como Davi que se assumiu:“Sinto um medo terrível e acho que vou morrer” (4,5 – NTLH).
APRESENTE SEU ADVERSÁRIO À DEUS – Davi faz no salmo uma descrição pormenorizada do que faziam seus perseguidores.
NÃO TEMA AS ALIANÇAS INIMIGAS – Elas acontecerão. É incrível como os inimigos têm esse magnetismo que os faz unirem-se contra nós. Mas Davi faz uma oração bastante apropriada. Ele pede para Deus “melar” os planos dos adversários: “Ó Senhor, atrapalha e destrói os conchavos dos meus inimigos” (v.8).
NÃO PERCA O ‘COSTUME’ DEVOCIONAL  - às vezes a dor nos aproxima de Deus, às vezes nos afasta. Davi continuou seu hábito de orar três vezes por dia: “De manhã, ao meio-dia e de noite, eu choro e me queixo, e ele me ouve” (v.17)
TRANSFORME SUA DOR EM ALGO POSITIVO PARA OS OUTROS – Davi transformou as dele num salmo.
O salmo 55 começa como o relatório de um fracasso, mas termina com um convite à fé em Deus (“Entregue seus problemas ao Senhor e Ele o ajudará” –v.22) e uma declaração de vitória: “... quanto àqueles assassinos, não chegarão à metade da vida. Eu, porém, confiarei em ti”. A forma como o salmo começa e como termina é também um paralelo da nossa oração quando estamos sob perseguição: pode começar com choro, medo e aflição, mas sempre terminará com fé, calma e discernimento. 

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